Jornadas de Julho
período de agitação em Petrogrado, Rússia (16–20 de julho) / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Jornadas de Julho foram uma série de protestos ocorridos em Petrogrado em julho de 1917, conduzidos pelos anarcocomunistas, socialistas revolucionários e bolcheviques, que tinham como objetivo derrubar o Governo Provisório Russo e transferir o poder aos sovietes. Os protestos, motivados pelo agravamento da situação econômica e pela oposição ao reinício das ações militares, se deram em meio a uma crise governamental desencadeada pela demissão dos ministros do Partido Constitucional Democrata (kadetes).[1] As manifestações foram o resultado de um amplo descontentamento popular com as ações do governo de coalizão entre socialistas e liberais e do desejo de que os sovietes tomassem o poder e aplicassem as reformas pedidas pelos trabalhadores.[2]
Jornadas de Julho | |||||||||||||
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Parte de Revolução Russa | |||||||||||||
Manifestantes nas ruas de Petrogrado durante os protestos de julho. | |||||||||||||
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As manifestações se sucederam ao longo de três dias em que os manifestantes, liderados por socialistas revolucionários de esquerda, anarquistas e bolcheviques, exigiam que o Soviete de Petrogrado tomasse o poder do Governo Provisório para aplicar um programa radical de reformas. A rejeição dos mencheviques — que então lideravam o soviete — em aceitar tal exigência e a falta de uma direção política alternativa fizeram com que os protestos fracassassem. A falta de apoio às manifestações nas províncias e entre os dirigentes do soviete da capital, bem como o apoio de algumas unidades militares de Petrogrado aos dirigentes do soviete após acusações de que Lênin seria conivente com os alemães, permitiu ao soviete pôr um fim nos protestos e que retomasse o controle na capital.
O rechaço da tentativa de um golpe de Estado causou um breve enfraquecimento do partido bolchevique que, no entanto, voltou a crescer com força após o golpe de Kornilov no começo de setembro. O Soviete de Petrogrado, precursor do sistema dos sovietes instaurado após a Revolução de Fevereiro e então controlado pelos moderados, se negou a tomar o poder como exigiam os manifestantes, contribuindo de forma decisiva para o fracasso da intentona.[3] O fracasso dos protestos representaram uma vitória para os defensistas,[nota 2] que ainda tinham apoio majoritário nas províncias; porém, ante a ausência de reformas e a impossibilidade de formar uma nova coalizão para aplicá-las, seu apoio foi diminuindo ao longo do verão e do outono de 1917.[4]