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Senhor de Engenho português Da Wikipédia, a enciclopédia livre
João Fernandes Vieira, nascido Francisco de Ornelas (Funchal,[1] c. 1610 — Olinda, 10 de janeiro de 1681), foi um militar e senhor de engenho português, um dos principais líderes nas lutas pela expulsão dos holandeses de Pernambuco.
João Fernandes Vieira | |
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Retrato Anônimo de João Fernandes Vieira. Século XVII, Museu do Estado de Pernambuco | |
1.º Capitão-mor da Paraíba | |
Período | 1655-1657 |
Antecessor(a) | Jerônimo de Cadena Lopo Curado Garro |
Sucessor(a) | Antônio Dias Cardoso |
25.º Capitão-general de Angola | |
Período | 1658-1661 |
Antecessor(a) | Luís Martins de Sousa Chichorro |
Sucessor(a) | André Vidal de Negreiros |
Dados pessoais | |
Nascimento | c.1610 Funchal, Ilha da Madeira |
Morte | 10 de janeiro de 1681 (71 anos) Olinda, Capitania de Pernambuco |
Apesar das muitas dúvidas e controvérsias acerca da origem de João Fernandes Vieira, um dos heróis da Restauração Pernambucana, pode-se afirmar que nasceu na Ilha da Madeira em 1610, numa época de opressão e de pobreza, em que dominava o governo castelhano.
O historiador português Veríssimo Serrão, recorda que a biografia deste militar:
Conforme o historiador brasileiro Oliveira Lima, "João Fernandes Vieira, apesar de ser de cor, governou Angola e Pernambuco". [3]
Já segundo o Nobiliário da Ilha da Madeira, de Henrique Henriques de Noronha, também mencionado na obra de José Antonio Gonsalves de Mello, o verdadeiro nome de Vieira era Francisco de Ornellas, filho segundo do fidalgo Francisco de Ornellas Moniz e de sua esposa D. Antônia Mendes, que, sendo rapaz, fugiu para o Brasil, onde mudou de nome. Teria nascido na capitania de Machico em 1613. Os sobrenomes Fernandes e Vieira homenageavam os seus ancestrais Pedro Vieira, o grande morgado da Ribeira de Machico, e António Fernandes, sesmeiro nas Covas do Faial, no Norte da ilha.[4]
Tradicionalmente, considera-se que chegou à Capitania de Pernambuco, no Brasil, em 1620, possivelmente com menos de dez anos de idade. Humilde, trabalhou no comércio em Olinda, tendo participado, ao lado das forças de Matias de Albuquerque, da resistência à segunda das Invasões holandesas do Brasil em 1630. Poucos anos mais tarde, trabalhava na cidade para um abastado comerciante e senhor de engenho judeu neerlandês, Jacob Stachhouwer, pessoa ligada à Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais (W.I.C.). [5] No convívio e no trato com os invasores, conhecendo bem Maurício de Nassau, acumulou propriedades rurais, enriqueceu, tornando-se abastado senhor de engenho que, pelos destinos da guerra, veio a perder.
Em 1639, Vieira já era uma pessoa importante na sociedade pernambucana, tendo sido indicado para o cargo de escabino (membro da Câmara Municipal) de Olinda. Posteriormente, foi escabino de Maurícia (Recife) de julho de 1641 a junho de 1642, sendo reconduzido, no exercício de 1642 a 1643.
Em 1643, casou-se com Maria César, filha do madeirense Francisco Berenguer de Andrada e de Joana de Albuquerque, descendente de Jerônimo de Albuquerque. Com o casamento, João Fernandes Vieira ingressou definitivamente na aristocracia rural pernambucana.
Ainda de acordo com Veríssimo Serrão:
Após a partida de Maurício de Nassau do Recife, em 1644, passou a se opôr aos invasores, assumindo a liderança da insurreição de 1645, vindo a receber apoio de seu amigo, o frei Manuel Calado, que do seu púlpito convocou o povo à luta contra os "hereges" e redigiu "O Valeroso Lucideno" (Lisboa, 1648).
Em 1645, Vieira foi o primeiro signatário do pacto então selado - no qual figura o vocábulo pátria pela primeira vez utilizado em terras brasileiras. Na função de mestre de campo, comandou o mais poderoso terço do Exército Patriota nas duas batalhas dos Guararapes (1648 e 1649). Por seus feitos, foi aclamado Chefe Supremo da Revolução e Governador da Guerra da Liberdade e da Restauração de Pernambuco.
Os principais chefes militares do movimento de restauração de Pernambuco contra o domínio holandês foram, além de Vieira, André Vidal de Negreiros; Antônio Filipe Camarão, à frente dos índios da costa do Nordeste; Henrique Dias, no comando de pretos, crioulos e mulatos; e o capitão Antônio Dias Cardoso, tendo-se transformando em heróis do imaginário nativista pernambucano. A "guerra da liberdade divina", nas palavras do padre Antônio Vieira, durou nove anos, sendo de assinalar que o governador de Pernambuco, António Teles da Silva, dava apoio encoberto à revolta, enquanto os holandeses pensavam que se tratava apenas de uma sublevação na capitania de Pernambuco. A diplomacia de Dom João IV de Portugal, entretanto, tentava, na Europa, não indispor a Holanda. O que ocorria no Recife não tinha o apoio da Coroa, por isso o conflito entre o governador e os colonos revoltados, na primavera de 1646. Antônio Teles da Silva chegou a ser mandado regressar a Lisboa, onde esteve detido em São Gião como colaborador dos movimentos de Pernambuco, mas, aproveitando da vitória de Tabocas, foi possível recuperar outras zonas em poder dos holandeses: os fortes de Sergipe, do rio São Francisco, do Porto Calvo, de Serinhaém e de Nazaré.
Com a paz, após 1654, Fernandes Vieira recuperou os seus bens e, entre outros cargos, foi nomeado Governador e Capitão-Geral da Capitania da Paraíba (1655-57). Mais tarde, foi nomeado governador e Capitão-general de Angola (1658-61). Exerceu também o cargo de Superintendente das Fortificações do Nordeste do Brasil, de 1661 a 1681.[5]
Em 6 de agosto de 2012, a Lei Federal nº 12.701, reconhecendo sua importância na história do país, determinou que o nome de João Fernandes Vieira fosse inscrito no Livro de Heróis da Pátria (conhecido como "Livro de Aço"), depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, um cenotáfio que homenageia os heróis nacionais localizado na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Falta apenas o respectivo cunhamento do nome no Livro.
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