Tema Bucelário (em grego: Βουκελλάριον θέμα; romaniz.: Boukellarion thema), mais corretamente chamado de Tema dos Bucelários (em grego: θέμα Βουκελλαρίων; romaniz.: thema Boukellariōn), foi um tema bizantino (uma província civil-militar) localizado no norte da Ásia Menor. Foi criado por volta do meio do século VIII e abrangia a maior parte da antiga região da Paflagônia e partes da Galácia e da Frígia.[1] O nome do tema deriva de bucelários (bucellari), uma tropa de elite formada por cavaleiros godos ou romanos e utilizada geralmente como tropas contratadas por cidadãos ricos como guardas.

Factos rápidos
Βουκελλάριον θέμα
Tema Bucelário
Tema do(a) Império Bizantino
743/767-século XI

Thumb
Temas bizantinos por volta de 780, após a divisão do Tema Opsiciano para formar o Tema Bucelário e o Tema dos Optimates.
Capital Ancira
Líder estratego

Período Idade Média
743/767 Fundação por Constantino V Coprônimo
século XI Invasão pelos turcos seljúcidas
Fechar

O tema foi fundado entre 743 e 767 pelo imperador Constantino V Coprônimo (r. 741–775) em sua tentativa de reduzir o poder dos governantes provinciais. Abrangia uma ampla região, porém foi gradualmente devido a fundação dos Temas da Paflagônia, Capadócia e Carsiano. Existiu até o século XI, quando foi conquistado pelos turcos seljúcidas.

História

O tema foi fundado em algum momento entre 743 e 767 pelo imperador Constantino V Coprônimo (r. 741–775) após o fim da revolta de Artavasdo (r. 741–742), o conde do Tema Opsiciano. O novo tema, juntamente com o Tema dos Optimates, foi criado com territórios retirados de Opsício como parte da política imperial de reduzir o poder dos governantes da província.[2][3][4] No início do século VII, formavam uma divisão de elite do exército do Tema Opsiciano, comandada por um doméstico antes da criação do tema.[5]

O estratego dos bucelários apareceu pela primeira vez nas fontes em 767, data que é um terminus ante quem para sua criação. A capital do novo tema era Ancira, que já era a capital dos opsicianos, e pertencia à segunda camada de prestígio entre os estrategos, com um salário anual de 15 quilos de ouro. De acordo com geógrafos árabes, ele comandava por volta de 8 000 soldados.[1] O estatuto dos estrategos do Tema Bucelário na corte imperial variava do mediano espatário até o mais elevado protoespatário, com apenas uma única ocorrência dum estratego com o estatuto mais exaltado de patrício no século X.[4][6]

Thumb
Soldo de Leão III (r. 717–741) e Constantino V (r. 741–775)
Thumb
Fólis de Leão VI (r. 886–912)

Claudiópolis é a única cidade sede de uma turma atestada nas fontes. A despeito de ter sido originalmente um tema de cavalaria (thema kaballarikon), o Tema Bucelário, assim como tema posterior da Paflagônia, também havia uma pequena frota, ativa no Mar Negro. O "catepano dos bucelários e paflagônios", com um selo atestado no século X, era o comandante deste contingente naval. Porém, as evidências indicam que, no século X, essa frota era composta apenas de navios mercantes e transportes, sem naus de guerra.[4][6]

Inicialmente, o tema ia da costa do Mar Negro até a região central do Planalto Anatólico, fazendo fronteira com o Tema dos Optimates e Opsiciano no ocidente, o Tema Anatólico ao sul e o Armeníaco a leste. No século IX, porém, provavelmente por volta de 820, a parte nordeste do tema foi destacada e formou, juntamente com parte do Tema Armeníaco, o novo Tema da Paflagônia. Sua extensão territorial foi reduzida ainda mais por Leão VI, o Sábio (r. 886–912), que removeu oito bandos das regiões sul e sudeste do tema para formar partes dos novos temas da Capadócia (à volta do Lago Tuz) e Carsiano (a leste do rio Hális).[7]

No século IX, abrangia duas cidades e treze fortalezas, enquanto que cinco cidades foram registradas um século depois.[1][4] O Tema Bucelário sobreviveu até ser invadido pelos turcos seljúcidas após a batalha de Manziquerta em 1071.[8] O nome Bucelário, porém, sobreviveu como a designação geográfica para a região nas fontes bizantinas até pelo menos 1263.[4]

Referências

  1. Kazhdan 1991, p. 316.
  2. Lounghis 1996, p. 28–32.
  3. Treadgold 1995, p. 29, 71.
  4. Lounghis 1996, p. 31–33.
  5. Lounghis 1996, p. 29–30.
  6. Kazhdan 1991, p. 316–317.
  7. Kazhdan 1991, p. 317.

Bibliografia

  • Treadgold, Warren T. (1995). Byzantium and Its Army, 284–1081 (em inglês). Stanford, Califórnia: Stanford University Press. ISBN 0-8047-3163-2

Wikiwand in your browser!

Seamless Wikipedia browsing. On steroids.

Every time you click a link to Wikipedia, Wiktionary or Wikiquote in your browser's search results, it will show the modern Wikiwand interface.

Wikiwand extension is a five stars, simple, with minimum permission required to keep your browsing private, safe and transparent.