Destaca-se entre os autoreseuropeus contemporâneos pelo carácter crítico e irreverente da sua obra, bem como pela diversidade dos meios em que trabalhou: poesia, ficção, teatro, linguística, crítica, televisão, happenings e performances.
Pimenta foi Leitor de Português em Heidelberg, contratado pelo governo português a partir de 1960. Devido à sua oposição ao regime fascista português e à política colonialista em África, foi demitido em 1963. Porém, não voltou ao seu país nesse momento, pois foi contratado pela Universidade de Heidelberg. Aí permaneceu até voltar a Portugal em 1977, poucos anos depois da Revolução dos Cravos.
Em 1977, publicou o livro de poesia Ascensão de dez gostos à boca, que sintetiza a combinação, típica desse autor, da experimentação formal com o inconformismo social e político. Nesse mesmo ano, realizou um histórico happening no Jardim Zoológico de Lisboa: trancou-se numa jaula (que ficava ao lado de uma outra onde estavam dois macacos) com uma tabuleta indicando "Homo sapiens". O acontecimento foi registrado no livro homónimo. Também em 1977, lançou o seu livro mais traduzido, "Discurso sobre o filho-da-puta", obra inclassificável que se avizinha do ensaio.
A partir da década de noventa, a sua obra passou a referir-se mais directamente aos fenómenos ligados à globalização. Ainda há muito para fazer (1998), por exemplo, é um poema longo que parodia os discursos publicitários e da internet, e trata dos efeitos sociais da Guerra de Kosovo e da União Europeia. É também nessa década que participa no programa da SIC A Noite da Má Língua.
O caráter insurrecto e experimental da sua obra ainda tornam Alberto Pimenta um autor controverso no meio académico português. Actualmente é professor aposentado da Universidade Nova de Lisboa.[3]
Poesia
1970 - O labirintodonte (Lisboa).
1971 - Os entes e os contraentes (Coimbra).
1973 - Corpos estranhos (Coimbra).
1977 - Ascensão de dez gostos à boca (Coimbra).
1980 - Jogo de pedras (Lisboa: Appia) - Antologia.
1986 - Metamorfoses do vídeo - Antologia com organização de Filipe Liz e António Pocinho (Lisboa: José Ribeiro Editor).
1988 - The Rape (Lisboa: Fenda).
1990 - Obra quase incompleta (Lisboa: Fenda) - Poesia reunida.
1992 - Tomai, isto é o meu porco (Lisboa: Fenda).
1992 - A divina multi(co)média (Lisboa: &etc).
1993 - Santa copla carnal (Lisboa: Fenda).
1996 - A sombra do frio na parede (Porto: Edições Mortas).
1997 - Verdichtungen (Viena: Splitter).
1998 - As moscas de pégaso (Lisboa: &etc).
1998 - Ainda há muito para fazer (Lisboa: &etc).
2000 - Ode pós-moderna (Lisboa: &etc).
2001 - Grande colecção de inverno 2001-2002 (Lisboa: &etc).
2002 - Tijoleira (Lisboa: &etc).
2004 - A encomenda do silêncio (São Paulo: Odradek Editorial) - Antologia com organização de Pádua Fernandes e apresentação de João Alexandre Barbosa.
2005 - Marthiya de Abdel Hamid segundo Alberto Pimenta (Lisboa: &etc).
2006 - Imitação de Ovídio (Lisboa: &etc).
2007 - Indulgência plenária (Lisboa: &etc).
2007 - Tanto fogo e tanto frio: O último sonho de Olímpio (Lisboa: &etc).
2007 - Planta rubra (Lisboa: &etc).
2008 - Prodigioso Acanto (Lisboa: &etc).
2010 - Registo de viver (Lisboa: Perve Global) - Livro-objeto artístico e filme dirigido por Carlos Cabral Nunes, com participação da soprano Manuela Moniz.
2010 - Que lareiras na floresta (Porto: 7 Nós) - Antologia com organização de Júlio do Carmo Gomes e de Alberto Pimenta.
2011 - Reality Show ou Alegoria das Cavernas (Mia Soave).
2011 - O Desencantador (Porto: 7 Nós).
2012 - Al Face-Book (Porto: 7 Nós).
2012 - De nada (Lisboa: Boca) - Áudio livro.
2014 - Autocataclismos (Lisboa: Pianola Editores)
2016 - Nove Fabulo, o Mea Vox | De Novo Falo, a Meia Voz (Lisboa: Pianola Editores)
2018 - Pensar Depois | No Caminho (Lisboa: Edições do Saguão)
2019 - Zombo (Lisboa: Edições do Saguão)
2021 - Ilhíada (Lisboa: Edições do Saguão)
Prosa
1977 - Discurso sobre o filho-da-puta (Lisboa: Teorema)
1980 - Discorso sul figliodiputtana (Milão: All'Insegna del Pesce)
1980 - Bestiário Lusitano (Lisboa: Appia)
1982 - Discurso sobre o filho da puta (Rio de Janeiro: Codecri)
1984 - As 4 estações (Lisboa: &etc)
1988 - Sex shop suey (Lisboa: &etc)
1990 - Discurso sobre el hijo de puta (Valencia: Víctor Orenga)
1994 - O terno feminino (Lisboa: &etc)
1996 - Adresse aux fils de pute (Paris: L'insomniaque)
1997 - A repetição do caos (Lisboa: &etc)
1999 - Elles: um epistolado (com Ana Hatherly; Lisboa: Escritor)
2000 - Discurso sobre o filho-de-deus, ao qual se segue o Discurso sobre o filho-da-puta (Lisboa: Teorema)
2004 - Deusas ex-machina (Lisboa: Teorema)
2010 - Discurso Sobre o Filho-da-Puta (Porto: 7 Nós)