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tipo de criminoso de perfil psicopatológico que comete crimes com determinada frequência Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Um assassino em série ou assassino serial (também conhecido pelo nome em inglês, serial killer) é um tipo de criminoso de perfil psicopatológico que comete crimes com determinada frequência, geralmente seguindo um modus operandi. Comumente, em casos mais ilustres, a figura do criminoso é eternizada na cultura popular, sendo reconhecida por várias gerações.
Assassino em série | |
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"O Nêmesis da Negligência" Jack, o Estripador retratado como um fantasma assombrando Whitechapel e "personificando" a negligência social, num cartoon da revista Punch de 1888. |
O termo teria sido usado pela primeira vez em meados de 1970 por Robert Ressler, agente aposentado do FBI.[1][2][3]
Segundo a Enciclopédia Britânica, um assassino em série é aquele que comete ao menos dois (02) assassinatos. Segundo esta enciclopédia também, o FBI inicialmente considerava que um criminoso poderia ser denominado assassino em série quando matasse pelo menos quatro pessoas, mas que o órgão mudou esta definição nos anos 1990, quando passou a considerar que poderia ser definido um assassino serial quem matasse três vítimas ou mais.
A criminóloga brasileira Ilana Casoy escreve em seu livro "Serial Killer: louco ou cruel?", na página 18, que: [4]
O primeiro obstáculo na definição de um assassino em série é que algumas pessoas precisam ser mortas para que ele possa ser definido assim. Alguns estudiosos acreditam que cometer dois assassinatos já faz daquele assassino, um assassino em série. Outros afirmam que o criminoso deve ter assassinado pelo menos quatro pessoas.
Uma definição de assassino em série foi publicada pelo Instituto Nacional de Justiça em 1988:
Uma série de dois ou mais assassinatos cometidos como eventos separados, normalmente, mas nem sempre, por um infrator atuando isolado. Os crimes podem ocorrer durante um período de tempo que varia desde horas até anos. Quase sempre o motivo é psicológico, e o comportamento do infrator e a evidência física observada nas cenas dos crimes refletiram nuanças sádicas e sexuais.[5]
Ney Fayet Jr., professor de Criminologia do programa de pós-graduação em Ciências Criminais da PUC do Rio Grande do Sul, explicou para a BBC em novembro de 2017, que este tipo de criminoso age com "excesso de brutalidade, impulsividade, frieza e sadismo".[3]
Segundo o Psiqweb, há um estereótipo comum à maioria dos assassinos em série: são homens jovens, de raça branca, que atacam preferentemente as mulheres e que cometeram seu primeiro crime antes dos 30 anos de idade. "Evidentemente aceita-se muitas exceções", enfatizou o site. Exemplos não faltam: Andrei Chikatilo, por exemplo, é considerado um assassinos em série de iniciação tardia, uma vez que cometeu seu primeiro crime após os 40 anos de idade. Assim, obviamente, há também diversos casos de assassinos em séries do sexo feminino.
Segundo o artigo O perfil psicológico dos assassinos em série e a investigação criminal, publicado pela Escola Superior de Polícia Civil, em geral os assassinos em série sofrem de psicopatia ou psicose. O autor do texto explica:[6]
A maioria das pessoas tende a imaginar o assassino em série como uma pessoa louca ou doente mental, o que se verifica não ser verdade na maioria dos casos. Há, no entanto, consenso de que os assassinos seriais possuem ligações íntimas com a psicopatia e a psicose, que são desvios mentais distintos. A psicose é uma doença mental que provoca uma alteração na noção da realidade, onde um mundo próprio se forma na mente do psicótico, ou seja, ele vive num delírio e sofre alucinações, ouvindo vozes e tendo visões bizarras. As formas mais conhecidas de psicose são a esquizofrenia e a paranoia. Apenas uma reduzida parcela dos assassinos em série se enquadra no lado dos psicóticos, o que derruba a crença popular de que todo assassino em série é louco. Por outro lado, a psicopatia afeta a mente do assassino de forma diversa. Não cria nenhum tipo de ilusão na mente, ou seja, o indivíduo vê claramente a realidade e sabe que é proibido matar, porém suas perturbações mentais os fazem ser frios e sem empatia. Basicamente o assassino em série psicopata vive uma vida dupla, mantendo uma aparência voltada para a sociedade, muitas vezes sendo uma pessoa gentil, racional e que interage com o meio social, porém, sua verdadeira identidade é mostrada somente para suas vítimas: um ser dissimulado e incapaz de sentir pena e de obter satisfação com tortura, estupro e assassinato.
O artigo "Transtornos de personalidade, psicopatia e serial killers" publicado pela Scielo, corrobora a ideia, citando um estudo que concluiu que 86,5% dos seriais killers tinham psicopatia: [7]
Em relação a características de personalidade, em um estudo conduzido por Stone, 86,5% dos assassinos em série preenchiam os critérios de Hare para psicopatia, sendo que um adicional de 9% exibiu apenas alguns traços psicopáticos, mas não o suficiente para alcançar o nível de psicopatia. Um achado marcante nesse estudo foi o fato de aproximadamente metade dos assassinos em série exibirem personalidade esquizóide, como definido pelo DSM-IV. Alguns traços esquizóides estavam presentes ainda em um adicional de 4% dos sujeitos de pesquisa. Transtorno de personalidade sádica, como descrito no apêndice do DSM-III-R, estava presente em 87,5% dos homens e traços discretos foram encontrados em 1,5% deles. Por fim, esse estudo mostrou grande sobreposição entre psicopatia e transtorno sádico de personalidade: dos assassinos em com psicopatia, 93% também apresentaram transtorno sádico. Metade dos psicopatas era esquizóide. Quase a metade apresentou critérios para os três tipos de transtorno: psicopático, esquizóide e sádico.
Segundo o site especializado em psiquiatria, Psiqweb, há assassinos em série que sofreram traumas ainda jovens, motivo pelo qual podem vingar-se da sociedade. Não raro este tipo de criminoso repete os crimes dos quais foi vítima - estupra meninos jovens quando ele mesmo foi estuprado na mesma idade - ou mata pessoas do perfil que lhe causaram algum trauma - matar prostitutas porque a mãe, por exemplo, era uma prostituta. Muitos deles também relataram em seus depoimentos terem sofrido bullying na escola ou mesmo em casa.
Alguns têm sofrido uma infância traumática, devida a maus tratos físicos ou psíquicos, motivo pelo qual têm tendência a isolar-se da sociedade e/ou vingar-se dela. Estas frustrações, ainda segundo análises de estereótipos, introduzem os Assassinos em Série num mundo imaginário, melhor que seu real, onde ele revive os abusos sofridos identificando-se, desta vez com o agressor. Por esta razão, sua forma de matar pode ser de contacto direto com a vítima: utiliza armas brancas, estrangula ou golpeia, quase nunca usa arma de fogo. Seus crimes obedecem uma espécie de ritual onde se misturam fantasias pessoais com a morte.
Muitos dos assassinos em série que foram capturados aparentavam ser cidadãos respeitáveis — atraentes, bem-sucedidos, membros ativos da comunidade — até que seus crimes foram descobertos. Geralmente demonstram três comportamentos durante a infância, conhecidos como a Tríade MacDonald:[8][9]
Segundo o site especializado em Psiquiatria, Psiqweb, o diagnóstico leva em conta as características dos crimes, que seguem um padrão geralmente definido, o que diferencia o serial killer de outros assassinos:[10]
Os Assassinos em Série (serial killers) são uma (...) dificuldade para a psiquiatria, uma vez que não se encaixam em nenhuma linha do pensamento específica. (...) A diferença do assassino em massa, que mata a várias pessoas de uma só vez e sem se preocupar pela identidade destas, o assassino em série elege cuidadosamente suas vítimas selecionando a maioria das vezes pessoas do mesmo tipo e características. Aliás, o ponto mais importante para o diagnóstico de um assassino em série é um padrão geralmente bem definido no modo como ele lida com seu crime. Com freqüência eles matam seguindo um determinado padrão, seja através de uma determinada seleção da vítima ou de um grupo social com características definidas, como p. ex. as prostitutas, homossexuais, policiais, etc.
Existem basicamente dois tipos de assassinos em série:
Outra classificação é a proposta por Blackburn (1998)[11] que desenvolveu uma tipologia para os subtipos de psicopatas, inclusive considerando o aspecto antissocial como se tratasse de um dos sintomas possíveis de estar presente em certos casos. Inicialmente ele fez uma distinção entre dois tipos de psicopatas e ambos compartilhando um alto grau de impulsividade: um Tipo Primário, caracterizado por uma adequada socialização e uma total falta de perturbações emocionais, e um Tipo Secundário, caracterizado pelo isolamento social e traços neuróticos.[11]
Apesar de serem referências de um modelo patológico de agressão, a personalidade sociopata necrófila e/ou sádica, tal como diagnosticado por Fromm correspondem às características do ditador Adolf Hitler (1889–1945), detalhadamente analisado em seu livro (o.c.) e de outros personagens sabidamente cruéis, feito o cangaceiro brasileiro, vulgo Lampião (1898–1938) e outros personagens históricos como os imperadores romanos Nero (54—68) e Calígula (37—41). Observe-se, porém que a compreensão de cada personalidade deve ser devidamente contextualizada política e socioculturalmente antes de tentativa de enquadramento num diagnóstico psiquiátrico de psicopatia ou perversão. Essa contextualização é o que permite diferenciar o matador contumaz e lúcido, que na época e local ou grupo social, onde viveram são considerados normais ou líderes, do assassino em série isolado socialmente não diferenciados por quantidades de mortes que produzem (não considerando o efeito multiplicador da sua condição de líder) ou natureza de sua agressividade sádica.
Em geral, os assassinos em série cometem crimes com certas características, que são, justo as que os diferenciam de outros assassinos e são uma espécie de assinatura. Ilana Casoy diz que "suas vítimas têm o mesmo perfil, a mesma faixa etária, são escolhidas ao acaso e mortas sem razão aparente".[4]
No entanto, Casoy enfatiza que a área de atuação e o modus operandi são mais característicos dos assassinos do tipo "organizados". Ela usa o termo, por exemplo, "geograficamente estáveis ou não" e escreve também que os desorganizados "agem por impulso, perto de onde moram, usando armas encontradas no local de ação".[4]
Diante das dificuldades de identificação dos potenciais agressores, bem como do espectro variado de suas manifestações, uma estratégia de estimar sua incidência ou prevalência, que nesse caso são equivalentes pela cronicidade do quadro, é calcular a incidência global do transtorno de personalidade (TP) na população geral que, segundo revisão de Morana et al,[12] varia entre 10% e 15%, sendo que cada tipo de transtorno contribui com 0,5% a 3%. Entre os americanos adultos, 38 milhões apresentam pelo menos um tipo de TP, o que corresponde a 14,79% da população. Esse tipo de transtorno específico de personalidade é marcado por uma insensibilidade aos sentimentos alheios. Quando o grau dessa insensibilidade se apresenta elevado, levando o indivíduo a uma acentuada indiferença afetiva, ele pode adotar um comportamento criminal recorrente e o quadro clínico de TP assume a forma de psicopatia.
Não há como enumerar a incontável lista de assassinos em série, num passado tão tumultuado e violento como o da humanidade e o método clínico baseia-se na análise de histórias de vida. A título de exemplo observe-se os casos mais conhecidos, cruéis e bizarros que são:
A tipificação dos crimes e delitos é um exercício comum às ciências jurídicas, sociais e à psicologia. Uma possível classificação de perversões ou psicopatologias que tem como consequência uma multiplicidade de vítimas é a identificação de uma categoria para o criminoso, tal como criada a categoria dos serial killers. Um exemplo típico é o criminoso que atira a esmo (shoothing away), aparentemente sem a escolha típica de um perfil identificador ou biotipo onde focaliza sua atenção e/ou o seu ódio. Esse padrão criminoso distingue-se do genocídio e atos terroristas e outras formas do assassínio em massa por ser uma escolha individual (algumas vezes de duplas ou pequenos grupos) mas são crimes igualmente premeditados e planejados, confundem-se, também, com a categoria mórbida do suicídio ampliado, ou seja crimes passionais seguidos de autodestruição e/ou o ataque-suicida. Nina Rodrigues (1862-1906), um dos primeiros pensadores brasileiros sobre os massacres coletivos, considerava o crime a dois, tipo o de Columbine, 1999, a forma embrionária dos crimes em massa, já sendo possível identificar-se a condição de líder e liderado bem como a presença de "ideologia" ou crença motivadora.[15] O cerco à escola de Beslan, por outro lado é um outro exemplo onde não se distingue nitidamente a ação individual da coletiva.
Observe-se que toda categorização é imperfeita, mas deve ser realizada para que melhor se possa tentar prevenir ou controlar tais fenômenos. A relação abaixo apresentada, por exemplo, pode ser compreendida ou modificada pela idade e tipo de motivação do agressor ou mesmo pelo local da escolha das vítimas (escolas, shoppings, cinemas, estradas, etc.):[16][17]
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