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antropólogo e realizador françês Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Jean Rouch (Paris, 31 de maio de 1917 - Níger, 18 de fevereiro de 2004), realizador e etnólogo francês, é um dos representantes e teóricos do cinema direto. Como cineasta e etnólogo, explora o documentário puro e a docuficção, criando um subgénero: a etnoficção.
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Jean Rouch | |
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Jean Rouch no filme PAROLES de Ricardo Costa | |
Nascimento | 31 de maio de 1917 Paris, França |
Morte | 18 de fevereiro de 2004 (86 anos) Níger |
Sepultamento | Niamei |
Nacionalidade | Francês |
Cidadania | França |
Progenitores |
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Alma mater | |
Ocupação | cineasta, antropólogo |
Distinções |
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Empregador(a) | Universidade Paris Nanterre |
Obras destacadas | Moi, un noir |
Causa da morte | acidente rodoviário |
Um fã de Rouch, Jean-Luc Godard, faz-nos esta pergunta: "Jean Rouch não usurpou o título do seu cartão de vista: responsável pela investigação no Museu do Homem. Será que existe uma definição mais bonita do cineasta?[1]
Jean Rouch era filho de Jules Rouch, meteorologista, explorador e director do Museu Oceanográfico de Mónaco. Companheiro de Jean-Baptiste Charcot, Jules Rouch participou numa das expedições polares francesas à Antártida entre 1908 e 1910. Ao desembarcar do navio Pourquoi pas?, trava conhecimento com Luce Gain, que vinha receber o seu irmão Louis, especialista em pinguins-imperadores. Da união de Jules e Luce nasceram Geneviève e Jean Rouch.
Depois de se formar em engenharia civil, juntamente com dois colegas, Jean Sauvy e Pierre Ponty, Rouch resolve ir trabalhar como engenheiro de obras públicas em África. É destacado para o Níger, onde constrói estradas e pontes. Ao assistir à morte de operários atingidos por uma faísca durante as obras, descobre os mistérios da religião e da magia songai e decide estudar etnologia. Expulso da colónia francesa do Níger, organiza em Dakar campanhas militares de libertação, lutando contra a ocupação da França. Junta-se depois à 1ª Divisão Blindada do General Leclerc e entra em Berlim com os exércitos aliados, no ano de 1945.
De regresso a França, frequenta os cursos de Marcel Mauss e de Marcel Griaule. Regressa a África com Jean Sauvy et Pierre Ponty para descer em piroga os 4 200 km do Rio Niger, desde a nascente até ao oceano. Depois desse feito, faz outras missões e defende tese com o mestre Marcel Griaulle, ele também pioneiro do filme etnográfico. Investigador do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique), cria em Paris, em 1953, com Henri Langlois, Enrico Fulchignoni, Marcel Griaule, André Leroi-Gourhan e Claude Lévi-Strauss, o Comité do Filme Etnográfico (Comité du film ethnographique), com sede no Museu do Homem (Musée de l'Homme).
Certo dia do ano de 1954, de que Rouch por vezes falava, perante jovens africanos e intelectuais amantes do cinema e da etnografia, Marcel Griaulle pediu-lhe que destruísse - por o considerar cientificamente incorrecto - o documentário Les Maîtres Fous (Os Mestres Loucos), filme sobre um ritual de possessão de uma seita religiosa, pretensão que provocou acesa polémica e levou Rouch a afirmar que não se limitava a filmar documentos anónimos, feitos para arquivo e destinados a especialistas, mas sim e sobretudo que pretendia com os seus filmes dar a ver ao mundo costumes e práticas desconhecidas do Homem e ainda o modo como as sociedades e as culturas tradicionais africanas se transformam devido a agentes externos, neste caso o colonialismo inglês.
Em 1978, as autoridades da jovem república de Moçambique pedem a cineastas conhecidos, entre os quais Jean-Luc Godard e Ruy Guerra (moçambicano, brasileiro e português), que se empenhem na criação de uma política cinematográfica e televisiva inovadora. No que lhe toca, Jean Rouch aposta numa experiência baseada na formação de futuros cineastas locais. Com Jacques d’Arthuys, adido cultural da Embaixada Francesa na cidade do Porto, constitui um atelier de formação na área do filme documentário, em película de Super 8, com recurso a uma pedagogia simples, assente na prática: «filmar de manhã, revelar ao meio-dia, projectar à tarde». No seguimento dessa experiência, serão criados em Paris, no ano de 1981, os Ateliers Varan.
Exercendo um olhar analítico sobre os costumes, tradições e rituais dos povos locais e, de um modo inovador, usando câmaras leves de 16 mm, Jean Rouch, com uma grande liberdade de estilo perante os cânones tradicionais da prática etnográfica, alternando entre documentário e ficção, obteve o reconhecimento internacional de cineastas e de especialistas da sua área. É um dos fundadores e um dos primeiros teóricos da antropologia visual.
Durante toda a sua carreira, Rouch, reputado pela sua agilidade intelectual e pelo dom da palavra, ensina incansavelmente a fazer cinema, na África e nos Estados Unidos, e realiza cerca de 120 filmes, suscitando múltiplas vocações de cineastas pelo mundo fora.
Influenciado por Dziga Vertov e Robert Flaherty, Jean Rouch é um dos pais fundadores do cinema-verdade. Foi fonte de inspiração e constante referência para os realizadores da Nouvelle Vague. Presidente da Cinemateca Francesa durante cinco anos (1986 a 1991), é laureado com o Prémio Internacional da Paz. A sua obra, coroada com várias recompensas de prestígio, inscreve-se na história universal do cinema.
Na sua derradeira missão ao Níger, na estrada de Tahoua, a leste do país, é vítima de um acidente mortal de automóvel, ocorrido a 15 de fevereiro de 2004, ao cair da noite, a 16 km da cidade de Birni N'Konni.
Filmes sobre rituais Dogon (Mali).
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