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jornalista e escritor português Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Fernando Dacosta ComIH,[1] (Caxito, 12 de Dezembro de 1940) é um jornalista e escritor português.
Fernando Dacosta | |
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Nascimento | 12 de dezembro de 1940 (83 anos) Caxito, Angola colonial |
Nacionalidade | português |
Ocupação | Jornalista e escritor |
Prémios | Ordem do Infante D. Henrique |
Magnum opus | O Viúvo, Máscaras de Salazar, Os Mal Amados |
Nasceu no Caxito, a 100 km de Luanda, na Fazenda Tentativa[2] pertencente à Companhia do Açúcar de Angola, onde o pai trabalhava. Quando tinha três anos de idade, devido à saúde frágil da sua mãe, a família mudou-se para Segões, onde passou a infância e depois para Folgosa, na margem sul do Douro onde passou a adolescência. Em criança, ao banhar-se no Douro, ia morrendo afogado e teve uma experiência de quase-morte.[3]
Fez os estudos secundários no Liceu Nacional de Latino Coelho, em Lamego, ingressou depois na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e acabou por se fixar em Lisboa, onde se licenciou em Filologia Românica.
Em 1967, iniciou a sua carreira jornalística a convite de Carlos Mendes Leal, director da delegação da agência noticiosa Europa Press (ligada à Opus Dei) em Lisboa. Dacosta foi destacado como repórter na Assembleia Nacional e no Conselho de Ministros. Foi nessa altura que conheceu pessoalmente Salazar. Oriundo de uma família de anti-salazaristas,[4] (mas com relações paradoxalmente pacíficas com o regime de então[5]), Dacosta ficou surpreendido quando, em vez de um temível facínora, ao conhecer pessoalmente Salazar, se deparou com «um ancião de fortíssima personalidade e energia»,[6] distinto e afável. Nesse tempo, a sua principal fonte seria a governanta de Salazar, Maria de Jesus Caetano Freire, que tendo simpatizado com o jornalista e os seus antecedentes rurais, depressa o tornou seu confidente. A figura misteriosa e carismática de Salazar motivá-lo-ia no futuro a dedicar particular interesse literário à figura do estadista.
Alarmada pelo seu "irremediável anarquismo" e resistência a catequeses, a Opus não tardaria a dispensar os seus serviços.[7] A convite de José Cardoso Pires, ingressaria no Diário de Lisboa.[8] Colaborou também em vários outros jornais e revistas como Filme, Flama, Notícia, Comércio do Funchal, Vida Mundial, Diário de Notícias, A Luta, O Jornal, JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias, Público, Visão, etc. Participou em vários programas de rádio, de que se destaca Café Concerto de Maria José Mauperrin, na RDP - Rádio Comercial, nos anos 80. Na RTP, em 1991/2, apresentou uma rubrica sobre literatura. Dirigiu os "Cadernos de Reportagem" e foi co-editor das edições Relógio d'Água.
A sua obra reparte-se por vários géneros: reportagem, teatro, romance, narrativa e conto. Embora sempre associado como homem de esquerda, teve o privilégio de conviver intimamente com algumas das maiores figuras da cultura e da política portuguesa do século XX que eram não só da Oposição mas também do Estado Novo (que de certo modo se lhe confidenciaram incentivados pela sua personalidade discreta e cativante), para além de que já admitiu por escrito admiração de figuras centristas como o ex-Presidente Ramalho Eanes[9] e diga não reconhecer sentido à dicotomia direita-esquerda[5]. Essa sua independência valeu-lhe alguns problemas (por exemplo, quando trabalhava num jornal de esquerda e afirmou querer estudar jornalisticamente os Retornados, o director proibiu-lho por ser um tema "reacionário" (o que não o impediu de o investigar na mesma[5]. Era amigo próximo de Agostinho da Silva e de Natália Correia.
A temática da sua obra, de cunho histórico e sociológico, sem contudo deixar de ser marcadamente intimista e mística, centra-se no fim do Império Português e na preservação da memória do período pré e pós-25 de Abril de 1974, reflectida em escritos como O Viúvo, Máscaras de Salazar ou Os Mal-Amados.[10] Ao longo da sua carreira, a sua obra tem sido frequentemente premiada.
A 9 de Junho de 2005 foi feito Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.[11]
É sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa.
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