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Ex-futebolista escocês, ídolo do Manchester United Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Denis Law (Aberdeen, 24 de Fevereiro de 1940) é um ex-futebolista escocês, considerado o melhor de sua nação.[1] Era reconhecido como de rápidos reflexos, oportunismo, controle de bola, bom jogo aéreo e velocidade que o tornavam difícil de ser desarmado.[2]
Law em 2011 | ||
Informações pessoais | ||
---|---|---|
Nome completo | Denis Law | |
Data de nascimento | 24 de fevereiro de 1940 (84 anos) | |
Local de nascimento | Aberdeen, Reino Unido | |
Informações profissionais | ||
Período em atividade | 1956-1974 (18 anos) | |
Clube atual | Aposentado | |
Posição | Atacante | |
Clubes profissionais | ||
Anos | Clubes | Jogos e gol(o)s |
1956–1960 1960–1961 1961–1962 1962–1973 1973–1974 |
Huddersfield Town Manchester City Torino Manchester United Manchester City |
50 (25) 28 (10) 404 (237) 29 (12) | 91 (19)
Seleção nacional | ||
1958–1974 | Escócia | 55 (30) |
É o segundo maior artilheiro geral que o Manchester United teve no século XX, acumulando 237 gols, apenas doze a menos que o recordista Bobby Charlton,[3] além de terceiro considerando-se apenas jogos do campeonato inglês (171, abaixo dos dos 199 de Charlton e também dos 182 de Jack Rowley);[4] bem como o maior artilheiro da seleção escocesa junto a Kenny Dalglish - ambos com trinta gols.[5] Dalglish, contudo, marcou-os ao longo de 102 partidas e Law, em 55.[1]
Possui duas estátuas no estádio de Old Trafford: a mais famosa, na área externa, em imagem conjunta ao do próprio Charlton e George Best, denominada "Santíssima Trindade" pelo trio que formavam nos recorrentes títulos que o United obteve na década de 1960 - notadamente a primeira Liga dos Campeões da UEFA do clube,[6] no que também foi a primeira conquista do futebol inglês nessa competição.[7] Law também possui estátua no setor de Stretford End.[2]
À altura de 2023, Law segue sendo o único escocês contemplado com a Bola de Ouro de melhor jogador europeu,[8] pela edição de 1964, ocasião que também fez dele o primeiro jogador do United a ser agraciado com essa premiação da revista France Football.[9]
Filho do casal George e Rubina Law, tinha seis irmãos em família humilde de pescadores, sequer tendo par de sapatos até os 12 anos de idade,[2] ao passo que as primeiras chuteiras foram presentadas por um vizinho.[1] Amante de futebol a ponto de escolher uma escola ao invés de outra por uma ter sua própria equipe de futebolistas ao passo que na outra praticava-se apenas rugby, terminou prospectado em sua própria cidade natal de Aberdeen pelo time inglês do Huddersfield Town; foi ao chamar a atenção de um emissário desse clube, em meio a uma seletiva com outros 22 jovens locais.[2]
O físico bastante magro e a necessidade de usar óculos contribuíram para descrença a respeito dele quando foi a Huddersfield testar-se,[1] ao fim de onze horas de viagem ferroviária e de também causar dificuldades em fazer-se entender pelo carregado sotaque escocês.[2] Uma vez em campo, foi aprovado imediatamente, ainda que sob necessidade de buscar corrigir cirurgicamente o problema ocular de estrabismo.[1] Foi promovido ao time principal por Bill Shankly, futuramente treinador lendário no Liverpool. Shankly conduzia no Huddersfield um processo de renovação a um clube que havia recentemente voltado à segunda divisão pouco tempo após ter sido terceiro colocado na primeira,[10] e a estreia de Law, em dezembro de 1956,[1] fez parte dessa remodelação.[11] Na época, tornou-se o mais jovem estrante do clube.[2]
Embora considerado promissor a ponto de rapidamente receber uma oferta inicial (de 10 mil libras esterlinas) do Manchester United e fosse desejado por Shankly quando este chegara ao Liverpool (em negócio inviabilizado pela precariedade financeira então atravessada pelos Reds),[2] Law também chegou a ter descartada uma transferência ao Leicester City por não sair-se bem nos dois jogos em que foi observado pessoalmente pelo então treinador dos Foxes.[12] Também precisou sujeitar-se a uma primeira cirurgia no joelho, embora já em 1958 pudesse estrear pela seleção escocesa.[1]
Em 1960, foi negociado por 55 mil libras com o Manchester City (então um recorde)[2] e fez relativo sucesso individual,[13] a ponto de ser novamente requisitado por Liverpool e Manchester United.[14] Seu principal momento foram seis gols em vitória sobre o Luton Town pela FA Cup, que acabaram todos invalidados: a partida precisou ser abandonada a vinte minutos do fim e foi repetida desde o minuto zero, com vitória do adversário.[2]
O City acabou negociando-o com o Torino,[1] em contexto de forte prospecção do futebol italiano a jogadores britânicos (especialmente a partir do êxito de John Charles), sob intermédio de empresário dividido entre os dois países, Gigi Peronace.[15]
Law despertara interesse especial do calcio após amistoso em Milão por uma seleção do campeonato inglês, em partida na qual marcou um gol. Aceitou a oferta ao impressionar-se com o estilo de vida luxuoso dos futebolistas que jogavam na Itália em comparação à austeridade da profissão no Reino Unido, embora polemizasse diante de acusação da Internazionale de que teria acertado pré-contratado com ela.[14] Desacostumado ao estilo defensivista generalizado, veio a marcar apenas dez gols em 27 partidas pelo Toro,[15] principalmente nas primeiras partidas. Ele gradualmente começou a descontentar-se com os paparazzi e com a remuneração fixa relativamente baixa, robustecida apenas em caso de vitórias.[14] O escocês, em paralelo, reconheceria que aproveitou-se excessivamente de "vinhos e mulheres".[16]
Uma decadência começou a ser mais visível a partir de janeiro de 1962, após Law ter sofrido - como passageiro - um acidente de carro atribuído à embriaguez de todos.[14] Ainda assim, Law colhia sucesso com a torcida granata e tinha exibições consideradas razoáveis: os dez gols bastaram para que terminasse como artilheiro do elenco e ele, mesmo que aquém do esperado, foi eleito o melhor estrangeiro da temporada 1961-62 da Serie A,[14] bem como desejado pela rival Juventus.[15] O estopim para a saída de Law foi sua revolta com a inusitada atitude o próprio treinador Benjamín Santos em pedir sua expulsão à arbitragem em duelo contra o Napoli, em retaliação por descumprir orientação na cobrança de lateral. Já descontente com a esfera extracampo, acertou com o Manchester United, regressando a Manchester para forçar a negociação, diante de cláusula contratual que permitira sua venda a outra equipe italiana (chegando-se de fato a haver acerto verbal entre Torino e Juventus) mesmo sem anuência do jogador.[14]
O negócio com o Manchester United, pactuado em 110 mil libras, foi o suficiente para fazer de Law o jogador mais caro do futebol inglês naquele momento.[17] Em sua estreia, marcou seu primeiro gol em apenas sete minutos, contra o West Bromwich Albion.[1] Na primeira temporada, somou 29 gols em 44 jogos pelo campeonato inglês de 1962-63.[2]
O United, porém, vivia entressafra na qual o novo clube brigou contra o rebaixamento - terminando em 19º embora pudesse ao mesmo tempo chegar à final da FA Cup,[12] sendo de Law o solitário gol da classificação nas semifinais.[18] Ele já havia se destacado na terceira fase da competição, com três gols em vitória de 5-0 sobre sua ex-equipe do Huddersfield Town.[1]
O contexto fazia o próprio treinador Matt Busby atribuir favoritismo maior ao adversário, o Leicester City do goleiro Gordon Banks,[12] equipe que havia disputado seriamente o próprio título inglês e que, pelo campeonato, vencera por 4-3 os Red Devils apesar dos três gols de Law no duelo.[19] Na decisão da copa, porém, o United triunfou por 3-1, com Law abrindo o placar frente à equipe que havia desistido dele anos antes.[12]
A conquista daquela FA Cup encerrou cinco anos de jejum do United e iniciou período glorioso dos Red Devils, que pelos cinco anos seguintes ganhariam dois títulos ingleses e a Liga dos Campeões da UEFA.[12] Law, por sua vez, acabou convocado à seleção do Resto do Mundo para solene amistoso que festava os cem anos da Federação Inglesa. O ataque estrangeiro reunia o escocês junto a Alfredo Di Stéfano, Raymond Kopa, Eusébio (substituído por Ferenc Puskás) e Francisco Gento. Foi de Law o gol dos estrangeiros no duelo, realizado em 23 de outubro; empatou provisoriamente contra a Inglaterra, depois vencedora por 2-1 sobre a seleção que também teve Lev Yashin, Djalma Santos e Josef Masopust.[20] Law considera aquele momento como o que mais lhe deu orgulho em toda a carreira.[1]
Com o título da FA Cup, o Manchester United disputou a Recopa Europeia de 1963–64, na qual Law chegou a marcar três gols duas vezes em um só jogo - primeiramente, em 6-1 sobre o Willem II Tilburg e,[21] adiante, em triunfo de 4-1 pelo jogo da ida das quartas-de-final com o Sporting. Todavia, a equipe portuguesa conseguiu vitória por 5-0 em Lisboa e avançou, sagrando-se adiante campeã.[22] Por outro lado, foi a temporada em que o trio de Law com Bobby Charlton e George Best atuou junto pela primeira vez, em triunfo de 4-1 (com gols dos três) em 18 de janeiro de 1964 sobre o West Bromwich Albion.[9]
Pessoalmente, Law estabeleceu naquela temporada um recorde de 46 gols pelo Manchester United (sendo trinta gols em trinta partidas pelo campeonato inglês),[2] já desconsiderados jogos amistosos - números que só ficariam perto de superados por Cristiano Ronaldo, autor de 42 na de 2007-08.[23] Law, ainda assim, recebeu a Bola de Ouro da France Football como melhor jogador europeu de 1964, liderando pódio com Luis Suárez e Amancio Amaro, espanhóis que haviam vencido a Eurocopa daquele ano.[24]
A premiação de Law também decorreu de seu início na temporada de 1964-65, a marcar o primeiro título inglês do United desde o desastre aéreo de Munique sofrido em 1958. Naquela campanha simbólica, Law contribuiu com 28 gols em 36 partidas pela liga inglesa,[25] ainda que revisionismo adotado em 2015 pela revista France Football reconhecesse que Pelé seria o contemplado caso a premiação ainda não fosse restrita ao futebol europeu.[26] Em paralelo, uma lesão no joelho pela seleção escocesa (contra a [[Seleção Polonesa de Futebol|Polônia) lhe custaria continuidade; seria a primeira de uma série de lesões na região.[2]
O clube voltou a ser campeão inglês no torneio de 1966–67, ainda na antepenúltima rodada. Mesmo como visitante, os Red Devils venceram por 6-1 o West Ham United, cujo único gol só veio após Law já ter feito o sexto dos mancunianos. O jogo atraiu o maior público que o antigo estádio do West Ham recebera desde a Segunda Guerra Mundial.[27] Naquela temporada, Law contribuiu com 25 gols em 38 jogos.[2]
Essa conquista também permitiu a participação do United na vitoriosa Liga dos Campeões da UEFA de 1967–68. Law, contudo, só pôde participar da reta inicial da campanha campeã - como os dois gols em vitória de 4-0 sobre o Hibernians, de Malta; uma lesão lhe obrigou a operar o joelho [28] e lhe impediria de estar nas semifinais e na decisão,[1] acompanhada por ele diretamente do hospital.[28] Os colegas terminaram por visitar-lhe no leito, levando a taça consigo.[2]
Na ocasião do Mundial Interclubes de 1968, porém, Law já vinha recobrando a fase artilheira.[29] Sua atuação na Argentina teve diferentes interpretações: a mídia local o descreveu como apático em La Bombonera, em noite em que todos os astros britânicos teriam decepcionado,[7] ao passo que a inglesa teria relatado que sofrera até puxões de cabelo - embora em notas também criticadas por distorções sensacionalistas.[29] O Estudiantes de La Plata vencera por 1-0 e acabou campeão ao saber segurar na Inglaterra empate em 1-1 em noite na qual vencia até o minuto final;[7] na revanche, Law acabou lesionando-se em choque contra o goleiro Alberto Poletti, precisando ser substituído.[29]
Já na Liga dos Campeões de 1968–69, Law chegou a marcar quatro gols em uma só partida, no triunfo de 7-1 sobre o Waterford United, da Irlanda, pela primeira fase.[30] Com nove gols, terminou como artilheiro daquela edição do certame.[31] O United, por sua vez, foi eliminado nas semifinais pelo futuro campeão, o Milan, sob polêmicas envolvendo Law: o escocês seguiu por décadas reclamando de um gol seu irregularmente invalidado, que teria forçado uma prorrogação em Old Trafford (os italianos haviam vencido por 2-0 em Milão e avançaram por perderem por apenas 1-0 em Manchester), embora também não fosse expulso após agressão sua a Roberto Rosato arrancar dois dentes do adversário.[32]
Sinais de decadência vieram no início dos anos 1970, no United e em Law, que passou a sofrer com problemas no joelho - chegando a perder parte substancial da temporada 1969-70,[33] embora ainda pudesse ser quase decisivo em dérbi de Manchester válido pelas semifinais da Copa da Liga Inglesa: completou com oportunismo após rebatida em arremate de George Best para virar o placar para 2-1 em Old Trafford. Contudo, o Manchester City, que havia vencido o duelo de ida em Maine Road precisamente por 2-1, conseguiu empatar e classificar-se (sendo, adiante, campeão).[34]
Avaliado como jogador já no ocaso da carreira, terminou dispensado pelo Manchester United ao final da temporada 1972-73. Law acertou um retorno ao Manchester City para que sua família pudesse seguir vivendo em Manchester, onde se via estruturada.[35] A temporada seguinte acabou como a última da carreira e terminou de modo famoso: a última rodada do campeonato inglês foi um dérbi de Manchester histórico, no qual o United corria risco de rebaixamento. Law, de calcanhar, marcou o único gol do clássico,[1] sem comemorar.[36]
O gol ganhou ares icônicos, mas não foi responsável por rebaixar diretamente o United, fato sempre ressaltado em posteriores entrevistas dadas por Law - o ex-clube, diante de resultados dos concorrentes em jogos paralelos da rodada (vitória do Birmingham City sobre o Norwich City e empate do West Ham United com o Liverpool), seria rebaixado independentemente do resultado do dérbi.[37] Ao todo, foram doze gols em 29 jogos em seu regresso ao City. Ele inicialmente integrou o elenco dos Sky Blues para a temporada seguinte, mas, descontente com a reserva, optou por parar de jogar.[2]
Recebeu sua primeira convocação para a Seleção Escocesa em 1958, já após a Copa do Mundo daquele ano. A convocação foi feita por Matt Busby, que seria seu treinador posteriormente no Manchester United.[1]
Seu maior momento com a Escócia foi em 1967. Em vitória de grande significado nacional para os escoceses, embora pouco considerada externamente, Law marcou o primeiro gol na vitória por 3 x 2 sobre a campeã do mundo Inglaterra em Wembley - resultado que fez os escoceses se autoproclamarem os novos campeões do mundo, em disputa oficiosa.
Law deixou para encerrar definitivamente a carreira após a Copa do Mundo de 1974, realizada ao fim de sua derradeira temporada (a de 1973/74, quando jogou pelo Manchester City), no que foi o primeiro mundial para o qual conseguiu classificar-se com a Escócia. Law, aos 34 anos, jogou apenas contra o Zaire, na vitória por 2 x 0, ficando de fora dos empates contra Brasil e Iugoslávia.
Apesar da seleção chegar bastante credenciada ao Mundial, em elenco que reunia destacados nomes de Kenny Dalglish, Billy Bremner, Joe Jordan e Peter Lorimer junto a Law, o Tartan Army terminou eliminado na primeira fase, mesmo que sem perder.[38]
Vivendo atualmente nos arredores de Manchester, foi homenageado pelo United com uma estátua no Old Trafford, entre seus ex-companheiros Best e Charlton. E, mesmo sem nunca ter atuado por clubes da Escócia, seus 30 gols em 55 jogos pela Seleção Escocesa e seus anos de glória em Manchester lhe renderam o título de melhor jogador escocês dos 50 anos da UEFA, nos Prêmios do Jubileu da entidade.[1]
Inspirou os pais do astro neerlandês Dennis Bergkamp a escolherem o nome Dennis ao filho.[39]
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