O habitat mais frequente das espécies pertencentes a esta família são as zonas de fundos rochosos, embora algumas espécies ocorram em substratos arenosos. Para além de múltiplas espécies da região entremarés, membros da família Buccinidae ocorrem em todas as profundidades, desde o supra-litoral até às zonas batipelágicas.
Alguns membros da família Buccinidae ocorrem em meio dulçaquícola, com destaque para as espécies do género Clea.
As conchas das espécies desta família são de moderado a grande porte, de conformação cónica a fusiforme. As conchas apresentam frequentemente suturas profundas. A superfície da concha é geralmente lisa, por vezes com uma espiral ou escultura axial. A espessura da concha é maior nas espécies das águas tropicais pouco profundas, enquanto a concha das espécies que vivem em águas temperadas e frios é geralmente fina ou moderadamente fina.
O topo da espiral é mais ou menos alargado. As estrias radiais da concha mostram, por vezes, protuberâncias e outras marcas. A abertura é grande, com um canal sifonal bem definida. O bordo da concha em torno do opérculo é por vezes utilizado para forçar a abertura da concha de bivalves. A abertura é fechada por um opérculo córneo.
As partes moles do corpo, a massa visceral, são alongadas e em espiral. A cabeça tem dois tentáculos cónicos, pendentes, em cuja base existe um lobo ou proeminência onde se inserem os olhos. A boca contém uma probóscide anular, longa e cilíndrica, e uma pequena língua. O manto forma uma lamela fina sobre a cavidade branquial. No lado esquerdo, apresentam um canal alongado, aberta, que emerge por um entalhe ou ranhura na concha. As duas brânquias são alongadas, desiguais e petinadas (com um arranjo em forma de pente). O pé é grande e em geral largo.[2]
Os búzios da família Buccinidae são carnívoros e detritívoros, nalguns casos necrófagos, alimentando-se de outros moluscos, carniça, e às vezes até mesmo de detritos orgânicos em putrefacção. Seu sentido de olfacto é muito desenvolvido, podendo facilmente detectar com o seu osfrádio os sinais químicos emitidos pelas suas presas ou por alimento, mesmo a uma distância considerável. Muitos destes búzios são capazes de perfurar a concha de bivalves e, por isso, algumas espécies causam danos avultados em instalações de ostreicultura destinadas a produzir ostras em meio semi-natural.
Algumas espécies de búzios desta família conseguem atacar os peixes capturados em redes, alongando os seus probóscides para até duas vezes o comprimento do próprio corpo.
O búzio fêmea põe cápsulas de ovos esponjosos, cada uma delas com centenas de ovos. Estas cápsulas formam aglomerados arredondados ou massas em forma de torre. Apenas cerca de 10% do ovos eclodem. As larvas quando emergem do ovo alimentam-se com os ovos que ainda não eclodiram.
A carne da espécie norte-atlântica mais comum, Buccinum undatum, é muito apreciada pelos conhecedores como uma iguaria, mas o seu consumo está em declínio.
A concha vazia dos búzios desta família é muitas vezes usado como abrigo pelas espécies de caranguejo-ermitão.
Bouchet, P.; Gofas, S. (2010). Buccinidae. In: Bouchet, P.; Gofas, S.; Rosenberg, G. (2010) World Marine Mollusca database. Accessed through: World Register of Marine Species at http://www.marinespecies.org/aphia.php?p=taxdetails&id=149 on 2010-12-30
Hayashi S. (2005). "The molecular phylogeny of the Buccinidae (Caenogastropoda: Neogastropoda) as inferred from the complete mitochondrial 16S rRNA gene sequences of selected representatives". Molluscan Research25(2): 85-98. abstractPDF
Bouchet Ph. & Waren A. (1985). «Mollusca Gastropoda: Taxonomical notes on tropical deep water Buccinidae with». Musé. Natn. His. Nat. Paris; Sér. A, Zoologie. 133: 457–518
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