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Patellogastropoda Lindberg, 1986,[1][2] historicamente denominada de Docoglossa Troschel, 1866,[3] é uma subclasse da classe Gastropoda[1] (a mesma classe dos caracóis, caramujos e lesmas). Também são conhecidos pelo termo lapa, embora esse termo também se aplique a moluscos de outros clados.
Estes moluscos caracterizam-se por suas conchas calcárias, vagamente cônicas e não espiraladas. Suas conchas são geralmente ovais com uma protuberância próxima ao centro, embora existam exceções.[4]
Possuem duas brânquias na maioria das vezes. Em algumas espécies, há apenas uma, que se projeta no lado direito.[4]
A maior parte das espécies não chega a ter mais de oito centímetros, sendo que muitas são bem menores. Entretanto, algumas espécies, como a Patella mexicana, oriunda do oeste do México, podem chegar a ter vinte centímetros de diâmetro.
O tempo de vida desses moluscos é variável, mas geralmente longo. Foram registrados espécimes que viveram mais de uma década.
O tempo de vida tende a diminuir em função do aumento da quantidade de alimento. Espécimes que vivem em rochas estéreis tendem a crescer mais lentamente e viver mais que aqueles que vivem em ambientes com mais disponibilidade de alimento. Por exemplo, os indivíduos da espécie Patella vulgata podem viver até cerca de quinze anos, com um crescimento muito lento, em rochas. Se alimentos são abundantes, porém, crescem muito mais rapidamente, mas só vivem dois ou três anos.[5]
Espécies dessa ordem podem ser encontradas em costas rochosas de todos os oceanos. Na costa brasileira, a espécie Acmaea subrugosa (ou Collisella subrugosa), vulgarmente denominada chapeuzinho chinês, é bastante comum. A espécie Patella vulgata apresenta também ampla distribuição, sendo encontrada nas costas do Mar Adriático, do Mar Mediterrâneo e Oceano Atlântico.
São muito comuns nas zonas entre marés, onde fixam-se às rochas. A maior parte das espécies aderem às rochas e outros substratos agarrando as protuberâncias e depressões do substrato com seu poderoso pé.[4] Também conseguem se pressionar contra as rochas com força considerável, protegendo-se das ondas. Quando se pressionam, conseguem selar a borda de suas conchas contra o substrato, evitando a desidratação durante a maré baixa.
Quando aderem ao substrato, é muito difícil removê-los através de força bruta. Caso se tente removê-los dessa maneira, é mais provável que o espécime seja destruído que removido. Apesar de tamanha resistência à remoção, podem se locomover facilmente através de movimentos ondulados de seu pé.
Várias espécies da ordem voltam à mesma área depois de se alimentarem e durante a maré baixa. O ponto para onde retornam acaba ficando com uma depressão. A concha acaba assumindo exatamente a forma da depressão, de modo a se encaixar perfeitamente, protegendo o espécime da desidratação e de predadores.[5] Ainda não se sabe ao certo como conseguem encontrar o ponto ao qual retornam; suspeita-se que deixam feromônios no muco deixando anteriormente na área, e posteriormente "sentem" com quimioreceptores para onde devem retornar.
Além do comportamento de retornar à mesma área, essas espécies também são bastante territoriais, o que é raro entre invertebrados. Indivíduos dessas espécies chegam ao ponto de empurrar outros organismos para fora de seu território com suas conchas, abrindo espaço para o crescimento de algas. Algumas dessas espécies, notavelmente Lottia gigantea, também parecem "cultivar" algas à volta da região onde assentam.
Esses moluscos alimentam-se geralmente de algas que crescem nos substratos. Removem as algas com suas rádulas. Podem eventualmente comer larvas que assentem sobre o substrato, se forem suficientemente pequenas.[5]
Algumas espécies menores especializaram-se em viver em ervas marinhas, coletando as algas que vivem em tais plantas. Outras espécies pequenas vivem em e consomem algas marrons.
O consumo de algas por esses animais impede a proliferação desmedida das algas. Por isso, são considerados fundamentais para a manutenção da estabilidade da teia alimentar
Entre seus predadores, estão estrelas-do-mar, aves marinhas, peixes e mamíferos aquáticos, como focas. As lapas possuem diversas defesas contra esses animais: podem fugir, aderir à rocha etc. A defesa adotada depende do predador, que pode muitas vezes ser identificado quimicamente.
As espécies do gênero Cellana são muito apreciadas no Havaí, onde são conhecidas como ‘opihi e podem chegar a custar US$ 40 por 100 gramas.[6]
Outras espécies são apreciadas nos arquipélagos dos Açores e da Madeira e em Portugal, onde são abundantes. As lapas grelhadas constituem uma das formas mais populares de preparação.
Além do uso alimentar, as conchas desses animais são procuradas por colecionadores de conchas.
Algumas espécies estão ameaçadas. A espécie Patella mexicana está sob risco de extinção, devido à coleta descontrolada (tanto para alimentação quanto por colecionadores) combinada com seu lento crescimento. Os ‘opihi havaianos também estão se tornando escassos, uma vez que são iguarias muito apreciadas. Algumas leis foram propostas para restringir a coleta, mas foram vetadas.[6]
A desova ocorre uma vez por ano, geralmente durante o inverno. As larvas vivem na zona pelágica durante algumas semanas, antes de assentarem sobre rochas e outros substratos.
Ao menos algumas espécies são hermafroditas e sofrem mudança de sexo durante o período de vida.[5]
A taxonomia do clado Patellogastropoda segue abaixo:
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