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Canção de Legião Urbana Da Wikipédia, a enciclopédia livre
"Faroeste Caboclo" é uma canção composta por Renato Russo em 1979 e lançada por seu grupo, Legião Urbana, no álbum Que País É Este, de 1987.[2] Ganhou bastante atenção quando do lançamento do álbum e, por isso, foi lançada como o terceiro single promocional em 1988. Por motivo de censura, houve a necessidade de editar a canção para a aprovação pela censura federal.
"Faroeste Caboclo" | |||||||
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Single de Legião Urbana do álbum Que País É Este 1978/1987 | |||||||
Lançamento | julho de 1988[1] | ||||||
Formato(s) | 12" | ||||||
Gravação | agosto de 1987 | ||||||
Gênero(s) | Folk rock, punk rock | ||||||
Duração | 9:03 | ||||||
Gravadora(s) | EMI | ||||||
Composição | Renato Russo | ||||||
Produção | Mayrton Bahia | ||||||
Cronologia de singles de Legião Urbana | |||||||
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Em 2013, a canção ganhou uma adaptação cinematográfica, dirigida por René Sampaio e com roteiro de Victor Atherino.
A canção foi composta em 1979, na chamada fase "Trovador Solitário" de Renato Russo.[2][3] Foi apresentada pela primeira vez em 1983, sob vaias, num show da banda no Morro da Urca.[3]
Em entrevista para Leoni, Renato Russo revelou que escreveu a música em duas tardes e que o roteiro foi improvisado, escrevendo-se os versos seguintes tomando em consideração as rimas a serem feitas com os versos anteriores. O próprio compositor, porém, entende que o enredo tem falhas, como não explicar por que João aceita ir no lugar do boiadeiro para Brasília ou por que Maria Lúcia se casou com Jeremias.[4]
Flávio Lemos, baixista da banda Capital Inicial e ex-colega de Renato Russo na banda Aborto Elétrico, em entrevista concedida em 2004, disse que a música se refere a uma situação acontecida entre ele e Russo:
“ | Estava no Rio de Janeiro, na Ilha do Governador, na casa da tia do Renato. Ele gostava de uma prima dele, a Mariana, e eu sabia, mas não rolava nada entre os dois. Fomos viajar para Búzios, a turma toda, menos o Renato. E eu fiquei com a prima dele, transei com ela. Foi a minha primeira vez, eu era virgem. A menina voltou antes pra casa e contou a história pra todo mundo. Quando eu voltei pra Ilha ele já sabia, e considerou aquilo uma traição. Cheguei de madrugada, tinha viajado a noite toda, e ele me acordou bem cedinho, eu estava morrendo de sono. Renato tinha passado a noite inteira escrevendo a música. Ele me disse que eu era o Jeremias, o maconheiro, o sem vergonha. E ele era o Santo Cristo - olha o nome que ele deu a si mesmo! E a prima era a Maria Lúcia. Renato criou um épico com essa história. A gente continuou amigo depois. Pode aparecer alguém que conteste, mas é a mais pura verdade.[5] | ” |
Russo, porém, em entrevista de 1988, disse que a música é completamente fictícia, e explica seu enredo:
“ | Veja, um motorista de táxi me disse que era a história do irmão dele. Tem outros que dizem que eu conheci um certo marginal e fiz a música. E não é. A música é completamente fictícia. E é engraçado, porque o João de Santo Cristo é um garoto muito pobre, e as pessoas, parece, não percebem isso. Ele era filho de um lavrador e o pai dele foi assassinado. Ele vai para o reformatório porque não tem ninguém para tomar conta dele. Mataram praticamente toda a sua família e, por isso, ele é revoltado.[6] | ” |
A inspiração para Russo, segundo o próprio autor, foi "Hurricane", canção de Bob Dylan presente no álbum Desire, de 1976, que conta a história do boxeador Rubin Carter.[5] Ainda sobre suas inspirações, o compositor cita "Domingo no Parque" (1968), de Gilberto Gil, além de Raul Seixas e a tradição oral do povo brasileiro.[7]
Narra a história de João de Santo Cristo, que, ao ver toda sua família morta, se rebela e vai para Salvador. Lá chegando, encontra um boiadeiro que vai para Brasília mas que pede para João ir no seu lugar. Ele vai e começa uma nova vida lá. Porém, diante de dificuldades econômicas, vira traficante, seguindo os passos de um peruano chamado Pablo. Posteriormente, ele tenta se redimir ao apaixonar-se por uma mulher chamada Maria Lúcia. Ao ver-se, porém, ameaçado por um homem rico e influente, decide trabalhar no contrabando de produtos bolivianos para se armar, se distanciando de Maria Lúcia e passando a morar em Planaltina. Ao voltar a ver sua amada, vê que um traficante rival, Jeremias, que casou e engravidou Maria Lúcia; João, então, decide marcar um duelo com ele em Ceilândia, e acaba morrendo levando um tiro pelas costas. Ainda agonizando, ele recebe sua arma de Maria Lúcia e dá cinco tiros em Jeremias. Maria Lúcia, também morre.
A canção tem 168 versos. Segundo o jornalista e historiador Marcelo Fróes, no manuscrito original com a letra de "Faroeste Caboclo" havia uma anotação de Renato dizendo que imaginava a música como um baião cantado por Luiz Gonzaga.[5]
Com 9'03", a canção tem uma duração incomum, porém, outras duas composições de Renato são ainda mais extensas: "Metal Contra as Nuvens" (11'22") e "Clarisse" (10'32"). Em sua gravação original, a canção tem andamento moderado, com tempo de 140 bpm sendo executada na tonalidade sol maior.[8] Levou uma semana para ser trabalhada em estúdio e os integrantes demoraram para conseguir tocar a base inteira sem errar ao menos uma vez - na verdade, a versão final acabou saindo com um erro: uma batida incorreta na caixa do baterista Marcelo Bonfá, que acabou sendo editado em estúdio para sugerir um som de cenário.[3]
A canção foi censurada, junto com "Conexão Amazônica", do mesmo disco.[3] "Faroeste" pela presença de palavrões, enquanto "Conexão" por causa da temática, já que falava sobre o tráfico de drogas. Porém, em "Faroeste", foi feita uma edição onde se colocou um sinal sonoro sobre os palavrões. Com isso, a música foi liberada para radiodifusão. Outras rádios optaram por fazer edições,[9] como a 89 FM, que fez uma edição de 8'49" para retirar os palavrões.[2] Apesar disto, a música foi um grande sucesso, tendo sido a 24ª mais tocada de 1988.[10]
Ao final de 1987, o jornalista Arthur Dapieve afirmou que a canção era uma "incontestável obra-prima, narrando a paixão e a morte do tal João de Santo Cristo, traficante que, oscilando entre o banditismo e a santidade, encarna o próprio Brasil". Ele apreciou o fato da faixa começar country, passar pelo reggae e terminar em rock.[9]
Ainda hoje, a canção é uma das mais bem lembradas da banda, estando em todas as coletâneas e álbuns ao vivo dela. Foi, ainda, regravada por Toni Platão no álbum Renato Russo - Uma Celebração, de 2006, e pela banda Tianastácia no álbum Tianastácia no País das Maravilhas de 2009.
Em 30 de maio de 2013,[11] foi lançado Faroeste Caboclo, adaptação da canção, dirigida por René Sampaio e com roteiro de Victor Atherino e Marcos Bernstein a partir da letra original, e com distribuição da Europa Filmes. No elenco, atuaram Fabrício Boliveira (João de Santo-Cristo), Ísis Valverde (Maria Lúcia), Felipe Abib (Jeremias) e César Troncoso (Pablo).[12][13][14]
Todas as faixas escritas e compostas por R. Russo.
12" PROMO (EMI 9951 084)[1] | ||||||||||
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N.º | Título | Duração | ||||||||
1. | "Faroeste Caboclo (Versão Editada)" (33 RPM) | 9:05 | ||||||||
2. | "Faroeste Caboclo (Versão Editada)" (45 RPM) | 9:05 | ||||||||
Duração total: |
18:10 |
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