O neocolonial foi um movimento estético dos começos do século XX especialmente associado à arquitetura. O movimento se propunha a resgatar a arquitetura e motivos decorativos típicos da época colonial americana de origem ibérica e empregá-los na arquitetura contemporânea. O neocolonial foi comum em toda a América Latina — incluindo o Brasil — e no sul dos Estados Unidos.
A Arquitetura neocolonial no Brasil
Nossas casas não denunciam o país (…) Dentro de um salão Luís XV somos uma mentira com o rabo de fora.— Monteiro Lobato, ao mostrar-se contra o ecletismo arquitetônico e a favor de uma arquitetura genuinamente brasileira.[1]
O estilo neocolonial no Brasil está ligado à busca de uma arte genuinamente nacional. O marco de lançamento do movimento foi a conferência "A Arte Tradicional no Brasil", ditada em 1914 na Sociedade de Cultura Artística de São Paulo pelo arquiteto e engenheiro português Ricardo Severo.
Na conferência, Severo defende o estilo colonial brasileiro de raízes lusitanas como o verdadeiro estilo nacional, em contraposição ao ecleticismo e o revivalismo da arquitetura da época que, segundo Severo, representavam estilos estranhos à tradição brasileira. Assim, o estilo neocolonial seria um movimento de cariz ao mesmo tempo tradicionalista e moderno.
A partir desse momento, o estilo neocolonial foi muito difundido na arquitetura brasileira. Ricardo Severo construiu uma série de edifícios no estilo em São Paulo e arredores, começando pelo Palacete Numa de Oliveira (1916), na Avenida Paulista, já demolido, e terminando no ainda existente edifício da Faculdade de Direito de São Paulo (1939), no Largo São Francisco.
José Marianno Filho, historiador de arte e diretor da Sociedade Brasileira de Belas Artes, teve um papel importante no movimento, patrocinando viagens de arquitetos às cidades mineiras coloniais.
A casa brasileira não poderá ser senão a nossa velha casa patriarcal, com o largo beiral de telhões de faiança, os alpendres floridos...— José Mariano Filho[2]
Muitos renomados arquitetos aderiram ao neocolonial à época, como Victor Dubugras, Heitor de Mello, Archimedes Memoria e outros. Durante a Semana de Arte Moderna de 1922, dedicada à busca de uma arte nacional, Georg Przyrembel apresentou projetos no estilo. Lúcio Costa, quando jovem, também foi adepto do movimento, tendo chegado a projetar casas neocoloniais, como algumas que existem no Largo do Boticário, no Rio de Janeiro.
No Rio de Janeiro, então capital da República, o neocolonial foi o estilo de muitos pavilhões da Exposição Internacional do Centenário da Independência, em 1922. Um remanescente importante é o edifício do atual Museu Histórico Nacional, reformado em estilo neocolonial entre 1920 e 1922 por Archimedes Memoria e Francisco Cuchet.
No Rio de Janeiro, o neocolonial foi também o estilo elegido para muitas instituições educativas como o antigo Instituto de Educação (atual Instituto Superior de Educação do Estado do Rio de Janeiro), construído entre 1927 e 1930 pelos arquitetos Ângelo Bruhns e José Cortez. e Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Galeria
- Fachada do Estádio São Januário (inaugurado em 1927), no Rio de Janeiro.
- Entrada do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, no Rio de Janeiro.
- Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro no bairro da Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro. Projeto de Angêlo Bruhns e José Cortez.(Inaugurado em 1930)
- Prefeitura de Teresópolis (inaugurada em 1927).
- O Chafariz do Largo da Memória (à direita), em São Paulo, foi inaugurado no ano de 1922 em estilo neocolonial. Já o Obelisco do Piques é realmente da época colonial.
- Faculdade de Direito de São Paulo, edifício eclético com forte influência neocolonial (inaugurado em 1939).
- Paróquia Santuário Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em São João da Boa Vista, no estado de São Paulo.
- Grupo Escolar Pedro II, em Belo Horizonte, em Minas Gerais.
Referências
- HOMEM, Maria Cecília Nactério. O Palacete Paulistano e Outras Formas Urbanas de Morar da Elite Cafeeira. São Paulo: Martins Fontes, 1996. página 241.
- «Solar Mojope» (HTML). Andre Decourt. 29 de janeiro de 2009. Consultado em 23 de março de 2010
Bibliografia
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