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filme de 1959 dirigido por William Wyler Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Ben-Hur é um filme épico norte-americano de 1959 dirigido por William Wyler, produzido por Sam Zimbalist para Metro-Goldwyn-Mayer e estrelado por Charlton Heston, Jack Hawkins, Haya Harareet, Stephen Boyd e Hugh Griffith. O filme é uma refilmagem do longa homônimo de 1925 e também uma adaptação do romance Ben-Hur: A Tale of the Christ escrito por Lew Wallace. O roteiro é creditado a Karl Tunberg, porém contém contribuições de Maxwell Anderson, S. N. Behrman, Gore Vidal e Christopher Fry.
Ben-Hur | |
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Pôster promocional | |
Estados Unidos 1959 • cor • 222 min | |
Gênero | filme épico filme de drama |
Direção | William Wyler |
Produção | Sam Zimbalist |
Roteiro | Karl Tunberg |
Baseado em | Ben-Hur: A Tale of the Christ, de Lew Wallace |
Elenco | Charlton Heston Jack Hawkins Haya Harareet Stephen Boyd Hugh Griffith |
Música | Miklós Rózsa |
Diretor de fotografia | Robert L. Surtees |
Direção de arte | Edward Carfagno William A. Horning |
Figurino | Elizabeth Haffenden |
Edição | John Dunning Ralph E. Winters |
Companhia(s) produtora(s) | Metro-Goldwyn-Mayer |
Distribuição | Metro-Goldwyn-Mayer |
Lançamento | 18 de novembro de 1959 29 de janeiro de 1960[1] 25 de outubro de 1960 |
Idioma | língua inglesa |
Orçamento | US$ 15,2 milhões[2] |
Receita | US$ 146,9 milhões |
O filme teve o maior orçamento e os maiores cenários construídos na história do cinema até então. A figurinista Elizabeth Haffenden supervisionou uma equipe de mais de cem fabricantes de roupas, com mais de duzentos artistas e operários trabalhando nas centenas de frisos criados para a produção. As filmagens começaram em 18 de maio de 1958 e foram finalizadas em 7 de janeiro de 1959, sendo realizadas seis dias por semana durante períodos de doze a catorze horas diárias. Os executivos da MGM tomaram a decisão de filmar Ben-Hur no formato widescreen, uma decisão que Wyler não gostou. Mais de duzentos camelos, 2,5 mil cavalos e dez mil figurantes foram usados durante as filmagens. A pós-produção durou seis meses, com a batalha marítima sendo realizada com miniaturas em um grande tanque de água nos estúdios da MGM em Culver City. A corrida de bigas de nove minutos de duração se tornou uma das sequências mais famosas do cinema, enquanto a trilha sonora composta por Miklós Rózsa é a mais longa já composta e muito influenciou outros filmes épicos por mais de quinze anos.
Ben-Hur estreou em Nova Iorque em 18 de novembro de 1959 depois de um trabalho de divulgação que custou 14,7 milhões de dólares. Foi o filme de maior arrecadação do ano e no processo se tornou o segundo filme de maior bilheteria até então, atrás apenas de Gone with the Wind. Venceu um recorde de onze Oscars, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Fotografia em Cor, um feito igualado apenas em duas ocasiões por Titanic e The Lord of the Rings: The Return of the King. Ben-Hur também venceu três Prêmios Globo de Ouro para Melhor Filme – Drama, Melhor Diretor e Melhor Ator Coadjuvante. Ele é atualmente considerado como um dos melhores já feitos, sendo selecionado para preservação em 2004 no National Film Registry por ser considerado "culturalmente, historicamente ou esteticamente significante".
No ano 26, o rico príncipe Judah Ben-Hur vive em Jerusalém com sua mãe Miriam, sua irmã Tirzah, seu leal escravo Simonides e a filha deste Esther, que é apaixonada por Ben-Hur mas está prometida a outro homem. Seu amigo de infância Messala trabalha como tribuno militar. Messala retorna para Jerusalém depois de vários anos longe como o novo comandante da guarnição romana local. Ele acredita na glória de Roma e seu poder imperial, enquanto Ben-Hur é devoto de sua fé e da liberdade do povo judeu.[3]
Algumas telhas soltas caem do telhado da casa de Ben-Hur durante um desfile para Valério Grato, o novo governador da Judeia. Grato é jogado de cima de seu cavalo assustado e é quase morto. Messala, cujas relações com Ben-Hur já estavam abaladas após ele recusar-se a lhe entregar os nomes dos rebeldes Israelitas que conspiravam contra o Império, condena o mesmo a ser escravo, mesmo sabendo que o episódio não passou de um acidente, também aprisionando Miriam e Tirzah. Ele espera intimidar a população judia ao prender um amigo de infância e cidadão israelita proeminente. Como consequência, a amizade de ambos acaba definitivamente e Ben-Hur, que agora passa a considerar Messala como seu maior inimigo, jura que terá sua vingança contra ele.[3]
Ben-Hur é mandado três anos depois para o navio do cônsul romano Quinto Arrio, que foi encarregado da destruição da frota de piratas macedônios. Arrio admira a determinação e disciplina do escravo e se oferece para treiná-lo como gladiador e corredor de bigas. Ben-Hur recusa declarando que Deus irá ajudá-lo em sua busca por vingança. Arrio ordena que todos os escravos menos Ben-Hur sejam acorrentados aos remos durante o confronto contra os piratas. A embarcação é abalroada e afunda, porém Ben-Hur consegue libertar os outros escravos e salvar Arrio. O consul entra em desespero ao erroneamente acreditar ter sido derrotado e tenta se suicidar, porém Ben-Hur o impede. Eles são resgatados e Arrio é creditado pela vitória da frota romana.[3]
Arrio consegue pedir ao imperador Tibério que liberte Ben-Hur e acaba adotando-o como seu filho. Um ano depois ele está rico novamente, tendo aprendido os costumes romanos e se tornado um campeão de corrida de bigas, porém ainda pensa sobre sua família e sua terra natal.[3]
Ben-Hur volta para a Judeia, conhecendo durante o caminho Baltasar, um dos Três Reis Magos, e o árabe xeque Ilderim. O xeque ouviu falar das proezas de Ben-Hur como corredor e pede para que ele conduza sua quadriga em uma corrida diante do novo governador da Judeia: Pôncio Pilatos. Ben-Hur recusa o convite, mesmo depois de saber que Messala também vai competir.[3]
Ele volta para casa em Jerusalém, se encontrando com Esther e descobrindo que seu casamento arranjado não aconteceu e que ela ainda é apaixonada por ele. Ben-Hur visita Messala e exige a liberdade de sua mãe e irmã. Os romanos descobrem que Miriam e Tirzah pegaram lepra na prisão, as expulsando da cidade. As mulheres encontram Esther e imploram para que ela esconda suas condições de Ben-Hur para que ele se lembre delas como eram antes, então Esther mente e diz que elas morreram. Ben-Hur então muda de ideia e decide procurar vingança contra Messala ao competir na corrida de bigas.[3]
Messala usa durante a corrida uma biga com lâminas nas rodas para destruir as dos os outros competidores; o plano funciona a princípio e ele consegue tirar alguns adversários da disputa, mas Ben-Hur é um desafio bem mais difícil, conseguindo esquivar-se de suas investidas, com sua biga sofrendo apenas pequenas avarias, sem comprometer sua estrutura. Perto do final, ambos estão lado a lado, disputando a liderança e, ao perceber que Ben-Hur começa a ganhar a dianteira, Messala o ataca com o chicote. Durante a luta, nenhum dos dois percebe que as rodas de suas bigas se encaixaram uma na outra. Ben-Hur consegue tirar o chicote de Messala e, ao jogar sua biga para a esquerda, visando afastar-se das lâminas, acaba arrancando a roda da biga de seu ex-amigo, fazendo-a virar e jogando o rival ao solo, de modo que ele acaba sendo arrastado por vários metros pelos cavalos. O Romano não consegue soltar-se dos arreios e o competidor que vem logo atrás não tem tempo para desviar-se, de maneira que Messala acaba sendo pisoteado e atropelado até acabar caído praticamente inconsciente na pista, com seu sangue tingindo a areia. Por fim, dos nove competidores que iniciaram a corrida, apenas quatro conseguem concluí-la, com Ben-Hur sendo o vencedor. O público árabe presente ao evento vai ao delírio, contrastando com o espanto dos Romanos, especialmente Pilatos. A plateia está a tal ponto eufórica com a vitória do israelita que invade a arena para comemorar, forçando os soldados a conter os mais exaltados, a fim de evitar que a festa se transforme em tumulto. Messala é resgatado pelos assistentes e levado aos médicos, mas eles constatam que ele está mortalmente ferido e não irá sobreviver. Porém, diz antes de morrer que "a corrida ainda não acabou" e que Ben-Hur poderá encontrar sua família "no Vale dos Leprosos, se conseguir reconhecê-las". Ele visita a colônia de leprosos, conseguindo ver sua mãe e irmã sem que elas percebam.[3]
Ben-Hur rejeita suas propriedades e cidadania romana por culpá-los pela desgraça de sua família. Ele descobre que Tirzah está morrendo e decide levar ela e Miriam com a ajuda de Esther para ver Jesus, porém o seu julgamento diante de Pilatos já começou. Ben-Hur testemunha a crucificação de Jesus, com sua mãe e irmã sendo milagrosamente curadas durante uma chuva logo depois da crucificação. Ele em seguida declara: "E eu senti sua voz [de Jesus] tirar a espada da minha mão".[3]
A Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) originalmente anunciou em dezembro de 1952 uma refilmagem do filme mudo de 1925 Ben-Hur: A Tale of the Christ como um modo de gastar seus recursos italianos.[nota 1] Stewart Granger e Robert Taylor supostamente estavam concorrendo ao papel principal.[4] O estúdio anunciou nove meses depois que realizaria o filme em CinemaScope, com as filmagens começando em 1954.[5] A MGM anunciou em novembro de 1953 que havia contratado Sam Zimbalist para produzir o filme e Karl Tunberg para escrever o roteiro.[6] Sidney Franklin seria o diretor enquanto Marlon Brando estaria no papel de Judah Ben-Hur.[7] Zimbalist afirmou que o roteiro de Tunberg estava finalizado e anunciou em setembro de 1955 que a produção começaria em abril de 1956 com orçamento de sete milhões de dólares, com as filmagens durando seis ou sete meses em Israel ou no Egito com o novo processo widescreen de 65 mm da MGM.[8] Entretanto, o estúdio suspendeu a produção do longa no início de 1956.[9]
Decisões judiciais no final da década de 1950 forçaram os estúdios a pararem de investir em cadeias de cinemas,[10] com a pressão competitiva da televisão criando preocupações financeiras na MGM. Inspirado pelo sucesso em 1956 do épico bíblico The Ten Commandments da Paramount Pictures e em uma aposta para salvar o estúdio,[11] o chefe da MGM Joseph Vogel anunciou em 1957 que eles estavam novamente colocando a refilmagem de Ben-Hur em andamento.[12] As filmagens começaram em maio de 1958 e terminaram em janeiro do ano seguinte, com a pós-produção durante seis meses.[13] O orçamento inicial era de sete milhões de dólares,[14] porém tinha crescido para dez milhões em fevereiro de 1958,[15] alcançando a quantia de 15,175 milhões no início das filmagens – sendo o filme mais caro já produzido até então.[16][nota 2]
Uma mudança notável no filme envolveu seus créditos iniciais. O diretor William Wyler estava preocupado que o tradicional rugido de Leo, o Leão (o mascote da MGM) criaria o clima errado para a sensível e sagrada cena de abertura do nascimento de Jesus, então ele acabou conseguindo uma permissão especial dos executivos do estúdio para iniciar o filme com um logo em que Leo permanece quieto.[18]
O romance Ben-Hur: A Tale of the Christ, escrito por Lew Wallace e publicado em 1880, tinha 550 páginas de extensão. Zimbalist contratou vários roteiristas para diminuir a história e transformar o livro em um roteiro. De acordo com o autor Gore Vidal, mais de doze versões do roteiro foram escritas até 1958 por diferentes roteiristas. Ele próprio tinha recebido em 1957 um convite para escrever uma versão, porém recusou.[19] Karl Tunberg foi um dos últimos escritores a trabalhar na história, com ele cortando tudo do livro que se passava depois da crucificação de Jesus, omitindo o subenredo de Ben-Hur fingindo sua morte e reunindo um exército judeu para lutar contra os romanos, e alterando o modo de como as mulheres com lepra são curadas. Zimbalist ficou insatisfeito com o roteiro de Tunberg, considerando-o "pedestriano"[20] e "infilmável".[21]
Os rumos do trabalho de escrita mudaram quando o diretor Sidney Franklin adoeceu e foi retirado da produção. Zimbalist ofereceu no início de 1957 o projeto a William Wyler,[22] que havia sido um dos trinta diretores assistentes do filme de 1925.[23] Wyler inicialmente recusou a proposta por considerar a qualidade do roteiro como sendo "muito primitiva, elementar" e não muito melhor que um esboço.[24] Zimbalist mostrou alguns storyboards preliminares da corrida de bigas ao diretor e o informou que a MGM estaria disposta a gastar até dez milhões de dólares, fazendo assim com que Wyler começasse a expressar seu interesse no filme.[25] O estúdio permitiu que Wyler iniciasse a seleção de elenco, com a imprensa noticiando em abril de 1957 que o diretor estava testando atores italianos.[26]
Wyler concordou formalmente em dirigir o filme apenas em setembro de 1957,[25] com a MGM segurando o anúncio até 3 de janeiro de 1959.[27] Ele aceitou o trabalho por várias razões, mesmo ainda não tendo um protagonista: foi prometido a Wyler um salário de 350 mil dólares além de oito por cento da bilheteria (ou três por cento do lucro líquido, seja qual fosse o maior),[28] e também queria trabalhar em Roma novamente (onde havia filmado em 1953 o filme Roman Holiday).[11][14] Seu salário era o maior na época já pago para um diretor por um único filme.[11] Motivos de competição profissional também tiveram um papel na decisão de Wyler para dirigir, com ele posteriormente admitindo que queria superar Cecil B. DeMille (diretor de The Ten Commandments)[14] e realizar um épico bíblico do "pensamento do homem".[29] Anos depois Wyler brincaria que precisou de um judeu para fazer um bom filme sobre Cristo.[30]
Ben-Hur foi indicado para doze Oscars e venceu um recorde de onze: Melhor Filme (Sam Zimbalist), Melhor Diretor (William Wyler), Melhor Ator (Charlton Heston), Melhor Ator Coadjuvante (Hugh Griffith), Melhor Direção de Arte – Decoração Colorida (Edward C. Carfagno, William A. Horning e Hugh Hunt), Melhor Fotografia em Cor (Robert L. Surtees), Melhor Figurino em Cor (Elizabeth Haffenden), Melhores Efeitos Especiais (A. Arnold Gillespie, Milo B. Lory e Robert MacDonald), Melhor Edição (John D. Dunning e Ralph E. Winters), Melhor Música (Miklós Rózsa) e Melhor Gravação de Som (Franklin Milton e Departamento de Som da MGM).[31] Apenas dois filmes desde então conseguiram igualar esse feito: Titanic em 1998 e The Lord of the Rings: The Return of the King em 2004.[32] A única categoria em que Ben-Hur não venceu foi Melhor Roteiro Adaptado, onde perdeu para Room at the Top, com a maioria dos observadores acreditando que isso se deu por causa de toda controvérsia gerada sobre os créditos de escrita.[13] A MGM e a Panavision também dividiram um prêmio especial técnico pelo desenvolvimento do processo fotográfico das câmeras de 65 mm.[33]
O filme também venceu três Prêmios Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme – Drama, Melhor Diretor (Wyler) e Melhor Ator Coadjuvante (Stephen Boyd), além de receber um prêmio especial para Andrew Marton pela direção da sequência da corrida de bigas. Heston foi indicado para Melhor Ator em Cinema – Drama, porém não venceu.[34] Ben-Hur também venceu o Prêmio BAFTA de Melhor Filme,[35] o Prêmio do Círculo de Críticos de Nova Iorque para Melhor Filme[36] e o Prêmio do Sindicato de Diretores dos Estados Unidos para Melhor Realização de Direção em um Filme (Wyler).[37]
Ben-Hur também apareceu em várias listas de melhores criadas pela American Film Institute, uma organização independente sem fins lucrativos criada em 1967 pela National Endowment for the Arts. A "Série ... AFI 100 Anos" foi criada por jurados que consistiam em mais de mil e quinhentos artistas, acadêmicos, críticos e historiadores, com filmes sendo selecionados baseados em suas popularidades no passar dos anos, significância histórica e impacto cultural. Ben-Hur aparece na 72ª posição na lista dos 100 Filmes, 49ª nas 100 Emoções, 21ª nas 25 Trilhas Sonoras, 56ª nos 100 Inspiradores e 2ª nos 10 Épicos. Judah Ben-Hur também foi indicado como herói e Massala como vilão na lista dos 100 Heróis e Vilões.[38] A National Film Preservation Board selecionou Ben-Hur em 2004 para preservação no National Film Registry por ser considerado um filme "culturalmente, historicamente ou esteticamente significante".[39]
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