A história da colonização da América iniciou-se com a chegada do ser humano ao continente em época ainda não totalmente determinada pela ciência. A hipótese tradicional aponta que os primeiros humanos no continente teriam sido os antepassados dos atuais povos indígenas, que teriam chegado entre 11 000 e 11 500 anos antes do presente, vindos da Ásia através de uma ponte de gelo no Estreito de Bering.
Durante milhares de anos, desenvolveram-se civilizações por todo o continente, tal como as dos maias, dos astecas e dos incas, entre outros. Apesar de os viquingues terem explorado e estabelecido bases nas costas da América do Norte a partir do século X, estes exploradores aparentemente não colonizaram a América, limitando-se a tentar controlar o comércio de peles de animais e outras mercadorias da região.
Os europeus iniciaram, efetivamente, sua colonização da América depois da descoberta da rota marítima para a Índia no século XV. A Índia era a fonte da seda e das especiarias, produtos que tinham um grande valor comercial na Europa. Ao navegarem para oeste, os navegadores europeus encontraram a América. Em seguida, os europeus trouxeram escravos africanos para servir como mão de obra na América. O impacto demográfico e econômico foi tão grande que houve um desaquecimento global na época.[1]
Primeira colonização
Existem várias teorias sobre os primeiros povoamentos da América. Uma das teorias defende que, durante a última glaciação (entre 11 000 e 11 500 anos antes do presente), existiu uma ponte de gelo no Estreito de Bering que teria possibilitado a migração de povos mongoloides da Ásia para a América. Outra teoria aponta para a possibilidade de que, antes dessa colonização de origem asiática, teria havido uma colonização de origem africana.[2]
Colonização europeia
Colonização viquingue
A primeira colonização europeia da América foi levada a cabo pelo viquingues, no século X. Estes possuíam colónias na Gronelândia,[3] na Terra Nova[4][5] e, possivelmente, nos Estados Unidos.[6]
Os viquingues, apesar de serem povos dados ao corso e à pirataria, adquiriram modos a duro que se fazia sentir na Gronelândia, onde permaneceram durante 5 séculos, e que deve se ter refletido no seu estilo de vida nas outras povoações americanas.[7]
Colonização ibérica
A colonização ibérica, inicialmente, foi muito parecida, principalmente porque Portugal e Espanha eram as nações mais poderosas da Europa na época, tendo dividido o controle dos territórios no Atlântico com o Tratado de Alcáçovas. A América foi oficialmente descoberta, excetuando as descobertas vikings, pelos europeus, em 1492, por Cristóvão Colombo, numa tentativa de chegar ao Oriente.
Mais uma vez, foi assinado um novo tratado, o Tratado de Tordesilhas, pois a zona descoberta por Espanha ficava na zona portuguesa, que estabelecia os territórios portugueses a menos de 370 léguas (1 770 quilómetros) a oeste de Cabo Verde e os espanhóis para além desse meridiano. Em 1500, Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil, localizado na zona portuguesa segundo o novo tratado, também numa tentativa de atingir a Índia por mar, caminho que já tinha sido realizado anos antes por Vasco da Gama.
Em meados do século XVI, o Império Espanhol controlava quase toda a zona costeira das Américas, desde a Califórnia à Patagónia, no ocidente, e desde o atual estado estadunidense da Geórgia, toda a América Central e o Caribe à Argentina – com excepção do Brasil, pertencente aos portugueses.
Colonização portuguesa
A colonização portuguesa da América iniciou-se depois da descoberta do Brasil em 1500. Como colônias americanas, para além do Brasil (1500-1815), possuiu Barbados (1536–1620), Cisplatina (1808–1822, atual Uruguai) e a Guiana Francesa (1809–1817), mas não chegou a colonizar nenhum destes. Após as explorações dos Corte-Real, Portugal ainda teve um interesse na Terra Nova, mas essa região acabou na posse dos ingleses.
Colonização espanhola
A administração das colónias espanholas na América teve como base o modelo administrativo da metrópole. O poder real encontrava-se dividido em dois Vice-reinos, o Peru e o México, que por sua vez estavam divididas em províncias.[8]
Colonização britânica
Os britânicos lançaram-se à conquista do mundo durante o reinado de Henrique VII de Inglaterra (1485–1509), que promoveu a indústria naval, como forma de expandir o comércio para além das Ilhas Britânicas. Mas as primeiras colônias britânicas só foram fundadas durante o reinado de Elizabeth I, quando Sir Francis Drake navegou o globo nos anos 1577 a 1580 (Fernão de Magalhães já a tinha realizado em 1522).
Em 1579, Drake chegou à Califórnia e proclamou aquela região como "colônia da Coroa", chamando-lhe "Nova Albion" ("Nova Inglaterra"), mas não promoveu a sua ocupação. Humphrey Gilbert chegou à Terra Nova em 1583 e declarou-a colônia inglesa, enquanto sir Walter Raleigh organizou a colônia da Virgínia em 1587, mas ambas estas colônias tiveram pouco tempo de vida e tiveram de ser abandonadas, por falta de comida e encontros hostis com as tribos indígenas do continente americano.[9]
Foi apenas no século seguinte, durante o reinado de Jaime I da Inglaterra, depois da derrota da Armada Invencível de Espanha, que foi assinado o Tratado de Londres, permitindo em 1607 o estabelecimento da primeira colônia inglesa nas Américas: Jamestown. A colonização britânica nas treze colônias foi, essencialmente, de povoamento. Essa característica está presente nas colônias do Norte e do Oeste. A colonização sulista foi fundamentada na plantation e no uso de mão de obra escrava.
No norte da América, inicialmente, não havia metais preciosos e o clima daquela região, por ser temperado, não favoreceu a instalação de monoculturas. Daí a "importância de não nascer importante", segundo o jornalista uruguaio Eduardo Galeano. Um país que, durante o período colonial, não atrai a burguesia em aspectos como o metalismo, o latifúndio monocultor e matérias-primas em abundância não é explorado efetivamente, o que acabou favorecendo a consolidação dos Estados Unidos como a primeira economia mundial da atualidade.
Colonização francesa
As primeiras tentativas dos franceses para estabelecerem colônias no Brasil, em 1555, e na Florida, em 1564 (em Fort Caroline, atualmente Jacksonville, na Flórida), realizada por huguenotes, não tiveram sucesso, devido à vigilância dos portugueses e espanhóis. A tentativa seguinte foi em 1598, em Sable Island, no sudeste da atual província da Nova Escócia do Canadá; esta colônia não teve abastecimentos e os 12 sobreviventes tiveram de voltar a França.
A história do império colonial francês começou em 27 de Julho de 1605 com a fundação em Port Royal, atualmente Annapolis (igualmente na Nova Escócia), da colônia da Acadie. Em 1608, Samuel de Champlain funda Quebec, que passa a ser a capital da enorme, mas pouco povoada, colônia de Nova França (também chamada Canada), que tinha, como objetivo, o comércio de peles.
À medida que os franceses expandiam o seu império na América do Norte, também começaram a construir outro, menor, porém, mais lucrativo, nas "Índias Ocidentais" (as Caraíbas). A ocupação da costa sul-americana começou em 1624 onde é hoje a Guiana Francesa e fundou uma colónia em Saint Kitts em 1627 (a ilha teve que ser partilhada com os ingleses até ao Tratado de Utrecht em 1713, quando a França o perdeu). A Compagnie des Îles de l'Amérique, formada em 1634, estabeleceu as colónias de Guadalupe e Martinica em 1635 e em Santa Lúcia em 1650. As plantações destas colónias foram mantidas por escravos trazidos de África. A resistência dos povos indígenas locais resultou na Expulsão dos Caribes em 1660.
A mais importante possessão colonial francesa nas Caraíbas só foi conseguida em 1664, com a fundação da colónia de Saint-Domingue (o atual Haiti) na metade ocidental da ilha Hispaniola (enquanto os espanhóis dominavam a parte oriental). No século XVIII, Saint-Domingue tornou-se a mais rica colónia de plantações de cana-de-açúcar das Caraíbas. A parte oriental da ilha Hispaniola foi oferecida à França pela Espanha, depois da perda de Saint-Domingue com a Revolução Haitiana.
Em 1699, as possessões francesas na América do Norte expandiram-se ainda mais com a fundação da Luisiana perto do delta do Mississippi; embora a França tivesse declarado soberania de toda a bacia do Mississipi, só tinha controlo efetivo na região costeira, perto das cidades de Mobile (Alabama) e Nova Orleãs (fundada em 1718). Mais tarde, os Estados Unidos compraram a colónia francesa.
Referências
- BUENO, E. Brasil: uma história. 2ª edição revista. São Paulo. Ática. 2003. p. 14,15.
- Internet Sacred Text Archive. «The Norse Discovery of America» (em inglês)
- Parks Canada. «L'Anse aux Meadows National Historic Site of Canada» (em inglês). Ver L'Anse aux Meadows
- UNESCO. «L'Anse aux Meadows National Historic Site» (em inglês). Noutros Idiomas: Lieu historique national de L’Anse aux Meadows(em francês)
- WAHLGREN, Erik. Destino, ed. Los Vikingos y América. 1990. Barcelona: [s.n.] ISBN 84-233-1915-6
- Ingstad. The Viking discovery of America: the excavation of a Norse settlement in L'Anse aux Meadowns, Newfoundland. (em inglês). [S.l.: s.n.]
- José Luis Gómez Navarro (2004). «Rasgos de la colonización española en América». Historia universal (em espanhol). [S.l.: s.n.]
- Peter Dale Scott, “Atrocity and its Discontents: U.S. Double-Mindedness About Massacre,” in Adam Jones, ed. Genocide, War Crimes and the West: Ending the Culture of Impunity (Londres: Zed Press, 2004).
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