Castelo de Marvão
castelo medieval em Marvão Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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O Castelo de Marvão é uma fortaleza medieval situada na vila de Marvão, distrito de Portalegre, Portugal.[1] Está classificado como Monumento Nacional desde 1922.[2] O castelo inscreve-se no Parque Natural da Serra de São Mamede, na vertente norte da serra, em posição dominante sobre a vila e estratégica sobre a linha da raia, controlando, no passado, a passagem do rio Sever, afluente do rio Tejo. Esse fato garantiu-lhe a atenção de diversos monarcas, expressa em diversas campanhas de remodelação, que deram ao monumento o seu aspecto atual.
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Castelo de Marvão | |
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Tipo | castelo, património cultural |
Estilo dominante | gótico |
Construção | 1299 |
Promotor(a) | D. Dinis |
Aberto ao público | |
Estado de conservação | bom |
Património de Portugal | |
Classificação | Monumento Nacional [♦] |
DGPC | 70363 |
SIPA | 3234 |
Geografia | |
País | Portugal |
Localização | Marvão |
Coordenadas | 39° 23′ 47″ N, 7° 22′ 47″ O |
Localização em mapa dinâmico | |
[♦] ^ 4 de Julho de 1922 |
Pouco se sabe quanto à primitiva ocupação humana de seu sítio, possivelmente um castro pré-histórico. À época da conquista romana da Península Ibérica, alguns autores defendem ser esta a povoação romanizada que os lusitanos denominavam como Medóbriga, que, objeto de disputa entre as forças de Pompeu e de Júlio César, foi conquistada por tropas deste último sob o comando do propretor Caio Longino, em meados do século I d.C. O interesse pela povoação derivava principalmente da sua vizinhança à estrada romana que ligava Norba Cesarina (atual Cáceres) a Escálabis (atual Santarém), na altura da ponte que cruzava o rio Sever (Ponte da Portagem).
Embora não haja mais informações acerca do período das invasões de suevos, visigodos e muçulmanos, entre 876 e 877 aí se instalou ibne Maruane, sendo o local conhecido já no século X como Amaia de ibne Maruane ou Fortaleza de Amaia.
No contexto da conquista de Alcácer do Sal, D. Afonso Henriques terá tomado a povoação aos mouros entre 1160 e 1166. Quando da demarcação do termo de Castelo Branco (1214), Marvão já se incluía em terras portuguesas. D. Sancho II concedeu-lhe foral em 1226, visando manter esta sentinela avançada do território povoada e defendida diante das repetidas incursões oriundas de Castela à época.
D. Afonso III de Portugal (1248-1279) doou os domínios de Marvão aos cavaleiros da Ordem de Malta em 1271, posteriormente outorgados a seu filho, Afonso Sanches, juntamente com os senhorios de Arronches, Castelo de Vide e Portalegre. Por esta razão, ao iniciar-se o reinado de D. Dinis (r.1312 1325), a vila e o seu castelo viram-se envolvidos na disputa entre o soberano e o infante D. Afonso, vindo a ser conquistados pelas forças do soberano em 1299. No encerramento da questão, os domínios de Marvão, Portalegre e Arronches foram trocados pelos de Sintra e de Ourém, permanecendo os primeiros na posse do soberano. Este confirmou a Marvão o foral de 1226 e empreendeu obras de ampliação e reforço das defesas, destacando-se a construção da torre de menagem, iniciada no ano de 1300.
No reinado de D. Fernando, foi estabelecido em Marvão o couto de homiziados (1378). Após o seu falecimento, ao eclodir a crise de 1383-1385, a vila e seu castelo posicionaram-se pelo partido do Mestre de Avis. O novo soberano e os seus sucessores concederam diversos privilégios à vila (1407, 1436 e 1497) com o mesmo fim de incrementar o seu povoamento e defesa. Nessa fase, foram também empreendidos reforços nas muralhas, o que é constatado pela presença de cubelos datando dos séculos XV e XVI.
Quando da Restauração da Independência portuguesa, no contexto da guerra que se seguiu, as defesas de Marvão foram remodeladas, adaptadas aos avanços da artilharia da época. A primeira fase dessas obras desenvolveu-se entre 1640 e 1662 quando o abade D. João Dama empreendeu a reconstrução de um troço da muralha e barbacãs que se encontravam em ruínas, providenciou reparo nas portas do castelo e outros consertos necessários à conservação e defesa da vila. Ainda em obras, sofreu assalto por forças espanholas (1641 e 1648), batendo-se ativamente com a praça vizinha de Valência de Alcântara, até à conquista desta pelas forças de D. António Luís de Meneses em 1644. Um relato de Nicolau de Langres, à época, informa que a guarnição de infantaria e de cavalaria portuguesa nesta fortificação eram oriundos de Castelo de Vide, contando Marvão com cerca de 400 habitantes.
No início do século XVIII, a fortaleza de Marvão foi conquistada pelo exército espanhol em 1704, para ser retomada em seguida pelas tropas portuguesas sob o comando do conde de São João em 1705. Um novo assalto espanhol à vila ocorreu décadas mais tarde, em 1772. Durante a Guerra Peninsular, no início do século XIX, foi ocupada por tropas francesas, tendo sido libertada em 1808. Posteriormente, durante Guerras Liberais foi ocupada pelas forças liberais a 12 de Dezembro de 1833, vindo a sofrer o assédio das tropas miguelistas no ano seguinte.
O castelo encontra-se classificado como Monumento Nacional, por Decreto publicado em 4 de Julho de 1922. A intervenção do poder público, por iniciativa da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), iniciou-se em 1938, na forma de reparações, renovações, reconstruções, desinfestações, limpeza e pintura, repetindo-se até aos nossos dias. Desde então, com o apoio da Liga dos Amigos do Castelo de Marvão e da Câmara Municipal, este patrimônio vem sendo mantido em bom estado de conservação. Ao visitante são oferecidas visitas guiadas ao núcleo arqueológico de armaria nas dependências do castelo.
O Castelo de Marvão ergue-se sobre uma crista quartzítica, na cota de 850 metros acima do nível do mar, encerrando nos seus muros a vila medieval. Os seus muros, reforçados por torres, distribuem-se em linhas defensivas concêntricas:
No século VIII, sem conseguir resistir ao avanço dos mouros na região, os habitantes de Marvão abandonaram as suas terras para procurar refúgio nas montanhas das Astúrias, onde se mantinha viva a resistência cristã. Antes de partir, trataram de esconder as imagens sagradas. À época da Reconquista, passados mais de quatro séculos, afirma-se numa noite, um pastor guiado por uma estrela, dirigiu-se a um monte onde encontrou, entre as rochas, uma imagem de Nossa Senhora. Como sinal de devoção, foi erguido nesse local um convento franciscano (o Convento de Nossa Senhora da Estrela), tendo a Senhora se tornado protetora do castelo. Com relação a essa devoção em particular, conta-se ainda que, uma noite em que forças castelhanas, conduzidas por dois traidores, se aproximavam sorrateiramente do castelo para o assaltar, ouviu-se na escuridão uma voz feminina que bradava Às armas!. Enquanto os sentinelas avisavam a guarnição para se pôr a postos, puderam ser vistos os castelhanos em fuga descendo a encosta, assustados.
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