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Kizomba, Festa da Raça foi o enredo apresentado pela Vila Isabel no desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro de 1988, conquistando seu primeiro título no carnaval carioca[1][2].
Em 1987, a Unidos de Vila Isabel passou por uma transformação radical. O bicheiro Capitão Guimarães deixou a presidência da escola e foi sucedido por Lícia Caniné, a Ruça, militante do Partido Comunista Brasileiro. Para o carnaval de 1988, Ruça optou por um desfile politizado, que transformasse a celebração do centenário da Lei Áurea em uma manifestação da luta contra o racismo[3].
O enredo foi criado pelo compositor Martinho da Vila, então marido de Ruça, e desenvolvido pelo carnavalescos Milton Siqueira, Paulo César Cardoso e Ilvamar Magalhães. O ponto de partida era a kizomba, palavra do idioma kimbundo, de Angola, que significa uma confraternização da raça negra.
Com poucos recursos financeiros, a comissão de carnaval optou por materiais baratos, como palha, sisal e tecidos com estampas de inspiração africana. O resultado foi uma escola sem brilhos, com um grande impacto visual[4]
Sem quadra para ensaiar, a Vila Isabel tinha feito toda a sua preparação no Boulevard 28 de Setembro. Sexta escola a entrar na Passarela do Samba na segunda-feira de carnaval, logo na abertura mostrou Paulo Brazão, fundador da escola representando um Soba, escoltado por uma comissão de frente de guerreiros africanos. As diversas alas representaram diferentes aspectos da cultura negra, incluindo grupos folclóricos brasileiros que participavam de kizombas em Angola.
O carro “Quilombo da Democracia Racial” mostrou a possibilidade de negros viverem em irmandade com brancos, índios, caboclos e mestiços[4].
O samba foi composto por Rodolpho, Jonas e Luiz Carlos da Vila. Os intérpretes foram Gera e Jorge Tropical.
Ano | Artista | Álbum |
---|---|---|
1988 | Emílio Santiago | Aquarela Brasileira[5] |
1990 | Banda Reflexus | Bahia de Todos os Sons[6] |
2005 | Luiz Carlos da Vila | Um cantar à Vontade[7] |
2006 | Gera | Os sambas da Vila Isabel |
2007 | Dudu Nobre | Os Mais Belos Sambas Enredo de Todos os Tempos[8] |
2010 | Mart'nália | Em África[9] |
2015 | Galocantô | Galocantô Canta Luiz Carlos da Vila[10] |
Na apuração, a Vila Isabel ficou em primeiro lugar no Grupo Especial, somando 224 pontos, contra 223 da vice-campeã Estação Primeira de Mangueira, que perdeu um ponto no quesito Comissão de Frente[11].
Também ganhou o Estandarte de Ouro de melhor escola e melhor samba-enredo[4]
O enredo foi reeditado pela escola mirim Herdeiros da Vila, em 2013[12] e, no ano de 2014, pela Paraíso do Tuiuti. Foi novamente reeditado pela Raça Rubro-Negra no ano de 2024 pela Série Bronze do carnaval carioca, na Estrada Intendente Magalhães.
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