Brașov
Cidade Romena da região da Transilvânia. Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Cidade Romena da região da Transilvânia. Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Brașov (pronúncia em romeno: AFI: /braˈʃov/ ? escutar; em alemão: Kronstadt; em húngaro: Brassó; em latim: Corona) é um município e cidade da região histórica da Transilvânia, Roménia. É a capital do distrito (județ) homónimo e a 6.ª maior cidade do país em população.[3] Tem 267,3 km² de área e em 2021 tinha 290 743 habitantes(densidade: 1 087,7 hab./km²). A área metropolitana de Brașov tem 1 368,5 km² de área e em 2021 tinha 371 802 habitantes.[2]
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Município | ||||
Símbolos | ||||
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Localização | ||||
Localização de Brașov na Roménia | ||||
Coordenadas | 45° 40′ N, 25° 37′ L | |||
País | Roménia | |||
Região histórica | Transilvânia | |||
Distrito | Brașov | |||
História | ||||
Primeira menção histórica | 1235 | |||
Administração | ||||
Prefeito | Allen Coliban[1] (USR, 2020–2024) | |||
Características geográficas | ||||
Área total | 267,3 km² | |||
• Área metropolitana | 1 368,5 km² | |||
População total (2021) [2] | 237 589 hab. | |||
• População metropolitana | 371 802 | |||
Densidade | 888,8 hab./km² | |||
• Densidade metropolitana | 271,7 hab./km² | |||
Altitude | 600 m | |||
Código postal | 500001–500670 | |||
Sítio | www |
A cidade situa-se na parte central da Roménia, cerca de 166 km a norte de Bucareste e 380 km a oeste do mar Negro. Está rodeada pelas montangas dos Cárpatos Meridionais (também chamados internacionalmente Alpes da Transilvânia). No passado foi um centro importante dos saxões da Transilvânia e um polo comercial nas rotas comerciais entre o leste e oeste do que é hoje a Roménia e entre a Áustria e o Império Otomano. A minoria saxã (de origem alemã), outrora numerosa, estava reduzida a 0,5% da população em 2011.
A cidade é mencionada em 1235 com o nome latino Corona, que significa "coroa", dado por colonos alemães. Segundo D. Moldovanu, o topónimo romeno tem origem no rio local Bârsa (ou Bărsa). Bărsa foi adotado por eslavos e mais tarde transformou-se em Barsa, depois em Barsov e finalmente em Brasov.[4] Segundo Binder, o nome atual romeno e o húngaro Brassó (AFI: /ˈbrɒʃʃoː/) derivam da palavra barasu da língua oguz dos pechenegues, que significa "água branca", com o sufixo eslavo -ov.[5] Outros linguistas propuseram diversas etimologias, incluindo um antropónimo do antigo eslavo — Brasa.[6][7]
A primeira menção registada dum topónimo semelhante a Brașov é Terra Saxonum de Barasu ("Terra Saxã de Baras"), que surge num documento de 1252. O nome alemão Kronstadt significa "Cidade da Coroa", e reflete-se no brasão da cidade e no seu nome em latim medieval Corona. Durante a Idade Média, os nomes Kronstadt e Corona foram usados simultaneamente, a par do outro nome em latim: Brassovia.
Entre 1950 e 1960, durante o período comunista, a cidade foi chamada oficialmente Orașul Stalin, em honra do líder soviético Josef Stalin.[8]
Os vestígios mais antigos de atividade e povoamento humano em Brașov remontam ao Neolítico, c. 9 500 a.C. Nos trabalhos arqueológicos realizados desde a segunda metade do século XIX foram descobertos vestígios de povoamento contínuo em várias áreas da região de Brașov: Valea Cetății, Pietrele lui Solomon, Șprenghi, monte Tâmpa, Dealul Melcilor e Noua. As três primeiras localizações apresentam vestígios de cidadelas dácia. Na colina de Șprenghi existiu uma construção de estilo romano. Os nomes dos sítios arqueológicos das duas últimas localizações deram o seu nome a culturas da Idade do Bronze — Schneckenberg ("Colina dos Caracóis", da Idade do Bronze primitiva)[9] e Noua ("Nova", da Idade do Bronze tardia).[10]
Os colonos alemães, conhecidos como saxões da Transilvânia, desempenharam um papel decisivo no desenvolvimento de Brașov. Estes alemães foram convidados a instalar-se na Trasnilvânia pelos reis húngaros para desenvolverem cidades, construírem minas e cultivarem terras em vários períodos entre 1141 e 1300. Estes colonos vieram principalmente da Renânia, Flandres e da região do Mosela, mas também houve alguns que vieram da Turíngia, Baviera, Valónia e até França.
Em 1211, por ordem do rei André II da Hungria, os Cavaleiros Teutónicos fortificaram Burzenland[lower-alpha 1] para defender a fronteira do Reino da Hungria. No local onde é atualmente Brașov existia então uma aldeia, onde os Cavaleiros Teutónicos construíram Kronstadt.[11] Não obstante os cavaleiros terem sido expulsos em 1225, os colonos que eles tinham trazido ficaram na região e, com a população local, fundaram três localidades distintas no local de Brașov: Corona, em volta da Igreja Negra (Biserica Neagră), Martinsberg, a oeste da colina de Cetățuia, e Bartholomä, no lado oriental da colina de Șprenghi.
Os alemães que viviam na cidade ocupavam-se principalmente no comércio e artesanato. A localização, na interseção de rotas comerciais que ligavam o Império Otomano à Europa Ocidental, além de diversas isenções de impostos, possibilitou que aos mercadores saxões acumulassem riqueza considerável e exercessem uma forte influência política. Eles contribuíram grandemente para o estilo arquitetónico da cidade. Em volta desta foram erigidas muralhas, que foram continuamente expandidas e dotadas de torres que eram mantidas por diferentes guildas, seguindo o costume medieval. Parte do conjunto de fortificações foi recentemente restaurado com o apoio de fundos da UNESCO e há outros projetos de recuperação a decorrer. Duas das antigas portas da cidade ainda existem, a Poarta Ecaterinei (ou Katharinentor) e a Poarta Șchei (ou Waisenhausgässertor). Em 1689, um fogo de grandes proporções destruiu a maior parte da cidade muralhada, cuja reconstrução de prolongou por várias décadas.
Além da população alemã que vivia na cidade muralhada e nos arrabaldes a norte, Brașov também tinha uma população romena significativa, que vivia no bairro de Șchei, e uma comunidade húngara, que vivia no bairro de Blumăna. A importância da igreja e escola romena em Șchei é atestada pelas doações generosas que receberam de mais de trinta hospodares da Moldávia e da Valáquia, além da da czarina Isabel da Rússia (r. 1741–1762). Nos séculos XVII e XIX, os romenos de Șchei fizeram campanhas pelos seus direitos nacionais, políticos e culturais, nas quais foram apoiados por romenos doutras províncias e pelos comerciantes gregos locais. O imperador romano-germânico José II (r. 1765–1790) concedeu direitos de cidadania aos romenos durante um breve período nas últimas décadas do século XVIII. Em 1838 foi fundado o primeiro jornal de língua romena, o Gazeta de Transilvania, que teve um papel muito importante no despertar da consciência nacionalista romena na Transilvânia, e as primeiras instituições romenas de educação superior, as Școlile Centrale Greco-Ortodoxe ("Escolas Centrais Greco-Ortodoxas"), que atualmente têm o nome de Andrei Șaguna, um metropolita ortodoxo romeno do século XIX.
In 1850, a cidade tinha 21 782 (40,7% alemães, 40% romenos e 13,4% húngaros). Em 1910 tinha 41 056 (26,4% alemães, 28,7% romenos e 43,4% húngaros).[12] Na Primeira Guerra Mundial, Brașov foi ocupada por tropas romenas entre 16 de agosto e 4 de outubro de 1916, durante a Batalha da Transilvânia. Em 1918, após a proclamação da união da Transilvânia com a Roménia em Alba Iulia, adotada pelos deputados dos romenos da Transilvânia, os deputados dos saxões da Transilvânia também apoiaram a união e declararam a sua fidelidade ao novo Estado romeno. O período entreguerras foi um tempo de desenvolvimento económico e cultural em geral e também para os saxões de Brașov. No entanto, no fim da Segunda Guerra Mundial, muitos saxões transilvanos foram deportados para a União Soviética e muitos mais emigraram para a Alemanha Ocidental após a Roménia se ter tornado um país comunista.
Durante a era comunista, o desenvolvimento industrial acelerou significativamente. Em 1987, durante os últimos anos do governo de Nicolae Ceaușescu, a cidade foi palco duma grande greve, que evoluiu para uma verdadeira rebelião e foi durante reprimida pelas autoridades, que prenderam centenas de operários.
A primeira comunidade de judeus de Brașov surgiu em 1828. Em 1868 foi criada uma associação de judeus neólogos, o ramo húngaro do judaísmo reformista, de cariz liberal, de rito asquenaze e contraponto do judaísmo ortodoxo. Os judeus ortodoxos da cidade formaram uma associação em 1877. A sinagoga neóloga, erigida entre 1899 e 1905, tinha lugar para 800 fiéis. Durante o período entreguerras, as duas comunidades tinham instituições separadas, mas apesar disso em 1940 fundaram uma escola gerida conjuntamente. Em 1920 surgiram organizações sionistas. Em 1930 havia 2 594 judeus na cidade, que representavam 4% da população total. No outono de 1940, durante o Estado Nacional Legionário, a Guarda de Ferro nacionalizou todas as instituições judaicas e apoderou-se da maior parte das lojas pertencentes a judeus. No ano seguinte, os judeus recrutados para batalhões de trabalhos forçados por toda a Transilvânia meridional foram concentrados em Brașov. A estes juntaram-se 200 refugiados vindos de Ploiești. Em agosto de 1942, 850 judeus com idades entre os 18 e os 50 anos foram recrutados para batalhões de trabalho em Brașov, enquanto que outros foram enviados para Predeal e Bran. Na primavera de 1943, 250 jovens judeus foram enviados para Suraia para construírem fortificações. Na sequência do Golpe de Estado do rei Miguel em agosto de 1944, os batalhões de trabalho forçado foram reduzidos para 250 a 300 homens, depois da maior parte dos judeus terem conseguido a sua libertação. Em 1945-1946, a população de judeus em Brașov era de cerca de 3 500.[13]
O clima de Brașov é do tipo continental húmido (Dfb na classificação de Köppen-Geiger). A localização da cidade, num planalto no local onde o eixo dos Cárpatos faz uma curva, faz com que as temperaturas no inverno sejam as mais baixas da Roménia. Em geral, há períodos em que a temperatura desce aos -10 °C, chegando por vezes abaixo dos -10 °C durante vários dias ou semanas. Em contrapartida, as montanhas protegem a região dos ventos violentos que se formam na Moldávia, a leste dos Cárpatos, e na Munténia, a sul dos Cárpatos. Durante o verão as temperaturas podem ultrapassar os 30 °C, como acontece noutras cidades romenas. Esta grande diferença de temperaturas entre o verão e o inverno é caraterísticos dos climas continentais.
Dados climatológicos para Brașov | |||||||||||||
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Mês | Jan | Fev | Mar | Abr | Mai | Jun | Jul | Ago | Set | Out | Nov | Dez | Ano |
Temperatura máxima recorde (°C) | 18 | 15,5 | 21,4 | 22,4 | 27,2 | 29 | 31 | 30,4 | 28 | 25,9 | 19,4 | 15,3 | 31 |
Temperatura máxima média (°C) | −0,3 | 1,7 | 7,6 | 14,0 | 19,2 | 22,1 | 24,0 | 23,9 | 20,3 | 14,5 | 7,2 | 1,5 | 13,0 |
Temperatura média (°C) | −4,3 | −2,3 | 2,6 | 8,3 | 13,4 | 16,4 | 18,1 | 17,8 | 14,2 | 8,7 | 3,1 | −1,9 | 7,8 |
Temperatura mínima média (°C) | −8,3 | −6,2 | −2,3 | 2,6 | 7,6 | 10,8 | 12,3 | 11,8 | 8,1 | 3,0 | −1,0 | −5,2 | 2,8 |
Temperatura mínima recorde (°C) | −19,8 | −22 | −17,5 | −11,8 | −6,5 | −0,6 | −5 | 0,4 | −4,8 | −12,5 | −18,7 | −22 | −22 |
Precipitação (mm) | 31 | 28 | 30 | 50 | 79 | 97 | 94 | 73 | 49 | 38 | 36 | 32 | 637 |
Dias com precipitação | 14 | 13 | 17 | 11 | 7 | 5 | 6 | 4 | 5 | 6 | 11 | 14 | 113 |
Dias com chuva | 2 | 2 | 5 | 5 | 6 | 5 | 6 | 4 | 5 | 4 | 3 | 3 | 50 |
Dias com neve | 12 | 11 | 12 | 6 | 1 | 0 | 0 | 0 | 0 | 2 | 8 | 11 | 63 |
Fontes: Climate-Data.org,[14] Meoweather.com [15] |
O município tem 267,3 km² de área e em 2021 tinha 290 743 habitantes (densidade: 1 087,7 hab./km²). A área metropolitana tinha 371 802 habitantes em 2021.[2]
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O desenvolvimento de indústria moderna em Brașov teve início no período entreguerras. Uma das maiores fábricas fundadas então foi a de construção de aviões, a Industria Aeronautică Română (IAR, atualmente IAR S.A. Brașov), onde foram construídos os primeiros caças romenos usados na Segunda Guerra Mundial. Depois da assinatura do armistício com a União Soviética em 12 de setembro de 1944, a fábrica começou a reparar camiões e em outubro de 1945 começou a produzir tratores agrícolas. O primeiro trator romeno, o IAR 22, foi produzido em Brașov. Em 1948, a empresa foi rebatizada Uzina Tractorul Brașov, conhecida internacionalmente como Universal Tractor Brașov. A produção aeronáutica foi retomada em 1968, primeiro com o nome de ICA e depois com o antigo nome IAR, numa nova localização, na cidade vizinha de Ghimbav.
A industrialização acelerou durante a era comunista, especialmente a indústria pesada, o que atraiu muitos trabalhadores doutras partes do país. A indústria pesada continua a ser importante e inclui a fábrica da Roman, herdeira da ROMLOC, fundada em 1921, que além de camiões e autocarros de conceção própria, na década de 2000 produzia também camiões da marca alemã MAN. Apesar da sua base industrial ter estado em declínio desde o início do século XXI, Brașov continua a ser um polo industrial importante, nomeadamente no fabrico de componentes para automóveis, transmissões hidráulicas), rolamentos, materiais de construção, ferramentas, móveis, têxteis e calçado. Na cidade há também uma grande fábrica de cerveja.
A grande Praça do Conselho (Piața Sfatului) é rodeada por edifícios de comércio em tons de pastel e é dominada pela imponente Igreja Negra (séculos XIV-XVI). Preserva ainda o espírito da Brașov medieval.
As fortificações de Brașov foram construídas principalmente entre o final do século XIV e o século XIX. A construção da fortaleza propriamente dita foi iniciada durante o reinado de Sigismundo do Luxemburgo (r. 1387–1437), mas desde pelo menos o século XIII que havia fortificações, indispensáveis para fazer frente às frequentes invasões de turcos e tártaros, que em 1241 destruíram os mosteiros de São Lourenço e de Santa Catarina construídos poucas décadas para alojar os monges e monjas que vieram com os Cavaleiros Teutónicos. Em 1383 foram construídas fortificações que consistiam em fossos, aterros e paliçadas de madeira. A construção da muralha de pedra, com cerca de 3 km de extensão, 12 metros de altura, 1,7 a 2,2 metros de espessura e de vários bastiões e torres está na origem do epíteto de Brașov "fortaleza dos sete bastiões". A muralha tinha bastiões a cada 110 metros e 28 torres, das quais só restam seis, duas no lado noroeste e duas no lado sul. As muralhas eram duplas e em alguns locais eram triplas, com fossos e aterros. Entre cada linha de muralhas havia zwingers, cada um deles a cargo duma guilda.
Brașov tem acordos de geminação com as seguintes cidades:[19]
Nuremberga (Alemanha), desde 2014 [20]
Linz (Áustria), desde 2012
Gante (Bélgica), desde 1993
Minsk (Bielorrússia), desde 2005
Holstebro (Dinamarca), desde 2005
Cleveland (Estados Unidos), desde 1991 [21]
Tampere (Finlândia), desde 1989
Tours (França), desde 1990
Trícala (Grécia), desde 2005
Győr (Hungria)
Rishon LeZion (Israel)
Musashino (Japão), desde 1991
Leeds (Reino Unido)
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