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O Ford Galaxie é um automóvel que foi fabricado pela Ford no Brasil de 16 de janeiro de 1967 a 3 de fevereiro de 1983 totalizando 77.647 unidades produzidas[1]. Trata-se de um modelo sedã luxuoso, contando inclusive com ar condicionado e direção hidráulica já no fim da década de 1960, itens considerados opcionais até hoje em muitos carros. Eleito pela Mecânica Popular o Carro do Ano de 1967, também considerado pelos antigomobilistas o carro mais luxuoso do Brasil.
Ford Galaxie | |||||||
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Acima Ford Galaxie 1965 (EUA). Abaixo Ford Galaxie 500 1967 (Brasil) | |||||||
Visão geral | |||||||
Nomes alternativos |
Galaxie 500 | ||||||
Produção | 1959 - 1974 (EUA) 1959 - 1961 (Austrália) 1967 - 1983 (Brasil) | ||||||
Fabricante | Ford Motor Company | ||||||
Matriz | Chicago Sydney São Paulo | ||||||
Modelo | |||||||
Classe | Sedan grande de luxo | ||||||
Ficha técnica | |||||||
Transmissão | manual:3 marchas e Automático: 3 velocidades | ||||||
Cronologia | |||||||
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Em 1965, o gerente da Ford do Brasil, John C. Goulden, já anunciava o lançamento de um moderno carro luxo, com testes dos motores ocorrendo no Brasil através de dois modelos importados dos Estados Unidos por todo aquele ano.[2] A Ford encomendou junto à Karmann do Brasil todo o ferramental necessário para a fabricação do novo modelo[3] enquanto que o parque industrial de fornecedores de auto-peças como a Cord (ar-condicionado) teve de trazer ao país produtos e peças licenciadas que até então não eram fornecidas para a indústria automobilística nacional.[4].
O Ford Galaxie fabricado no Brasil foi apresentado no V Salão do Automóvel em 1966, após sua fabricação no Brasil ter sido anunciada pelo presidente mundial da Ford Henry Ford II durante visita ao Brasil. O Galaxie brasileiro era baseado no Ford Galaxie 500 sedan americano de 1966.[5][6]
Sua fabricação se deu início em janeiro de 1967. O Galaxie 500 brasileiro teve uma cerimônia de lançamento na fábrica da Ford no Ipiranga, São Paulo, no dia 16 de fevereiro de 1967.[7] Outra cerimônia de lançamento foi realizada no Edifício Lúcio Costa no Rio de Janeiro, sede do Banco do Estado da Guanabara, onde um Galaxie 500 foi içado por guindaste até o heliporto do edifício onde ocorreu o coquetel de lançamento. A operação de içamento chamou a atenção da população e da imprensa da cidade.[8][9] Completando a campanha de lançamento, a Ford contratou o cineasta Jean Manzon que produziu o curta-metragem promocional "Uma Visão Fantástica", apresentando o Galaxie em cinemas antes da exibição de filmes.[10] O lançamento do Galaxie pela Ford fez a General Motors acelerar o projeto do seu sedã de luxo, que mais tarde culminou no lançamento do Chevrolet Opala em 1968.[11] Seu preço médio na época de lançamento era de cerca de 17 milhões de cruzeiros (o equivalente a dois Volkswagen Fusca ou três Renault Gordini), o que o colocava como o automóvel mais caro do Brasil.[12]
O Galaxie possuía até então um motor V8 Y-Block 272 de 4,5 litros (4.458 cm³) que rendia 164 hp brutos, emprestado da linha de caminhões da Ford no Brasil (posteriormente, em 1969, um novo teste no dinamômetro revelou um novo valor de potência bruta: 170 hp) e pesava 1780 quilos. Com o motor 272 ele alcançava 150 km/h, e fazia 0–100 km/h em 14,9 segundos. Ele tinha relativamente pouca potência, mas era uma usina de torque, podendo retomar de 30 km/h na última marcha (o câmbio era de três marchas na coluna) em uma leve subida. Nessa edição "Galaxie 500" contava com 5,33 metros, suspensão de molas espirais e consumo médio de 6,5 km/l.[13]Oito meses após o início da produção, a Ford anunciou a produção do exemplar número 5000 na fábrica do Ipiranga.[14]
Em 1968 o Galaxie recebeu retrovisores externos, que até então eram opcionais pois não era item obrigatório. Em dezembro daquele ano o carro atingiu 16.449 unidades produzidas.
Em 1969, foi lançada a versão LTD do Galaxie, mais luxuosa, com acabamento do painel e das portas melhorado, teto em vinil, ar condicionado e câmbio automático opcional (hidramático, como chamado na época) opcionais, etc. O LTD foi o primeiro carro brasileiro a ter câmbio automático e o segundo a ter ar condicionado e foi responsável por popularizar esses itens no país. A versão era equipada com um novo motor, o 292 V8, que já vinha equipando as últimas versões de 1968. Este motor era o 272 redimensionado. Com 4.8 litros (4.785 cm³), rendia 190 hp brutos. Com o 292, o Galaxie 500 de 1970 alcançava 160 km/h e fazia 0–100 km/h em 13 segundos. O LTD, no entanto, era mais lento, devido ao câmbio automático, que ainda privilegiava a maciez e ao peso bem mais alto. Sua velocidade máxima aproximava-se dos 150 km/h e sua aceleração de 0 a 100 km/h era realizada em cerca de 15 segundos. A partir de 1970 esse motor seria montado em toda a série Galaxie.
Os motores Y-block 272 e 292 eram famosos pelo altíssimo torque e pela alta resistência.
Em 1970 surgiu o Galaxie Standard, ou somente Galaxie. Era uma versão de entrada do luxuoso sedã. Não possuía direção hidráulica, relógio e rádio. Também vinha sem a maioria dos frisos, sem as calotas grandes e pneus comuns sem faixa branca. No ano anterior, a Chrysler havia lançado o Dart e em 1971 a GM o Opala Gran Luxo, que tentavam concorrer com o Galaxie. Então a Ford começou a fabricar uma versão ainda mais luxuosa que o LTD, o LTD Landau. O modelo LTD surgiu em setembro de 1968, já como ano/modelo 1969. O Landau, apresentado na linha 71, oferecia também, além do teto de vinil, vigia traseiro menor, aplicações em Jacarandá no painel e nas portas, forrações finas no interior e um adorno em formato de "S" que caracterizava o modelo. Era de longe o carro nacional mais requintado. Em 1971 as luzes de marcha-à-ré deixavam de ser integradas às lanternas traseiras e passavam a ser localizadas no para-choque, onde foram mantidas até à linha 1980. Com esta alteração na linha 71, evidentemente as lanternas traseiras foram redesenhadas. A grade frontal também ganhou um novo design, com as lanternas/setas por trás. Além de novas calotas e maçanetas das portas.
Em 1972 o Galaxie Standand deixa de ser produzido.
Em 1973, ganhou novo capô, nova grade, teve a traseira redesenhada (e mais uma vez ganhou novas lanternas), novas calotas, frisos redesenhados e uma maior diversidade de cores. Em 1974 e 1975 não houve maiores mudanças.
Para a linha 1976, o Galaxie passou por grandes mudanças estéticas. Os faróis passaram a ser dispostos horizontalmente, assim como as lanternas traseiras, estas divididas em 3 segmentos em cada lado, mantendo a característica dos piscas traseiros sempre funcionando nas luzes de freio. As lanternas dianteiras passaram a ser maiores, mais envolventes e em posição vertical, ganhando lâmpadas âmbar, e sempre mantendo suas lentes na cor branca e a dupla função de pisca e luz de estacionamento na mesma lâmpada em todos os anos do modelo. O Galaxie 500 tinha a grade dianteira diferenciada das outras versões, com filetes horizontais que iam de uma lanterna dianteira até a outra, passando em volta dos quatro faróis. Já o LTD e o Landau tinham a grade dianteira com filetes verticais, porém sem que estes filetes passassem em volta dos quatro faróis. O vidro traseiro permanecia, como sempre, em tamanho reduzido apenas na versão topo de linha Landau, que era vendido apenas na cor cinza prata, com teto de vinil da mesma cor. O interior passou a ter tecidos mais finos, como o veludo inglês e o Jacquard inglês no Landau, e também passou a ter carpete de altíssima qualidade. Além de todas essas mudanças ele ganhou um novo motor que já equipava o Ford Maverick, o 302 Windsor, que foi erroneamente apelidado de canadense por ter tido unidades exportadas para o Brasil pela Ford Motor Company via Canadá ou linha de produção de Windsor/Canada. O novo propulsor trouxe grandes mudanças ao carro: 5,0 litros (4.950 cm³), que geravam 199 hp, e sua velocidade final era de cerca de 165 km/h na versão manual e 155 km/h na versão automática. A grande maioria dos motores 302 da linha Galaxie foram produzidas na Planta 1 da Ford em Cleveland.
Em Março de 1978, passa a ser produzida a então conhecida Série II do Galaxie, onde toda a linha recebia novo volante de 4 raios, dois cintos retráteis no banco dianteiro, pneus radiais, faróis de iodo, limpadores de pára-brisa de funcionamento intermitente, parabrisa laminado, além de novo padrão de estofamento desde sua estrutura até o tecido. Na parte mecânica a suspensão foi recalibrada com novos amortecedores, além de novas cores como o Cinza Executivo Metálico, exclusiva para o Landau.
O ano de 1979 é o último em que o Galaxie 500 é fabricado, recebendo novos frisos e uma grade em plástico preto. O carro passou a ter ignição eletrônica, ar condicionado integrado no painel e ainda possuía um novo carburador com venturi variável que proporcionaria maior economia de combustível, porém a qualidade do combustível brasileiro com álcool tornou sua calibração quase que impossível. O modelo 1979 foi encerrado com a produção de aproximadamente 250[1] Landau na cor Bordeaux Scala Metálica como Edição Especial de 60 anos da Ford no Brasil.[15]
Estes automóveis utilizavam o carburador bijet DFV 444 para os motores Y-Block (272 e 292) e 302 álcool. O 302 gasolina usou entre 1976 até 1983 o Motorcraft de venturi fixo com exceção ao modelo 1979 mencionado acima.
Para 1980 só eram disponíveis os modelos LTD e Landau. Por causa da crise do petróleo, foi lançada a versão com motor 302 movida a álcool com enorme tanque de 107 litros, que chegou a responder pela maioria das vendas. Neste ano também surge a famosa cor Azul Clássico para o Landau, que dava um toque de classe a mais no carro. Os refletores vermelhos na até então exclusiva dos carros da frota da Ford designados para a sua presidência, refletores nas extremidade das laterais traseiras mudavam e passavam a ser iluminados quando se acendiam as lanternas. Ganhou porta-malas com abertura interna. No mesmo ano, quando o Papa João Paulo II visitou o Brasil, foi fabricado um modelo especial de Landau apelidado de Landau-Papamóvel, que foi utilizado durante a estada do Papa pelas cidades de São Paulo, Aparecida do Norte e Salvador.
Em 1981 as luzes de marcha-à-ré voltam a ser integradas às lanternas traseiras, desta vez ocupando o lugar aonde até 1980 acendia o terceiro par da meia-luz traseira. Eram adotados também suspensão recalibrada e novas pinças de freio. Em 1981 encerrava-se a produção do LTD com um único exemplar conhecido sendo modelo 1982 segundo as pesquisas do CNG[1] produzido em 26 de outubro de1981.
No ano de 1982 a única versão disponível passou a ser a topo de linha, Ford Landau, sem maiores mudanças e foi em agosto de 1982 que se deu início da produção do seu último ano modelo, que trazia as conhecidas calotas presas com parafusos (rosqueadas), a versão de 1983.
Após a Crise petrolífera de 1979, houve uma gradual queda de vendas (de cinco mil exemplares em 1979 para cerca de três mil no ano seguinte e pouco mais de mil em 1981 e 1982). Assim, a Ford do Brasil enviou em 14 de janeiro de 1983 uma carta a todos os concessionários comunicando que ainda no final daquele mês encerraria a produção do Galaxie Landau[15]. O último exemplar do Galaxie Brasileiro saiu da linha de montagem do Ipiranga em 3 de fevereiro de 1983.[1]
A linha do tempo a seguir retrata a data em que determinado modelo entrou ou saiu de fabricação. No geral a Ford colocava em produção um ano modelo em setembro do ano anterior e consequentemente tirava o ano modelo no mesmo mês.
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