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Aroeira-vermelha (nome científico: Schinus terebinthifolia)[a], também chamada aroeira-da-praia, aroeira-de-remédio, aroeira-mansa,[4] chibatã, cabuí, cambuí ou fruto-de-sabiá,[3][5] é uma árvore nativa da América do Sul da família das anacardiáceas (Anacardiaceae).[2][6][7] Consta em octogésimo quarto na lista das 100 das espécies exóticas invasoras mais daninhas do mundo da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN)[8]
Aroeira-vermelha | |||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||
Schinus terebinthifolia[1] Raddi | |||||||||||||
Sinónimos[2][3] | |||||||||||||
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Os nomes vernáculos cabuí e cambuí derivam do tupi kambuí.[9][10] Por sua vez, chibatã tem etimologia desconhecida.[11]
A aroeira-vermelha é um arbusto ou pequena árvore extensa, com sistema radicular raso, atingindo altura de sete a dez metros. Os galhos podem ser eretos, reclinados ou quase como videiras, todos na mesma planta. Sua morfologia plástica permite que prospere em todos os tipos de ecossistemas: de dunas a pântanos, onde cresce como planta semiaquática.[12]
A aroeira-vermelha é nativa da Argentina, Paraguai e Brasil,[13] onde ocorre nas regiões Norte (Amapá, Pará e Tocantins), Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe), Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso), Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo) e Sul (Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina).[4] Nos Estados Unidos, foi introduzido na Califórnia, Texas, Havaí, Arizona, Nevada, Luisiana e Flórida.[14] Particularmente na Flórida, foi introduzida no mais tardar em 1891, mas provavelmente o processo ocorreu mais cedo,[15] e ela se espalhou rapidamente desde cerca de 1940.[16]
No Brasil, é uma planta dos biomas de Caatinga, cerrado, Mata Atlântica e pampa, ocorrendo em área antrópica, campo limpo, floresta ciliar ou galeria, floresta estacional semidecidual, floresta ombrófila, floresta ombrófila mista, manguezal e restinga.[4]
A espécie é generalista quanto aos polinizadores, possuindo vasta gama de vetores de pólen, sendo em geral polinizada efetivamente por algumas espécies de abelhas e vespas e potencialmente por diversos outros insetos.[17][18]
A aroeira-vermelha é amplamente cultivada como planta ornamental em regiões livres de geadas da América do Sul por sua folhagem e frutos. Em seu habitat nativo é uma flor melífera[12] e é a principal fonte de alimento à abelha sem ferrão Tetragonisca angustula, importante produtora de mel na América Central e do Sul.[19] Ela e espalhou e é considerada espécie invasora em muitas regiões subtropicais com chuvas moderadas a altas, incluindo partes ou toda a Austrália, Baamas, Bermudas, sul da China, Cuba, Fiji, Polinésia Francesa, Guame, Havaí, Malta, Ilhas Marshall, Maurícia, Nova Caledônia, Nova Zelândia, ilha de Norfolque, Porto Rico, Reunião, África do Sul e Estados Unidos. Em áreas mais secas, como Israel e sul da Califórnia, também é cultivada, mas geralmente não se mostrou invasora. Na Califórnia, é considerado invasora em regiões costeiras pelo Conselho de Plantas Invasivas da Califórnia.[20] Ela é difícil de controlar porque produz brotos basais se o tronco for cortado. As árvores também produzem sementes abundantes que são dispersadas por pássaros e formigas. Essa mesma robustez torna a árvore altamente útil para reflorestamento em seu ambiente nativo, mas permite que se torne invasora fora de seu alcance natural.[12]
Recentemente, o fruto da planta tem sido estudado e se mostra promissor como tratamento para SARM, pois um produto químico na baga parece impedir que as bactérias produzam uma toxina que decompõe o tecido e também parece suprimir a forma como as bactérias se comunicam.[21][22] Na medicina popular é usada para tratamento da artrite, febres, ferimentos e reumatismos. Ávila registra os seguinte usos etnofarmacológicos: anti-inflamatória, antiespasmódica, tônica, vulnerária, diurética, antileucorreica, emenagoga, adstringente, cicatrizante, balsâmica e bactericida. Assinalando ainda que com a resina azulada da casca os jesuítas preparavam o “balsamo das missões” de uso corrente entre a população cabocla.[23] De acordo com Guilherme Piso (1611–1678), a aroeira-vermelha é semelhante à murta europeia e à aroeira-salsa (Schinus molle) dos peruanos. Também tem propriedades comuns com o araçá e outros vegetais adstringentes e odoríferos, sendo sua peculiaridade a emanação duma resina fragantíssima da qual se prepara emplastro contra as afecções frias. Segundo ele extrai-se um óleo de suas bagas suculentas, que serve ao mesmo emprego da resina com qualidades aromáticas e quentes. Da destilação de suas folhas frescas se extrai água odorífera e adstringente que "se conserva tanto para expulsar as afecções do corpo como para o luxo".[24]
No Brasil, nos candomblés jeje-nagôs, onde é chamada ajobí (àjóbi), ajobí oilê (àjóbi oilé) e ajobí pupá (àjóbi pupa), a aroeira-vermelha é usada nos sacrifícios de animais quadrúpedes em ebós e sacudimentos, além do emprego medicinal como remédio antirreumático, contra feridas, inflamações, corrimentos e diarreias. Nestas crenças também é uma planta associada aos orixás Oçânhim, Ogum e Exu. Segundo os mitos do candomblé, pela manhã é atribuída a Ogum, e pela tarde a Exu, bem como é utilizada na vestimenta de Oçânhim.[25]
A aroeira-vermelha apresenta em sua composição química triterpenos. Num artigo sobre eles, observa-se que as frutas ingeridas têm “efeito paralisante” nas aves.[26] Os efeitos narcóticos e tóxicos sobre pássaros e outros animais selvagens também foram observados por outros, por exemplo, Bureau of Aquatic Plant Management. O AMA Handbook of Poisonous and Injurious Plants relata que os triterpenos encontrados nas frutas podem resultar em irritação da garganta, gastroenterite, diarreia e vômito.[27] Como a maioria dos outros membros das anacardiáceas, a aroeira-vermelha contém alquenilfenois ativos, como urushiol e cardol, que podem causar dermatite de contato e inflamação em indivíduos sensíveis.[28][29] O contato com a “seiva” duma árvore cortada ou machucada pode resultar em erupções cutâneas, lesões, feridas exsudativas, coceira intensa, vergões, vermelhidão e inchaço (especialmente nos olhos).[30]
A espécie, incluindo a semente, é legalmente proibida de vender, transportar ou plantar na Flórida, de acordo com a Lista de Ervas Nocivas do Departamento de Agricultura e Serviços ao Consumidor da Flórida[31] e é classificada como praga de Categoria I pelo Conselho de Plantas de Pragas Exóticas da Flórida (FL EPPC).[32] Para evitar que a planta se espalhe em comunidades de plantas nativas e as desloque, os regulamentos locais e as diretrizes ambientais exigem sua erradicação sempre que possível. A planta e todas as partes também são ilegais para venda ou transferência no Texas.[33] Como uma das duas espécies vendidas como pimenta rosa, sendo a outra aroeira-salsa, ela não possui status geralmente reconhecido como seguro (GRAS) pela FDA.[34] É uma erva daninha declarada em vários estados da Austrália.[35][36][37] Na África do Sul, é classificado como invasor de categoria 1 na província de Cuazulo-Natal, onde quaisquer plantas devem ser removidas e destruídas, e invasor de categoria 3 em todas as outras províncias, o que significa que não pode mais ser plantado.[38]
Vários biocontroles estão sendo estudados para uso na Flórida.[39][40][41][42][43][44][45] Calophya terebinthifolii e Calophya lutea, por exemplo, são dois psilídeos do gênero Calophya com alta especificidade entre plantas da Flórida.[46]
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