Nota: Não confundir com Panteísmo.

Panenteísmoπᾶν-ἐν-ΘεόςTodos em DeusKrausismo, doutrina que diz que o universo está contido em Deus, mas Deus é maior do que o universo (bem distinto do Panteísmo e Monismo).[1] Termo esse que foi proposto por Karl Christian Friedrich Krause (1781–1832), na sua obra "System des Philosophie" (1828),[2] daí o termo krausismo que designa sua doutrina teológica. No panenteísmo, Deus é visto como imanente, a alma do universo, o espírito universal presente em todos os lugares e no qual todos os seres participam, ao mesmo tempo que transcende todas as coisas criadas.[3][4][5][6][7][8][9] Uma frase atribuída a Epimênides de Creta "Nele vivemos, nos movemos e temos nosso ser" e citada por Paulo de Tarso em Atos 17:28 é famosa como exemplo de possível panenteísmo.[10][11]

O Ser de Deus inclui e penetra em todo o universo, de modo que cada parte existe nEle, mas o Ser é mais do que, e não se esgota, no universo. (Cross & Livingstone, 1997, p. 1213)

Terminologia e desenvolvimento

O termo passou a ser utilizado para designar múltiplas tentativas análogas, extravasando o sentido original dado por Karl Krause. Agora são empregados vários termos teológicos para conceitualizar as idéias panenteístas, são eles:[12]

  1. Teísmo Clássico;
  2. Panteísmo;
  3. Transcendência;
  4. Imanência;
  5. Kenosis;
  6. Kenosis Essencial.

Termos influenciados pelo idealismo alemão de Hegel e Schelling:

  1. Dialética;
  2. Infinito;
  3. Pericorese.

Termos influenciados pela filosofia do processo de Whitehead:

  1. Relações Internas e Externas;
  2. Dipolar.

Termos relacionados ao pensamento científico atual:

  1. Reducionismo;
  2. Superveniência;
  3. Emergência;
  4. Causação Top-Down;[13]
  5. Emaranhamento.

Embora numerosos significados tenham sido atribuídos ao “em” no panenteísmo,[14] os mais significativos são:

  • Significado Locativo;
  • Base Metafísica-Epistemológica para ser;[16]
  • Metáfora de emergência;
  • Significado analógico da mente/corpo;
  • Parte/significado analógico inteiro.

Ainda que a maioria das expressões contemporâneas do panenteísmo envolvam cientistas e teólogos ou filósofos protestantes, articulações de formas de panenteísmo também se desenvolveram na tradição católica romana, na tradição ortodoxa e em outras religiões além do cristianismo. Dentre os filósofos que aderiram ao panenteísmo incluem-se; Alfred North Whitehead, Thomas Hill Green (1839-1882),[18] James Ward (1843-1925),[19] Andrew Seth Pringle-Pattison (1856-1931).[20] A partir da década de 1940, Charles Hartshorne examinou numerosas concepções de Deus. Ele revisou e descartou o panteísmo, o deísmo e o pandeísmo em favor do panenteísmo, descobrindo que tal doutrina contém todo deísmo e pandeismo, exceto suas negações arbitrárias. Hartshorne formulou Deus como um ser que poderia se tornar mais perfeito: Ele tem perfeição absoluta em categorias para as quais a perfeição absoluta é possível e a perfeição relativa (isto é, superior a todas as outras) em categorias para as quais a perfeição não pode ser determinada com precisão. Nos estudos acadêmico em especial o da Universidade de Stanford sobre Filosofia onde há um estudo que oferece em sua abordagem uma ordem cronológica do desenvolvimento do pensamento panenteísta, cujo início remonta há c. 1300 a.C.:[12]

Nas reflexões filosóficas na Grécia Antiga:

Na Idade Média, a influência do neoplatonismo continuou no pensamento de:

No período moderno por:

Nos pensadores posteriores, os platonistas:

Nos séculos XIX e XX com o idealismo filosófico e a adaptação filosófica do conceito científico de evolução forneceram as fontes básicas da posição explícita do panenteísmo.[31]

Os últimos três ainda que possa haver questionamentos sobre seu relacionamento com o panenteísmo, por certo, formam o plano de fundo para o desenvolvimento sistemático da filosofia processual de Whitehead e posteriormente Hartshorne como uma expressão do panenteísmo.[12]

Ver também

Referências

  1. Krause, Karl Christian Friedrich (1828). Vorlesungen über das System der Philosophie. (em alemão). Göttingen: [s.n.]
  2. Bracken, S.J., Joseph A. (2015). «Panentheism and the Classical God-World Relationship: A Systems-Oriented Approach». American Journal of Theology & Philosophy. 36 (3): 207–225. doi:10.5406/amerjtheophil.36.3.0207
  3. Meister, Chad (27 de junho de 2017). «Ancient and contemporary expressions of panentheism». Philosophy Compass (em inglês). 12 (9). ISSN 1747-9991. doi:10.1111/phc3.12436
  4. Culp, John (2017). Zalta, Edward N., ed. «Panentheism». Metaphysics Research Lab, Stanford University
  5. «Oxford Index Search Results: panentheism - Oxford Reference» (em inglês). Consultado em 11 de junho de 2018
  6. «Pantheism». Encyclopedia Britannica (em inglês)
  7. Cooper, John W. (1 de novembro de 2006). Panentheism--The Other God of the Philosophers: From Plato to the Present (em inglês). [S.l.]: Baker Academic. ISBN 978-1-58558-404-8
  8. Clayton, Philip; Peacocke, Arthur Robert (2004). In Whom We Live and Move and Have Our Being: Panentheistic Reflections on God's Presence in a Scientific World (em inglês). [S.l.]: Wm. B. Eerdmans Publishing. ISBN 978-0-8028-0978-0
  9. Encyclopédie de la philosophie (ISBN 2253130125).
  10. «Google Acadêmico». scholar.google.com.br. Consultado em 11 de junho de 2018
  11. Clayton 2004, 253
  12. Clayton 2008, 118-119
  13. Göcke 2013
  14. Keller 2003, 219
  15. «T.H. Green | British educator and philosopher». Encyclopedia Britannica (em inglês)
  16. «James Ward | British philosopher and psychologist». Encyclopedia Britannica (em inglês)
  17. Barbour, George Freeland. Memoir of Andrew Seth Pringle-Pattison (em inglês). [S.l.: s.n.]
  18. Hartshorne 1953, 29-30
  19. Barua, Ankur. «God's Body at Work: Rāmānuja and Panentheism». International Journal of Hindu Studies (em inglês). 14 (1): 1–30. ISSN 1022-4556
  20. Whittemore 1988, 33, 41-44
  21. Hartshorne 1953, 32-38
  22. Hartshorne 1953, 54
  23. Cooper 2006, 35-39, Baltzly 2010
  24. Cooper 2006, 42-46
  25. Cooper 2006, pp. 47–62
  26. Cooper 2006, pp. 64–90
  27. Clayton 2000, 2008, p. 125, Hartshorne 1953, 234, Cooper 2006, 95
  28. Reese, 2008, p. 1, Cooper 2006, 107

Bibliografia

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