Gago Coutinho

aviador português (1869-1959) Da Wikipédia, a enciclopédia livre

Gago Coutinho

Carlos Viegas Gago Coutinho ou somente Gago Coutinho GCTEGCCComAGOAGCAGCSEGCICGCCa (Santa Maria de Belém, Lisboa, 17 de fevereiro de 1869Santa Engrácia, Lisboa, 18 de novembro de 1959) foi um geógrafo cartógrafo, oficial da Marinha Portuguesa, navegador e historiador. Juntamente com o aviador Sacadura Cabral, tornou-se um pioneiro da aviação ao efetuar a Primeira travessia aérea do Atlântico Sul, no hidroavião Lusitânia em 1922.[1][2]

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Infância e juventude

Carlos Viegas Gago Coutinho nasceu em Santa Maria de Belém, Lisboa, na número 5 ( actualmente numero 27) da Calçada da Ajuda em 17 de fevereiro de 1869, filho de José Viegas Gago Coutinho, natural de São Brás de Alportel, e de sua mulher e prima em segundo grau Fortunata Maria Coutinho, natural de Faro.[3][4]

De família humilde, não pode frequentar, como desejava, o curso de Engenharia na Alemanha e ingressou, aos 17 anos, na Marinha Portuguesa, tendo terminado o curso da Escola Naval em 1888.

Carreira militar

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Serviu em vários navios e participou nas operações militares de Tungue (Moçambique) em 1890 e em Timor em 1912.

Distinguiu-se como cartógrafo e geodeta a partir de 1898, aquando de sua primeira comissão em Timor. Até 1920 levantou e cartografou não apenas aquele território mas também o de Niassa (1900), Congo (1901), Zambézia (1904-1905), Barotze (1912-1914), São Tomé e Príncipe (1916), estabelecendo vértices geodésicos e determinando coordenadas em missões científicas onde conseguia precisões notáveis, devido ao seu rigor e dedicação à missão que lhe fora confiada. Respondeu pela delimitação definitiva da parte norte da fronteira entre Angola e Zaire.

No decurso destes trabalhos fez a pé a travessia da África, onde conheceu Sacadura Cabral. Este incentivou-o a dedicar-se ao problema da navegação aérea, o que levou ao desenvolvimento do sextante de horizonte artificial, posteriormente comercializado pela empresa alemã Plath com o nome "Sistema Gago Coutinho".[5] Juntos inventaram ainda um "corretor de rumos" (o "plaqué de abatimento") para compensar o desvio causado pelo vento. Para testar essas ferramentas de navegação aérea, realizaram em 1921 a travessia aérea Lisboa-Funchal.

Primeira travessia aérea do Atlântico Sul

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Rota da primeira travessia aérea do Atlântico Sul.

Assim preparados, em 1922, no contexto das comemorações do centenário da Independência do Brasil, os dois aviadores realizaram a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, sendo recebidos entusiasticamente em várias cidades do Brasil (Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife), bem como no regresso a Portugal.[6]

Gago Coutinho e Sacadura Cabral regressaram a Portugal a bordo da Barca Foz do Douro, de Joaquim Costa Carvalho ("A minha viagem na Barca Foz do Douro, do Brasil a Portugal" Editora Maritímo-Colonial Lda., Lisboa).

Anos posteriores

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Gago Coutinho foi nomeado 35.º Sócio Honorário do Ginásio Clube Figueirense a 2 de Junho de 1922.[7]

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Jazigo do Almirante Gago Coutinho, no Cemitério da Ajuda

Em 1954 a TAP convidou-o para um voo experimental ao Rio de Janeiro em um DC-4, antecipando a futura linha regular que se estabeleceria em 1961.

A partir de 1925 dedicou-se à História Náutica, tendo desenvolvido vasta obra de investigação científica, publicando significativa variedade de trabalhos geográficos e históricos, principalmente acerca das navegações portuguesas, como, por exemplo, "O Roteiro da Viagem de Vasco da Gama" e a sua versão de "Os Lusíadas". Vários de seus trabalhos encontram-se compilados na "Náutica dos Descobrimentos".[8]

Conhece-se colaboração da sua autoria na revista Boletim Fotográfico[9] (1900-1914), na Gazeta das colónias[10] (1924-1926) e na edição mensal do Diário de Lisboa[11] (1933).

Correspondeu-se com grandes nomes da história da aviação da época como Alberto Santos Dumont, apoiou Sarmento de Beires e João Ribeiro de Barros.

Pertenceu ao Grande Oriente Lusitano da Maçonaria Portuguesa e foi sócio da Sociedade de Geografia de Lisboa, onde foi responsável por uma das secções.

Por decisão da Assembleia Nacional e mediante decreto específico foi promovido a Almirante em 1958.[12]

Condecorações

Morte

Faleceu no dia seguinte a completar 90 anos, no Hospital da Marinha, na freguesia de Santa Engrácia, vitima de esclerose renal, no estado civil de solteiro e sem filhos, sendo sepultado no Cemitério da Ajuda em Lisboa.[4]

Notas

  1. Sacadura Cabral, site www.vidaslusofonas.pt
  2. Sobre a recente biografia de Gago Coutinho leia-se RTP: Biografia de Gago Coutinho.
  3. Foi utilizado, por exemplo, na viagem de circum-navegação do LZ 127 Graf Zeppelin.
  4. Pinheiro Corrêa. Gago Coutinho, precursor da navegação aérea. Edição do Centenário (1869 - 1969) Porto, 1969
  5. João Oliveira (31 de Janeiro de 2012). «Ficha histórica: Boletim photographico (1900-1914)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 4 de Julho de 2014
  6. «Diário de Lisboa : edição mensal [1933]». hemerotecadigital.cm-lisboa.pt. Consultado em 15 de junho de 2022
  7. «Entidades Nacionais Agraciadas com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Carlos Viegas Gago Coutinho". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 26 de fevereiro de 2023

Homenagens

Monografias

Ver também

Referências

  1. «LEI 2444/2001». legis.serra.es.gov.br. Consultado em 19 de março de 2018

Bibliografia

Ligações externas

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