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cocktail originário do Brazil Da Wikipédia, a enciclopédia livre
A caipirinha é um coquetel brasileiro, de origem paulista, criado no interior de São Paulo,[1] feito com cachaça, açúcar, limão e gelo.[2] Variações incluem a Caipirosca - com vodca ao invés de cachaça - e a caipiríssima - com rum.[3]
Conhecida e consumida nacional e internacionalmente, a caipirinha é um dos componentes mais famosos da culinária brasileira, sendo a receita nacional mais popular mundialmente[4] e frequentemente considerada a melhor bebida do país[5] e um dos melhores coquetéis/drinks do mundo, tendo alcançado a terceira colocação em 2024, de acordo com o site especializado TasteAtlas.[6][7][8]
Devido à sua importância e popularidade, a caipirinha foi tombada como Patrimônio Cultural Brasileiro em 2003;[9] em 2019, foi considerada Patrimônio Imaterial do Rio de Janeiro, apesar de sua origem paulista.[10] Integra a lista de coquetéis oficiais da International Bartenders Association (IBA).[11]
Existem diferentes versões para a origem da bebida. Entre as fontes acadêmicas, é consenso que a caipirinha foi inventada no interior de São Paulo, havendo, no entanto, divergências quanto à razão de sua origem e à região específica no estado de São Paulo em que ela teria surgido.[12]
Segundo aponta o historiador Luís da Câmara Cascudo, a caipirinha foi criada por fazendeiros latifundiários na região de Piracicaba, no Estado de São Paulo, durante o século XIX, como um drinque local para festas e eventos de alto padrão, sendo um reflexo da forte cultura canavieira na região. A caipirinha, em seus primeiros dias, era vista como um substituto local de boa qualidade ao uísque e ao vinho importados, sendo, a bebida, servida frequentemente em coquetéis de alta classe de fazendeiros, vendas de gado e eventos de grande notoriedade.[13] Dessa origem de alta classe, a caipirinha logo passou para o gosto popular devido ao baixo preço de seus ingredientes, popularizando-se por todo o estado e se tornando a bebida-símbolo de São Paulo no século XIX. No início do século XX, na década de 1930, já era possível encontrá-la em outros estados, especialmente no Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Em outra versão apresentada pelo IBRAC (Instituto Brasileiro da Cachaça), a história da caipirinha começa por volta de 1918, no interior do estado de São Paulo. Nela, a caipirinha como conhecemos hoje teria sido criada a partir de uma receita popular feita com limão, alho e mel, indicada para os doentes da gripe espanhola. Como era bastante comum colocar um pouquinho de álcool em todo remédio caseiro, a fim de acelerar o efeito terapêutico, a cachaça era sempre usada. "Até que, um dia, alguém resolveu tirar o alho e o mel. Depois, acrescentaram umas colheres de açúcar para adoçar a bebida. O gelo veio em seguida, para espantar o calor", explica Carlos Lima, diretor-executivo do Ibrac (Instituto Brasileiro da Cachaça).[14][15][16][17] Ainda segundo o mesmo, a difusão da caipirinha para o restante do Brasil teria se dado através da Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo: a bebida teria ganhado grande popularidade entre os artistas do evento como um símbolo de brasilidade, e os artistas a teriam introduzido em seus estados de origem ao final do evento.[16]
Tal versão, embora não seja inteiramente coincidente com a do historiador Luis da Câmara Cascudo, condiz com a versão do acadêmico no que tange a sua origem geográfica e quanto ao período em que a mesma teria se difundido para o restante do Brasil, divergindo no entanto a data e a razão de surgimento da bebida.
Outra versão, citada em matéria do jornal paranaense Gazeta do Povo, relata outra história, que coloca a origem do coquetel ainda mais para trás na linha do tempo, afirmando que marinheiros que passavam pelo Rio de Janeiro adicionariam limão às doses de cachaça que bebiam para evitar o escorbuto, e que teria sido uma questão de tempo até ser adicionado o açúcar. Tal referência, no entanto, não menciona quais historiadores ou acadêmicos defendem tal tese.[16]
Outra versão ainda afirma que o nome "caipirinha" foi criado como uma homenagem à pintora Tarsila do Amaral, natural de Capivari, interior de São Paulo. Segundo essa versão, a pintora servia a bebida a pessoas que frequentavam sua casa em Paris, antes da Semana de Arte Moderna de 1922.[18]
A bebida é servida em um copo para caipirinha, podendo ser acompanhado de um pequeno canudo ou palitos de madeira. Tradicionalmente, a caipirinha é feita no copo em que é servida. Apesar disso, é comum o uso de coqueteleira para a mistura dos ingredientes.
Gozando de grande popularidade mundo afora, inúmeras variações dessa bebida são conhecidas. Em algumas regiões, açúcar mascavo é usado em vez do refinado. Mesmo no Brasil, podem ser encontradas variantes com adoçantes artificiais ou com uma grande variedade de frutas. Além disso, a cachaça, algumas vezes, é substituída por vodca (caipiroska, marca registrada pela Smirnoff), Licor Beirão (conhecido por caipirão), rum (caipiríssima, marca registrada pela Bacardi), "Caipirinhas" de saquê (saquerinha) ou vinho (caipivinho) também são feitas.[3] Em Cabo Verde, a caipirinha é também preparada com grogue, um rum forte local.[19][20]
É importante observar que o que se chama de limão no Brasil, conhecido como limão-taiti (verde e ácido), é conhecido como lima ácida verde em outros lugares. Assim, seja por dificuldade de encontrar o tipo de cítrico que se usa no Brasil ou por confusão acerca do nome, em muitos lugares, especialmente no hemisfério norte, a caipirinha é feita com lima em vez do limão-taiti — o que em outros lugares é conhecido como limão, é conhecido no Brasil como limão-amarelo ou limão-siciliano, de casca mais grossa e amarelada.
Em 2009 foi assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva um decreto, que, dentre outras prerrogativas, estabelece uma padronização para a bebida:[2]
§ 5º A bebida prevista no caput, com graduação alcoólica de quinze a trinta e seis por cento em volume, a vinte graus Celsius, elaborada com cachaça, limão e açúcar, poderá ser denominada de caipirinha (bebida típica do Brasil), facultada a adição de água para a padronização da graduação alcoólica e de aditivos.— Decreto nº 6.871
O texto substituiu um decreto de 2003,[21] que por sua vez substituía um assinado em 2002 pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, que dava definição similar à bebida.[14][22]
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