Revolução Pernambucana
movimento separatista ocorrido na capitania de Pernambuco em 1817 / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
A Revolução Pernambucana, também conhecida como Revolução dos Padres, foi um movimento de caráter liberal e republicano que eclodiu no dia 6 de março de 1817 em Pernambuco, no Brasil.[1][2] Dentre as suas causas, destacam-se a influência das ideias iluministas propagadas pelas sociedades maçônicas contra o absolutismo monárquico português e os enormes gastos da Família Real e seu séquito recém-chegados ao Brasil — a Capitania de Pernambuco, então a mais lucrativa da colônia, era obrigada a enviar para o Rio de Janeiro grandes somas de dinheiro para custear salários, comidas, roupas e festas da Corte, o que dificultava o enfrentamento de problemas locais (como a seca ocorrida em 1816) e ocasionava o atraso no pagamento dos soldados, gerando grande descontentamento no povo pernambucano.[2][3][4]
Revolução Pernambucana | |
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Bênção das bandeiras da Revolução de 1817, óleo sobre tela de Antônio Parreiras. | |
Participantes | Domingos José Martins Padre João Ribeiro Vigário Tenório Domingos Teotônio Jorge José de Barros Lima, o Leão Coroado José Luís de Mendonça Padre Roma Padre Miguelinho Antônio Henriques Rabelo Amaro Gomes Coutinho Francisco José da Silveira José Peregrino Inácio de Albuquerque Maranhão André de Albuquerque Maranhão Padre Antônio Pereira Frei Caneca Bárbara de Alencar Antônio Carlos de Andrada Cruz Cabugá Gervásio Pires José de Barros Falcão de Lacerda Francisco de Albuquerque Melo Entre outros |
Data | 6 de março a 20 de maio de 1817 |
Único movimento por liberdade do período de dominação portuguesa que ultrapassou a fase conspiratória e atingiu o processo de tomada do poder, a Revolução Pernambucana provocou o adiamento da aclamação de João VI de Portugal como Rei e o atraso da viagem de Maria Leopoldina de Áustria para o Rio de Janeiro, mobilizando forças políticas e suscitando posicionamentos e repressões em todo o Reino do Brasil.[3][5][6][7] Foi durante a insurreição de 1817 que a República foi proclamada pela primeira vez em terras brasileiras.[8]
A repressão foi violenta. Quatorze revoltosos foram executados pelo crime de lesa-majestade (a maioria enforcados e esquartejados, enquanto outros foram fuzilados), e centenas morreram em combate ou na prisão.[9] Ainda em retaliação, Dom João VI desmembrou a então comarca das Alagoas do território pernambucano (sete anos mais tarde, Dom Pedro I tiraria de Pernambuco as terras que correspondem ao atual Oeste da Bahia como punição pela Confederação do Equador).[10] Apenas na data de sua coroação, em 6 de fevereiro de 1818, Dom João VI ordenou o encerramento da devassa.[11] Diferentemente da Inconfidência Mineira, cujo mártir Tiradentes era trabalhador braçal, e da Conjuração Baiana, que resultou na execução de quatro jovens negros e pardos, no movimento pernambucano os homens condenados à morte eram em sua maioria brancos e de classes sociais mais abonadas.[1]
A Revolução Pernambucana contou com relativo apoio internacional: os Estados Unidos, que dois anos antes tinham instalado no Recife o seu primeiro Consulado no Brasil e no Hemisfério Sul devido às relações comerciais com Pernambuco, mostraram-se favoráveis à insurreição, bem como os ex-oficiais de Napoleão Bonaparte que pretendiam resgatar o seu líder do cativeiro em Santa Helena, levá-lo a Pernambuco e depois a Nova Orleans.[12][13] Os revolucionários, oriundos de várias partes da colônia, tinham como objetivo principal a conquista da Independência do Brasil em relação a Portugal, com a implantação de uma república federalista inspirada nos Estados Unidos. O movimento abalou a confiança na construção do império americano sonhado por Dom João VI, e por este motivo é considerado o precursor da independência conquistada em 1822.[14]