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pintor espanhol (1881-1973) Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Pablo Ruiz Picasso[nota 1] (Málaga, 25 de outubro de 1881 – Mougins, 8 de abril de 1973) foi um pintor, escultor, ceramista, cenógrafo, poeta e dramaturgo espanhol que passou a maior parte da sua vida na França. É conhecido como o co-fundador do cubismo ao lado de Georges Braque —, inventor da escultura construída,[1][2] o inventor da colagem e pela variedade de estilos que ajudou a desenvolver e explorar. Dentre as suas obras mais famosas estão os quadros cubistas As Meninas D’Avignon (1907) e Guernica (1937), uma pintura do bombardeio alemão de Guernica durante a Guerra Civil Espanhola.
Pablo Picasso | |
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Picasso em foto da revista Vea y Lea, em março de 1962 | |
Nome completo | Pablo Ruiz Picasso[nota 1] |
Nascimento | 25 de outubro de 1881 Málaga, Andaluzia, Espanha |
Morte | 8 de abril de 1973 (91 anos) Mougins, Provença-Alpes-Costa Azul, França |
Principais trabalhos | Les demoiselles d'Avignon Guernica Dora Maar au Chat |
Prémios | Prêmio Lenin da Paz (1962) |
Área | Pintura Escultura |
Movimento(s) | Cubismo |
Publicações | Picasso. Écrits |
Assinatura | |
Página oficial | |
picasso.com |
Picasso, Henri Matisse e Marcel Duchamp são considerados os três artistas que mais realizaram desenvolvimentos revolucionários nas artes plásticas nas décadas iniciais do século XX, responsável por importantes avanços na pintura, na escultura, na gravura e nas cerâmicas.[3][4][5][6]
O pintor de Málaga demonstrava talento artístico desde jovem, pintando de forma realista por toda a sua infância e adolescência. Durante a primeira década do século XX, o seu estilo mudou graças aos seus experimentos com diferentes teorias, técnicas e ideias. Sua obra geralmente é classificada em períodos. Enquanto os nomes de muitos dos seus períodos finais são controversos, os períodos mais aceitos da sua obra são o período azul (1901-1904), o período rosa (1904-1906), o período africano (1907-1909), o cubismo analítico (1909-1912) e o cubismo sintético (1912-1919).
Excepcionalmente prolífico durante a sua longa vida, Picasso conquistou renome universal e imensa fortuna graças às suas conquistas artísticas revolucionárias, tornando-se uma das mais conhecidas figuras da arte do mesmo século.
Nasceu na cidade de Málaga, em Andaluzia, região da Espanha, e recebeu o nome completo de Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la Santísima Trinidad Ruiz y Picasso, filho de María Picasso y López e José Ruiz Blasco.
Em torno do seu nascimento surgiram várias lendas, algumas das quais Picasso se esforçou para promover. Segundo uma delas, Pablo nasceu morto e a parteira dedicou a sua atenção à mãe acamada. Só o médico, Don Salvador, o salvou de uma morte por asfixia soprando-lhe fumo de um charuto na face. O fumo fez com que Picasso começasse a chorar. O seu nascimento no dia 25 de outubro de 1881, às onze e um quarto da noite, seria assim descrito por Picasso aos seus biógrafos, que assim o publicavam de boa vontade.[7]
Roland Penrose, um dos mais conhecidos biógrafos de Picasso, procurou nas suas origens a razão da sua genialidade e da sua abertura à arte, algo natural na compreensão de um gênio. Na geração dos seus pais são vários os vestígios. O seu pai era pintor e desenhista, de bem medíocre talento. Don José dedicava-se a pintar os pombos que pousavam nos plátanos da Plaza de la Merced, perto da sua casa.[7] Ocasionalmente, pedia ao filho para lhe acabar os quadros. A linhagem paterna possibilitou-se estudar até ao ano de 1841.[7] Da descendência materna pesquisada, Dona María contava entre os antepassados com dois pintores. As feições de Picasso são também semelhantes às da mãe.[7]
Os primeiros dez anos de vida de Pablo são passados em Málaga.[7] Os desenhos de infância de Picasso representavam cenas de touradas, típicas da Andaluzía. Sua primeira obra, preservada, era um óleo sobre madeira, pintada aos oito anos, chamada O Toureiro. Picasso conservou esse trabalho por toda a sua vida, levando-o consigo sempre que mudava de casa. Anos mais tarde pintou outro quadro semelhante, A morte da mulher destacada e fútil. Picasso está zangado e rebelde. Este quadro é claramente uma expressão injuriosa da sua relação com a mulher.
O salário pequeno do pai como conservador de museu e professor de desenho na Escuela de San Telmo de Málaga a custo assegurava o sustento da família. Quando lhe ofereceram uma colocação com melhor remuneração na Escola Provincial de Belas Artes da Corunha, na Galiza, e à hesitação sobrepôs-se a necessidade, e junto com a família, don José parte para a Corunha, capital de província à beira do Oceano Atlântico.[7] A escola havia sido inaugurada em 1890. Eusébio da Guarda investiu no edifício na altura um milhão de pesetas, albergava então a Escola no primeiro andar e, no segundo, o Instituto do Ensino Secundário.
A preocupação principal do pai com o pequeno Pablo era o seu aproveitamento escolar, mas nem por isso dispensou a oportunidade de fomentar o talento do filho. Desenhar foi desde cedo a forma mais adequada de Picasso se exprimir e, talvez por isso, secundário.[7]
Recusa claramente o ensino usual, e encarrega-se ele próprio da sua formação na pintura [7] junto com outros professores da Corunha, de Santiago de Compostela e de Alicante. Em outubro de 1892, poucas semanas antes de completar 11 anos, Pablo Picasso iniciou seus estudos artísticos. Durante os primeiros anos lectivos matriculou-se em Desenho de Figuras e Ornamento.
Com treze anos, e seguindo o modelo do pai, Picasso atingira já, segundo diz a lenda, a perícia do progenitor. Ao contrário do que apontam algumas listas, Picasso era destro, como se pode ver no célebre documentário The Mystery of Picasso.
No último ano (1894-1895) matriculou-se em três disciplinas: Desenho de figuras; Pintar o natural; e Cópia do gesso. O trabalho desses anos dá conta do progresso do aluno, que vai da cópia de gravuras ao domínio do desenho do natural. Nos anos na Corunha pinta as primeiras marinhas e o primeiro dos inúmeros faunos que o artista produzirá. Em 1895, o último da estadia de Picasso na Galiza, dois acontecimentos marcantes ocorreram para o artista: em 10 de janeiro, sua irmã Conchita faleceu aos 7 anos, vítima de difteria; e em 20 de fevereiro ele realizou sua primeira exposição de pintura no Nº. 20 da Rua Real, que a imprensa local reflicte com o augúrio profético de que alcançaria "dias de glória e um futuro brilhante".
Muitas das obras de Picasso pintadas na Corunha o acompanharam ao longo de sua vida, mudança após mudança. Em uma ocasião chegou a dizer que eram melhores do que muitas obras dos períodos azul e rosa.[8]
A Escola de Arte e Superior de Design Pablo Picasso homenageia com o seu nome o seu aluno mais universal.[9]
A família transferiu-se novamente, desta vez a Barcelona, na primavera de 1895, e a prova de admissão na escola de arte La Lonja (Escola de la Llotja em língua catalã) é feita com sucesso. Os trabalhos que deveria apresentar ao fim do mês, Pablo apresentava-os ao fim de poucos dias, ao cabo que o seu trabalho se destacava, inclusive, do dos finalistas.[7] Com quatorze anos, Picasso conseguia superar as exigências de uma conceituada academia de arte. Trabalhos académicos, que segundo o próprio, ao cabo de vários anos o assustavam. Os trabalhos que fazia colocavam-no na série de conceituados pintores de Barcelona, como Santiago Rusiñol e Isidre Nonell, e o seu quadro A Primeira Comunhão é exposto na célebre exposição da época na cidade.[7] Apesar de ter optado por uma temática religiosa, este não deixa de ser um acontecimento privado, do plano familiar. Apesar de realista e de satisfazer as exigências académicas, por outro lado a obra acaba por ser uma tentativa de combate ao convencionalismo. Naquela época em Barcelona, ele dividiu seu primeiro estúdio com seu amigo Manuel Pallarés.
Durante este tempo fez vários autorretratos, e retratos como o da tia Pepa, o da mãe, feito em pastel, e do pai em tons de azul que antecipam o seu período pós-adolescência.
Depois de uma estadia estival em Málaga,[10] em 1897 instala-se em Madrid. Alí, instalado num novo atelier, inscreve-se na mais próspera e conceituada academia de artes espanhola, a Real Academia de Belas-Artes de São Fernando.[7] Constantemente, visitava o Museu do Prado, onde copiava os grandes mestres, captava-lhes o estilo e tentava imitá-lo, o que se revelou, por um lado, um avanço, pois desenvolvia capacidade efémeras, e por outro lado, uma estagnação de um génio criativo limitado à cópia do trabalho dos históricos, cujas obras também vieram a ser alvo de uma revisitação e reinterpretação de Picasso em fases mais avançadas.
Porém, a sua estadia em Madrid é interrompida. No início de Julho daquele ano, Picasso adoece com escarlatina e a recuperação obriga-o a retornar a Barcelona, recolhendo-se logo a seguir com Manuel Pallarés, seu amigo, para a aldeia Horta de Ebro, nos Pirenéus. O recolhimento ajudou-o a restabelecer novos e ambiciosos projetos que levou a cabo assim que regressou a Barcelona. Afastara-se da academia e do lar paterno, e procurava abrir-se às inovações da arte espanhola, mantendo-se em contato com os seus representantes mais célebres.
O espaço de cultura da vanguarda em Catalunha era o café Els Quatre Gats,[7] administrado por Pere Romeu, um promotor local do esporte,[11] que havia trabalhado como garçom no cabaré Le Chat Noir de Paris. Ali conheceu os modernistas e rivalizou com a arte destes, influenciada pela Arte Nova francesa e pelas vanguardas britânicas e centro-europeias. Durante o ano de 1899, também foram publicados quinze números da revista Quatre Gats. Rapidamente o café, se tornou ponto de encontro de artistas e personagens insólitos, como Santiago Rusiñol, Granados, Isaac Albéniz, Lluís Millet, Antoni Gaudí, e Ricard Opisso, se incorporando à tradição de tertúlias da cidade. No local, foram realizados eventos literários, espetáculos de sombras e marionetes, apresentações musicais, leituras poéticas e, sobretudo, exposições de arte de Regoyos, Isidre Nonell, etc. A primeira exposição individual no local foi em fevereiro de 1900, de Picasso.
Entretanto, o seu desejo de conhecer Paris aumentava ainda mais.[7]
Após iniciar como estudante de arte em Madrid, Picasso fez sua primeira viagem a Paris (1900), a capital artística da Europa. Lá morou com Max Jacob (jornalista e poeta), que o ajudou com a língua francesa. Max dormia de noite e Picasso durante o dia, ele costumava trabalhar à noite. Foi um período de extrema pobreza, frio e desespero. Muitos de seus desenhos tiveram que ser utilizados como material combustível para o aquecimento do quarto.
Em 1901 com Soler, um amigo, funda uma revista Arte Joven, na cidade de Madri. O primeiro número é todo ilustrado por ele. Foi a partir dessa data que Picasso passou a assinar os seus trabalhos simplesmente "Picasso", anteriormente assinava "Pablo Ruiz y Picasso".
Na fase azul (1901 a 1905), Picasso pintou a solidão, a morte e o abandono. Quando se apaixonou por Fernande Olivier, suas pinturas mudaram de azul para rosa, inaugurando a fase rosa (1905 - 1906). Trabalhava durante a noite até o amanhecer. Em Paris, Picasso conheceu um selecto grupo de amigos célebres nos bairros de Montmartre e Montparnasse: André Breton, Guillaume Apollinaire e a escritora Gertrude Stein.
Na fase rosa há abundância de tons de rosa e vermelho, caracterizada pela presença de acrobatas, dançarinos, arlequins, artistas de circo, o mundo do circo. No verão de 1906, durante uma estada em Andorra, sua obra entrou em uma nova fase marcada pela influência das artes gregas, ibérica e africana, era o protocubismo, o antecedente do cubismo. O célebre retrato de Gertrude Stein (1905 - 1906) revela um tratamento do rosto em forma de máscara.
Em 1912, Picasso realizou sua primeira colagem, colou nas telas pedaços de jornais, papéis, tecidos, embalagens de cigarros.
Apaixonou-se por Olga Koklova, uma bailarina. Casaram-se em 12 de julho de 1918. Neste período o artista já se tornara conhecido e era um artista da sociedade. Quando Olga engravidou, criou uma série de pinturas de mães com filhos.
Em 1927 conhece Marie-Thérèse Walter, uma jovem francesa com 17 anos, e com a qual o artista manteve uma relação amorosa.
Nos primeiros tempos, a presença da jovem musa nos quadros de Picasso manteve-se oculta, uma vez que o pintor continuava casado com a russa Olga Khokhlova.
A divulgação pública dos retratos de Marie-Thérèse acabou por precipitar a revelação da relação secreta.[12] Em 1935 teve uma filha de Marie-Thérèse, chamada Maya Widmaier-Picasso.
A partir de 1936, as duas tiveram que dividir o pintor com uma terceira mulher, a fotógrafa Dora Maar. A eclosão da Guerra Civil Espanhola empurrou-o para uma maior consciência política e do seu génio surgiu uma das suas obras pictóricas mais emblemáticas e conhecidas, o mural "Guernica"
Entre o começo e o fim da Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945), dedica-se também à escultura, gravação, cerâmica e fisiogramas[13]. Como gravador, domina as diversas técnicas: água-forte, água-tinta, ponta-seca, litogravura e gravura sobre linóleo colorido. Além disso, sua dedicação à arte escultórica era esporádica. Cabeça de Búfalo, Metamorfose é um grande exemplo de seu trabalho com esse meio. É considerado um dos pioneiros em realizar esculturas a partir de junção de diferentes materiais.
Em 1943, Picasso conhece a pintora Françoise Gilot (1921-2023) e tem dois filhos, Claude (1947-2023) e Paloma (1949), encontrou um pouco de paz e pintou Alegria de Viver.
Em 1968, aos 87 anos, produziu em sete meses uma série de 347 gravuras recuperando os temas da juventude: o circo, as touradas, o teatro, as situações eróticas. Anos mais tarde, uma operação da próstata e da vesícula, além da visão deficiente, põe fim às suas actividades. Como uma honra especial a ele, no seu 90.º aniversário, são comemorados com exposição na grande galeria do Museu do Louvre. Torna-se assim o primeiro artista vivo a expor os seus trabalhos no famoso museu francês.
Pablo Picasso morreu a 8 de abril de 1973 em Mougins, França, com 91 anos de idade. Na noite anterior ele havia brindado com os amigos dizendo "Bebam à minha saúde. Vocês sabem que não posso beber mais." Picasso depois teria ido pintar até três da manhã antes de ir dormir. Acordou na manhã seguinte com dores no peito e sem conseguir se levantar, morrendo poucos minutos depois de um enfarte. Encontra-se sepultado no Castelo de Vauvenargues, Aix-en-Provence, Provença-Alpes-Costa Azul, sul de França.[14]
Deixou aos seus herdeiros mais de 45 000 obras, entre as quais 1 885 pinturas, 1 228 esculturas, 7 089 desenhos, 30 000 impressões, 150 sketchbooks e 3 222 trabalhos em cerâmica.
Apesar de expressar publicamente sua simpatia com relação às ideias anarquistas e comunistas e, por outro lado, através da arte expressar sua raiva diante das ações de Franco e dos Fascistas, Picasso se recusou a pegar em armas na Primeira Guerra Mundial, na Guerra Civil Espanhola e na Segunda Guerra Mundial.
Ao chegar em Paris em 5 de Maio de 1901 Picasso morou na casa de Pierre Manach, um anarquista espanhol e negociador de artes do qual era amigo. Por este motivo, desde aquela época, Picasso seria investigado pela polícia francesa.[15] Em algumas ocasiões o jovem Picasso teria até mesmo se autodenominado anarquista, fato este que levantou ainda mais suspeitas das forças de ordem contra ele.[16]
No entanto, durante a Guerra Civil Espanhola, Picasso, que continuava vivendo na França, mesmo tomando partido pelo lado dos Republicanos,[17] teria se recusado a retornar ao seu país de origem. O serviço militar para os espanhóis no estrangeiro era opcional e envolveria um retorno voluntário ao país para alistamento a um dos dois lados. Muitas especulações são feitas a respeito de sua recusa de tomar lugar na guerra. Na opinião de alguns de seus contemporâneos esta decisão foi tomada baseada nos ideais de pacifismo de Picasso; no entanto, para outros (incluindo aqui Braque) essa neutralidade aparente tinha mais a ver com covardia do que com princípios.
Também permaneceu à parte do movimento de independência da Catalunha durante sua juventude, apesar de ter expressado seu apoio geral e ter sido amigável com os ativistas da independência. A esta época filiou-se ao Partido Comunista.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Picasso permaneceu em Paris quando os alemães ocuparam a cidade. Os Nazistas odiavam seu estilo de pintura, portanto ele não pôde mostrar seu trabalho durante aquela época. Em seu estúdio, ele continuou a pintar durante todo o tempo. Embora os alemães tivessem proibido a fundição do bronze, Picasso continuou a trabalhar mesmo assim, usando bronze contrabandeado pela resistência francesa.
No ano de 1947, ao fim da Segunda Guerra, Picasso conheceu Miguel García Vivancos, um anarquista veterano da Guerra Civil Espanhola e da Segunda Guerra Mundial e pintor até então desconhecido. Impressionado com Vivancos, Picasso o acolheu em sua casa, se interessando por sua pintura e sua história. Posteriormente, e em parte pela influência de Picasso, Vivancos se tornaria um grande pintor espanhol.
Ainda na década de 1940 Picasso voltou a se filiar ao Partido Comunista francês, e até mesmo participou de uma conferência de paz na Polônia. Mas quando o Partido começou a criticá-lo por causa de um retrato considerado insuficientemente realista de Stálin, o interesse de Picasso pelo Comunismo esfriou, embora tenha permanecido como membro do Partido até sua morte.
Uma das obras mais conhecidas de Picasso é o mural Guernica, em exposição no Museu Nacional Centro de Arte Rainha Sofia, em Madrid. Retrata, da maneira muito peculiar do artista, a cidade basca de Guernica, após bombardeio pelos aviões da Luftwaffe de Adolf Hitler. Esta grande tela incorpora para muitos a desumanidade, brutalidade e desesperança da guerra.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Picasso continuou vivendo em Paris durante a ocupação alemã. Tendo fama de simpatizante comunista, era alvo de controles frequentes pelos alemães. Durante uma revista do seu apartamento parisiense, um oficial nazista observou uma fotografia do mural Guernica na parede e, apontando para a imagem, perguntou: Foi você quem fez isso? E Picasso respondeu, após um segundo de reflexão: Não, vocês o fizeram.
A obra de Picasso é muitas vezes classificada em períodos: Azul (1901–1904), Rosa (1905–1907), Africano (1907–1909), Cubismo Analítico (1909–1912) e Cubismo Sintético (1912–1919).
Seus primeiros trabalhos estão no Museu Picasso em Barcelona. Principais obras do período:
Consiste em obras sombrias em tons de azul e verde azulado, ocasionalmente usando outras cores. Desenhava prostitutas e mendigos e sua influência veio de viagens pela Espanha e do suicídio de seu amigo Carlos Casagemas. Ele pintou vários retratos de seu amigo, culminando com a pintura obscuramente alegórica de La Vie. O mesmo tom está na água-forte The Frugal Repast, que mostra um cego e uma mulher perspicaz, ambos emagrecidos, sentados perto de uma mesa vazia. A cegueira é um tema recorrente no período e está também em The Blindman's Meal e no retrato Celestina. Outros temas frequentes são artistas, acrobatas e arlequins. O arlequim se tornou um símbolo pessoal para Picasso.
O Período Rosa (1905–1907) é caracterizado por um estilo mais alegre com as cores rosa e laranja, e novamente com muitos arlequins. Muitas das pinturas são influenciadas por Fernande Olivier, sua modelo e seu amor na época.
O Período Africano de Picasso (1907–1909) começou com duas figuras inspiradas na África em seu quadro Les Demoiselles d'Avignon. Ideias deste período levaram ao posterior Cubismo.
É um estilo de pintura (1909–1912) que Picasso desenvolveu com Braque usando cores marrons monocromáticas. Eles pegaram objetos e os analisaram em suas formas. A pinturas de Picasso e Braque eram muito semelhantes nesse período.
É um desenvolvimento posterior (1912–1919) do Cubismo no qual fragmentos de papel (papel de parede ou jornais) eram colados em composições, marcando o primeiro uso da colagem nas artes plásticas.
No período seguinte ao caos da Primeira Guerra Mundial, Picasso produziu obras em um estilo neoclássico. Este "retorno à ordem" é evidente no trabalho de vários artistas europeus na década de 1920, incluindo Derain, Giorgio de Chirico, e os artistas do New Objectivity Movement. As pinturas e textos de Picasso deste período frequentemente citam o trabalho de Ingres.
Durante os anos 1930, o Minotauro substituiu o arlequim como motivação que ele usou em seu trabalho. Seu uso do Minotauro veio parcialmente de seu contato com os surrealistas, que normalmente o usavam como símbolo, e aparece em Guernica.
Possivelmente o trabalho mais importante de Picasso é sua visão do bombardeio alemão em Guernica, Espanha — Guernica. Esta pintura representa para muitos a brutalidade e desesperança da guerra. Guernica esteve em exposição no Museu de Arte Moderna de Nova York por vários anos. Em 1981, Guernica voltou para a Espanha e foi exibida no Casón del Buen Retiro. Em 1992, a pintura ficou em exposição no Museu de Reina Sofia em Madri quando ele abriu.
Praticamente desconhecido do público é o fato de que Picasso escreveu poesia. Alguns de seus poemas foram recolhidos em antologias de poemas surrealistas.
Em 1961, na Espanha, foi publicado um livro (Trozo de Piel) contendo alguns poemas de Picasso, descobertos pelo Prêmio Nobel da Literatura Camilo José Cela. Considera-se que estes poemas têm algo de expressionistas.
Uma edição completa das suas obras poéticas foi publicada pela editora Gallimard em 1979, na França. Na obra póstuma, nomeada "Picasso. Écrits", Michael Leiris, poeta surrealista amigo de Picasso, pertencente ao grupo de Surrealistas para quem o artista espanhol costumava ler seus poemas, aponta para o Picasso poeta que dá livre curso ao inconsciente, representando "não coisas da ordem do que se passa realmente, mas coisas que lhe passam pela cabeça".[18] Por volta de 1935, o pintor realmente estava entusiasmado com a escrita, praticando uma poesia próxima do Surrealismo.
Em 2006, o pesquisador Rafael Inglada, considerado um dos principais estudiosos da vida e obra de Picasso, reuniu 39 poemas escritos pelo artista entre 1894 e 1968, com o título "Textos espanhóis". O título se deve ao fato de que, mesmo quando escritos em francês, os motivos (touros, gastronomia, hábitos e costumes) do autor têm sempre referências predominantemente espanholas. Para o pesquisador, é no Picasso poeta que aparece "o Picasso claramente espanhol, andaluz e malaguenho".[19]
Em 2008, foram publicados mais de 100 poemas em prosa do autor, na Espanha, descobertos apenas em 1989. Apresentando a diversidade que caracteriza a sua obra plástica, os textos se aproximam do estilo da colagem picassiana, sem estrutura lógico-formal, compostos de "jogos de palavras, simbolismos e descrições visuais... delirantes e descabeladas".[20]
No dia 20 de dezembro de 2007, por volta das 5h00 horas da manhã, três homens invadiram o Museu de Arte de São Paulo (MASP), e levaram dois quadros considerados dos mais importantes do museu: O lavrador de café de Cândido Portinari e Retrato de Suzanne Bloch de Pablo Picasso. O tempo para o roubo das duas obras de arte foi de três minutos.[21] O quadro foi recuperado dia 8 de janeiro de 2008 em Ferraz de Vasconcelos, Região Metropolitana de São Paulo, intacto. Dois homens foram presos.[22]
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