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poeta português Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Joaquim Maria Pessoa (Barreiro, 22 de fevereiro de 1948 – 17 de abril de 2023), conhecido por Joaquim Pessoa, foi um poeta, artista plástico, publicitário e estudioso de arte pré-histórica português.
Joaquim Pessoa | |
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Nome completo | Joaquim Maria Pessoa |
Nascimento | 22 de fevereiro de 1948 Barreiro |
Morte | 17 de abril de 2023 (75 anos) |
Nacionalidade | Português |
Ocupação | Poeta e artista plástico |
Profissão | Poeta, artista plástico, publicitário e estudioso de arte |
Principais trabalhos | O Livro da Noite Vou-me Embora de Mim |
Prémios | Prémio da Associação Portuguesa de Escritores e da Secretaria de Estado da Cultura (1981) Prémio de Literatura António Nobre |
Com formação na área do "marketing" e da publicidade, foi diretor criativo e diretor-geral de várias agências de publicidade e autor ou coautor de diversos programas de televisão ("1000 Imagens", "Rua Sésamo", "45 Anos de Publicidade em Portugal", etc.).[carece de fontes] Foi diretor pedagógico e professor da cadeira de Publicidade no Instituto de Marketing e Publicidade, em Lisboa, e professor no Instituto Dom Afonso III, em Loulé.
Desempenhou durante seis anos (1988-1994) o cargo de diretor da Sociedade Portuguesa de Autores. Em colaboração com Luís Machado, organizou em 1983 o I Encontro Peninsular de Poesia, que reuniu prestigiados nomes da poesia ibérica. Conta com mais de 600 recitais da sua poesia, realizados em Portugal e no estrangeiro.[carece de fontes] Foi diretor literário da Litexa Editora, diretor do jornal "Poetas & Trovadores", colaborador das revistas "Sílex" e "Vértice" e do jornal "A Bola".
Foi um dos fundadores da cooperativa artística Toma Lá Disco, com Ary dos Santos, Fernando Tordo, Carlos Mendes, Paulo de Carvalho e Luiz Villas-Boas, entre outros.
Viu o seu nome ser atribuído a arruamentos na Baixa da Banheira (concelho da Moita) e no Poceirão (concelho de Palmela).
Morreu a 17 de abril de 2023, aos 75 anos, depois de um internamento na sequência de doença prolongada.[1]
Embora tenha começado a escrever muito antes (iniciou a sua carreira em "O Juvenil", suplemento literário do jornal "Diário de Lisboa" dirigido por Mário Castrim e Alice Vieira), o seu primeiro livro (O Pássaro no Espelho) foi editado em 1975 e até hoje publicou mais de três dezenas de obras, incluindo três antologias. Em 2001 começou a ser publicada a Obra Poética, em 7 volumes, que reunirá a maior parte dos seus poemas.[carece de fontes]
Foi galardoado com o mais importante prémio português de poesia – o Prémio da Associação Portuguesa de Escritores e da Secretaria de Estado da Cultura – e ainda com o Prémio de Literatura António Nobre e com o Prémio Cidade de Almada.
Está representado em cerca de meia centena de antologias coletivas em Portugal e no estrangeiro e está referenciado em várias enciclopédias, dicionários e roteiros literários.[carece de fontes] Depois de uma Antologia Pessoal editada por Edilberto Coutinho em São Paulo, foi publicada pela Universidade de São Petersburgo, em edição bilíngue, uma antologia poética e a tradução integral, por Vadim Kopyl e outros, de Vou-me Embora de Mim, uma das suas últimas obras.
Os seus textos constam igualmente de vários livros de ensino de literatura e língua portuguesa. Está traduzido em inglês, francês, russo, castelhano e búlgaro.[carece de fontes]
Como escritor, salientou David Mourão-Ferreira, é o poeta progressista de hoje mais naturalmente capaz de comunicar com um vasto público.[carece de fontes]
Fernando Dacosta afirma que Joaquim Pessoa, herdeiro de linhas riquíssimas da cultura portuguesa, se afirmou pela luminosidade da sua escrita, pelo domínio da sua pintura, pela subtileza da sua inquietação, um autor irrecusável no panorama cultural português.[carece de fontes]
Vadim Kopyl, no posfácio da edição bilíngue, português-russo, de Vou-me embora de Mim (Alexandria Publishing & Humanities Agency. São Petersburgo, Rússia):
Maria Lúcia Lepecki, em "Sobre o entendimento do mundo", posfácio da 2.ª edição (2002) de Vou-me Embora de Mim (p. 71): O compromisso do Poeta é o de dar a conhecer o que sabe que foi antes e o que vê estar sendo agora. O compromisso do Poeta é reiterar, em discurso atento e generoso, a obrigação ética que tem ele, e temos nós, de perscrutar a face de todas as coisas, tentando construir uma imagem da verdade. Num livro de sabedoria como este, não é surpreendente que Natureza e Cultura, Homem e Cosmos se entendam e representem como entidades históricas e partilhem das experiências do nascer, do viver e do morrer. Experiências que também são, como todos sabemos, privilegiados objectos do dizer lírico.
José Jorge Letria, em "A inquirição do mundo", outro posfácio da mesma obra (pp. 74–75): Livro de um poeta culto que incessantemente dialoga com outros poetas, os antigos e os modernos, de Ovídeo a David Mourão-Ferreira, Vou-me Embora de Mim confirma a definição de Eduardo Lourenço segundo a qual o poeta é o cronista dos mitos, bem como a ideia de que, em Portugal, o pensamento filosófico mais genuíno é o que se encontra na escrita dos poetas. De facto, este é um livro sobre o pensamento, na medida em que pensa o próprio ato de pensar, poeticamente, confrontando-nos com as dicotomias ser/ter ou querer/desejar.
Manuel Frias Martins, em "A despoetização do mundo", ainda outro posfácio da obra referida (p. 84): Quando há já demasiados anos me referi à poesia que Joaquim Pessoa havia publicado entre 1975 e 1984 afirmei, entre outras coisas, o seguinte: "Sugerindo o acto poético pelo campo de uma operatividade produtora de um discurso socialmente eficaz, Joaquim Pessoa foi construindo (…) uma obra poética radicalmente assente num comunicação sensualmente partilhada. Surgida (…) pela dinâmica ‘tendenciosa’ do comprometimento social e político, e do desejo de discurso que estava subjacente à sua relação de significância histórica, a poesia de Joaquim Pessoa foi gradualmente assumindo ao longo dos anos um atraente movimento de revelação da subjetividade e da experiência dos sentidos."
"Understanding the Portuguese Poet Joaquim Pessoa – A Study in Iberian Cultural Hybridity", Robert Simon, The Edwin Mellen Press, Nova Iorque, EUA (2008)
Foram os compositores e cantores que o levaram ao conhecimento do grande público, musicando e interpretando poemas seus. Nas palavras de David Mourão-Ferreira, Joaquim Pessoa teve "um papel muito importante no movimento renovador da canção portuguesa".[carece de fontes]
Tendo como temáticas mais vincadas Lisboa, o amor, a liberdade e as desigualdades sociais, os seus poemas foram palavra de muitos sucessos musicais,[carece de fontes] musicados e cantados, entre outros, por:
Embora apenas tenha começado a expor em 1998, produziu já cerca de duas centenas de obras, entre desenhos, pintura de acrílico sobre óleo e papel e colagens com papel reciclado pintado.[carece de fontes] A crítica tem referido a sua obra como "cromaticamente pujante, lembrando mesmo o trabalho dos fauves no início do século XX e […] onde a memória da infância é tema recorrente nas paisagens e nas figuras humanas. A sua pintura não é totalmente independente da sua poesia, podendo considerar-se que Joaquim Pessoa faz uma pintura poética em que cada trabalho é um projecto caracteristicamente intuitivo" (DPHC – Divisão de Património Histórico-Cultural, Núcleo de Artes Plásticas).
Sobre as colagens, Maria Augusta Silva afirma no "Diário de Notícias" de 7 de julho de 2003 (p. 29) que "Joaquim Pessoa, a partir de papel reciclado colorido, manipula os fragmentos e dá forma e movimento a colagens que se revelam vibrantes, plenos de vida e afectos. É também a voz e o olhar políticos que passam pela linguagem pictórica de um nome que, há décadas, tem marcado a criatividade portuguesa." Está representado em várias coleções públicas (nomeadamente nas Câmaras Municipais de Sintra, Cascais, Serpa e Arruda dos Vinhos, entre outras) e privadas.
Miguel Barbosa, in "A arte de um poeta pintor", introdução do catálogo de uma exposição do autor: Existe constante procura neste poeta-pintor da simplicidade, da síntese da essência do objecto e da criação. Os desenhos de Joaquim Pessoa têm a alma de um Cocteau ou de um Ciuca […] A arte de Joaquim Pessoa não é uma mera caricatura do mundo que o cerca, mas a alma que está por detrás e além dele, o momento de plenitude encontrado e perdido no onirismo da utopia.
Rico Siqueira, pintor, na introdução ao livro "Desenhos de Joaquim Pessoa": Toda a figuração de Joaquim Pessoa se empenha a evidenciar em primeiro plano uma dupla teatralidade. Não há, em Pessoa, o desejo de totalizar o fantasma em objecto definido. Tanto nas cenas imaginárias como no espaço figurativo do desenho, há sempre lugar para a indecisão […] estes desenhos são viagens, letreiros, figuras, estradas ou caminhos de itinerários assumidos, numa espécie de colagem de elementos, ora felizes e festivos, ora melancólicos, ora ainda excitados pela descoberta ou divertidos pela aventura acontecida. […] A muita consideração que tenho pelo trabalho de Joaquim Pessoa deve-se, acima de tudo, à alta qualidade gráfica dos seus desenhos.
Em "Uma afirmação irresistível", Fernando Dacosta afirma, referindo Joaquim Pessoa, que a pintura e o desenho têm nele, dentro de uma diversidade renascentista, dimensões assinaláveis.
1998 – Espaço GAN, Lisboa; Chão de Pedra Galeria de Arte, Lisboa. 1999 – "Mertol’Arte", Associação de Defesa do Património, Mértola. 2000 – II Bienal de Arte do Alentejo; II Bienal de Arte de Expressão Figurativa de Alenquer, Alenquer. 2006 – Exposição Arte na Planície, Montemor-o-Novo; Galeria CidiArte, Lisboa 2009 – "Chapéus Há Muitos...", Galeria CiDiArte, Lisboa.
1998 – Junta do Turismo de Cascais/Câmara Municipal de Cascais. 1999 – Chão de Pedra Galeria de Arte, Lisboa. 2000 – Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos; Atelier dos Cardaes, Lisboa; Galeria RTP, Lisboa. 2001 – Moinhos do Restelo, Lisboa. 2003 – Galeria Artela, Lisboa. 2004 – Galeria Arc 16, Faro; Galeria de Vila Verde de Ficalho; LM – Galeria de Arte, Sintra. 2005 – Galeria do Museu Regional de Sintra; Galeria CiDiArte, Lisboa. 2006 – Galeria Arc 16, Faro. 2008 – LM – Galeria de Arte, Sintra.
Joaquim Pessoa era um conhecido colecionador e negociante privado de arte pré e proto-histórica,[2] e interessado sobre o culto das Estatuetas de Vênus e de Deusa mãe em território português, não sendo claro se tem ou não publicados estudos sobre a matéria.[carece de fontes]
No contexto do descalabro financeiro do Banco Português de Negócios (BPN) em 2009 foi apurado que, em 2004, o BPN havia adquirido a Joaquim Pessoa por 5,3 milhões de euros uma coleção de arte pré-histórica de valor duvidoso.[3]. Com base em peritagens do Museu Nacional de Arqueologia apurou-se que as peças seriam fabricações falsas ou réplicas de peças originais e, por conseguinte, sem qualquer valor arqueológico.[4] Em 2011, Joaquim Pessoa foi constituído arguido pela Polícia Judiciária (PJ) por suspeita de burla qualificada encontrando-se, à data de Maio de 2012, proíbido de ausentar-se do território nacional [5]; mas insistindo na autenticidade das suas peças com base noutras peritagens por ele encomendadas.[6]
Joaquim Pessoa terá, alegadamente, também vendido ao longo dos anos peças falsas ao colecionador João Estrada, cuja coleção foi protocolada com a Câmara Municipal de Abrantes, em 2007, para fazer parte do acervo do futuro Museu Ibérico de Arqueologia e Arte (M.I.A.A.); em 2011, as peças da Coleção Estrada compradas a Joaquim Pessoa foram irrevogavelmente retiradas do acervo que irá entrar no M.I.A.A., na sequência de estudos de pormenor conduzidos por arqueólogos contratados pela Câmara Municipal de Abrantes.
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