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Espécie de orquídea ornamental Da Wikipédia, a enciclopédia livre
A Dendrobium nobile, também conhecida como olho de boneca, é uma orquidácea muito popular em diversas localidades do mundo, em função da facilidade do seu cultivo e grande beleza apresentada durante a fase de floração.[1]
Olho de Boneca | |||||||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||||
Dendrobium nobile ( Lindl. , 1830) | |||||||||||||||||||
Espécie-tipo | |||||||||||||||||||
D. nobile | |||||||||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||||||||
Callista nobilis (Lindl.) Kuntze Dendrobium coerulescens |
Essa planta faz parte do gênero dendrobium, um dos maiores gêneros das orquídeas, composto por mais de 1500 espécies.[2] Consiste em uma das 50 ervas fundamentais da medicina tradicional chinesa.[3]
A Dendrobium nobile é uma das orquídeas ornamentais mais comuns do mundo, apresentando diversos fenótipos, com ampla diversidade de colorações. Apresentam tonalidades variando desde o rosa claro até o violeta escuro.[4] Espécimes híbridas podem também apresentar outras gamas de cores, além das tonalidades róseas já mencionadas.[5]
Embora atualmente esteja difundida globalmente, a área de ocorrência nativa da Dendrobium nobile compreende o Sul da China e os Himalaias, incluindo o Tibete, partes da Índia, Bangladesh, Assam, Nepal e Butão, além de haver registros de espécimes em partes do Myanmar, Laos e Vietnã.[6] Ocupa desde planícies litorâneas até encostas de montanhas, alcançando terrenos localizados em faixas de altitudes que atingem até 1 400 metros acima do nível do mar.[7][8] Esta espécie também se adaptou ao ser introduzida nas ilhas do Havaí, sendo uma das orquídeas mais comumente encontradas nas florestas locais.[9]
Atualmente a Dendrobium nobile é uma orquídea amplamente difundida. Está dispersa em todo o mundo e possivelmente se trata da espécie mais conhecida do gênero Dendrobium.[4] Contudo, até o ano de 1829, este vegetal não havia sequer sido mencionado pelos manuais e documentos oficiais da área de botânica.[4] Apenas em 1830, a espécie foi oficialmente catalogada, após ter sido descrita pelo botânico inglês John Lindley.[4]
Primeiramente identificada na China, e sendo posteriormente detectada na Índia, de onde alguns espécimes foram levados até a Europa, no século XIX, passou a ser cultivada como planta ornamental. Muitos de seus cultivares passaram a ser desenvolvidos neste período.[4]
O epíteto específico "nobile", presente em seu nome binomial, é derivado do termo latino correspondente à palavra "nobre", indicando a exuberância desse vegetal durante seu período de floração.[4][10]
A Dendrobium nobile consiste em uma orquídea que apresenta crescimento simpodial, formando pseudobulbos. Quando o ciclo de vida da planta matriz se encerra, produz brotos que dão continuidade à sua vida. Esta nova planta desenvolve raízes, cresce e volta a repetir este ciclo.[11]
São espécimes epífitos ou litófitos e habitam biomas diversificados, com elevados níveis de umidade. Possuem raízes finas e brancas, que se fixam em outra planta ou objeto.
Durante o período de floração, os botões florais se formam ao longo do caule. Normalmente, estas flores têm coloração rosada, com presença de tonalidades diversificadas, apresentando matizes mais escuras na faixa central.[10] Em algumas variedades, as flores podem apresentar aromas perfumados. As flores têm largas pétalas e sépalas, com o labelo normalmente apresentando um tom diferente, geralmente mais escuro, o que dá origem ao nome popular "olho de boneca".[12]
A Dendrobium nobile é uma espécie de orquídea extremamente forte, uma vez que em seu habitat natural está adaptada a sobreviver sob bruscas variações térmicas anuais, passando por períodos de intenso calor, intercalados por episódios de tempo atmosférico significativamente mais frios.[7] Esta planta pode sobreviver tranquilamente em temperaturas de 1 a 2°C, durante o inverno, desde que esteja com seus ramos ressecados, durante este período.[7]
É comum a ocorrência de hibridização envolvendo cruzamento com outras espécies de orquídeas, possibilitando a obtenção de flores em cores diversificadas e tonalidades mais vibrantes.[13]
As orquídeas Dendrobium nobile apreciam ambientes com intensa luminosidade e boa ventilação.[14] Podem ser mantidas em vasos, amarradas a galhos de árvores ou plantadas diretamente em blocos de substrato orgânico fibroso, tal como fibra de coco.[15]
Os vasos com essas plantas devem preferencialmente ser mantidos em locais com elevada umidade relativa do ar e temperatura atmosférica entre 18 a 30°C. O substrato deve ser de origem orgânica, como casca de pinus ou fibra de coco.[16] A rega deve ocorrer sempre que se notar que o material em torno das raízes esteja seco,[16] ocorrendo preferencialmente no período da manhã.[17] Deve-se evitar manter o substrato constantemente úmido, pois isso pode causar o surgimento de fungos, que ocasionam a morte das raízes.[18]
Para que o crescimento seja saudável, ela requer de 30 a 40% de sombra, entre o final da primavera até o outono. Quando adulta, não necessita de ambientes sombreados, a menos que as folhas comecem a mostrar sinais de queimaduras solares.[7]
Durante as fases de floração e crescimento ativo, estas orquídeas toleram temperaturas mais altas, devendo ser evitadas temperaturas noturnas inferiores a 12°C. Já no período entre o outono e o inverno, elas requerem exposição a temperaturas mais amenas, o que lhes possibilita armazenar energia para obterem intensa floração, na primavera seguinte.[18][16]
Depois que a planta for exposta a pelo menos quatro semanas de condições mais frias, os botões florais irão se desenvolver em cerca de 40 a 50 dias. Uma vez que os botões estejam desenvolvidos, deve-se evitar a exposição a temperaturas mais baixas, para que o risco de queda de botões seja minimizado.[14]
Após encerrada a fase de florescimento, recomenda-se aparar as pontas das flores nas proximidades do caule. O caule em si não deve ser cortado, pois poderá voltar a florescer no ano seguinte. Além disso, essa porção da planta apresenta uma reserva de energia que pode ser útil à produção de novos ramos, possibilitando crescimento vegetativo. A poda da planta remove essa reserva de energia, tornando o florescimento menos intenso no ano seguinte.[14]
A fertilização do substrato deve ocorrer de forma frequente e em todas as etapas de desenvolvimento do vegetal. A aplicação deve ser efetuada a cada duas semanas, podendo haver utilização de fertilizantes de origem orgânica ou química, com aplicação direta no substrato, na água ou via foliar, conforme necessidade.[19]
Apesar disso, algumas variedades de orquídeas da espécie Dendrobium nobile apresentam grande capacidade de adaptação a distintos ambientes, registrando a formação de flores de forma espontânea, sem que esses cuidados sejam totalmente praticados.[10]
A Dendrobium nobile é uma orquídea relativamente fácil de cultivar, desde que algumas condições básicas sejam atendidas:
A reprodução pode ser efetuada mediante divisão dos pseudobulbos ou pela retirada de mudas de pequenos brotos laterais que apresentam enraizamento, conhecidos popularmente como keikis.[22] Quando se encontram muito volumosas, as plantas podem ser divididas e transplantadas para novos vasos.[23]
Os brotos laterais enraizados normalmente surgem nas bordas dos pseudobulbos em resposta à aplicação excessiva de fertilizantes com nitrogênio. Desta forma, o surgimento desses keikis pode ser induzido por meio de adubação, a qual deve ser praticada com mais intensidade no outono, previamente ao surgimento dos primeiros botões florais.[22]
Comercialmente, a propagação desta orquídea é feita, em geral, por reprodução vegetativa, que permite a transferência genética total da planta usada como matriz. Nesse processo, auxinas podem ser usadas como indutores de enraizamento para aumentar a eficácia do procedimento.[22]
Essas orquídeas são mundialmente cultivadas não só em razão da sua beleza como também da facilidade de seu cultivo.[24] Por não serem consideradas tóxicas para humanos,[25] gatos[26] e cães,[27] trata-se de plantas aptas a figurar em jardins e quintais das residências, independentemente de haver circulação de pessoas ou animais pelo local.[25]
Devido à sua rusticidade, é uma espécie muito utilizada no Brasil, para paisagismo externo. São encontrados espécimes amarrados aos troncos de árvores de vários parques, praças e jardins.[28]
As orquídeas D. nobile apresentam diversos compostos químicos complexos em sua composição, incluindo polissacarídeos, alcaloides e fenantrenos, os quais estão concentrados principalmente nos caules.[29] Estudos também detectaram a presença de diversos glicosídeos, flavonas e flavonoides nas folhas, além de traços de bibenzil.[30]
Análises do extrato obtido a partir dos bulbos de plantas adultas indicaram a presença de diversos alcaloides, com destaque para a dendrobina, a qual se apresenta com concentração de aproximadamente 0,5% em relação à massa total do vegetal.[3] A Dendrobium nobile é a única planta conhecida capaz de produzir naturalmente a dendrobina, embora já se conheçam técnicas para sintetizar a substância em laboratórios.[31]
Avaliações empreendidas também encontraram grande numero de enzimas antioxidantes e antioxidantes não enzimáticos, incluindo ácido ascórbico, tocoferol e betacaroteno, os quais apresentam papel fundamental na eliminação de moléculas de radicais livres de oxigênio dos organismos destas plantas.[30]
A elevada diversidade e complexidade dos elementos químicos presentes na planta é indicativo do potencial para utilização para fins medicinais.[32]
Para a medicina tradicional chinesa, a Dendrobium nobile é considerada fundamental por ser fonte de substâncias tônicas, adstringentes, analgésicas, antipiréticas, antifúngicas, antivirais e anti-inflamatórias.[3] Tradicionalmente, na China, esta planta é utilizada como erva medicinal para o tratamento de ampla variedade de distúrbios digestivos.[29]
Estudos mais recentes indicam que este vegetal também apresenta substâncias com efeitos anti-carcinogênicos, anti-envelhecimento e neuroprotetivos.[29] Segundo tais análises, os diversos polissacarídeos, alcaloides e fenantrenos existentes nesta orquídea faz com que apresente ampla gama de propriedades farmacológicas, havendo necessidade de continuidade dos estudos envolvendo sua ação em humanos.[29]
Também se estuda a ação dos polissacarídeos presentes na Dendrobium nobile como agentes imunomoduladores, ou seja, favorecedores do fortalecimento do sistema imunológico.[29]
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