A Academia das Ciências de Lisboa GCSE (ACL) é uma instituição científica portuguesa[2] e é o órgão consultivo do Governo Português em matéria linguística.[3]

Factos rápidos Organização, Natureza jurídica ...
Academia das Ciências de Lisboa
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Organização
Natureza jurídica Instituição científica de utilidade pública, dotada de personalidade jurídica e de autonomia administrativa
Atribuições Incentivo à investigação científica e órgão consultivo do Governo em matéria linguística
Dependência Governo de Portugal
Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Chefia José Luís Cardoso[1], presidente
Órgãos subordinados Instituto de Altos Estudos
Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa
Documento institucional Estatutos da Academia das Ciências de Lisboa
Localização
Jurisdição territorial Portugal Portugal
Sede Rua da Academia das Ciências, Lisboa
38° 42' 47" N 9° 8' 59" O
Histórico
Criação 24 de dezembro de 1779 (244 anos) [1]
Sítio na internet
www.acad-ciencias.pt
Notas de rodapé
[1] Como Academia Real das Ciências
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Entre outras missões cabe à Academia incentivar a investigação científica, estimular o estudo da língua e literatura portuguesas e promover o estudo da história portuguesa e das suas relações com outros países.[4]

No que diz respeito à unidade e expansão da língua portuguesa, a Academia deve trabalhar em coordenação com a Academia Brasileira de Letras e com as instituições culturais dos outros países de língua oficial portuguesa e os núcleos portugueses no estrangeiro.[5]

História

Fundação

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Retrato da Rainha D. Maria I de Portugal, fundadora da Academia Real das Ciências.

A Academia foi fundada no reinado de D. Maria I de Portugal e D. Pedro III de Portugal, a 24 de dezembro de 1779, em pleno Iluminismo, como Academia Real das Ciências[6] de Lisboa.

Com o beneplácito da rainha,[7] os seus fundadores foram, respectivamente o seu primeiro presidente e grande mentor o 2.º Duque de Lafões e o primeiro secretário o Abade Correia da Serra,[8][9] que eram férreos opositores do regime do marquês de Pombal.[10]

A criação deste estabelecimento insere-se numa corrente antipombalina, claramente, contra o estudo das humanidades, que o Marquês fizera questão em manter.[10] Na altura foram criada com duas classes, uma de Ciências e outra de Belas Letras.[7]

Em 1783, D. Maria I e D. Pedro III declararam-se protectores da Academia que, desta forma, recebeu o título de Real Academia.[7]

No século XIX, a meados da década de 30, a Academia empenhou-se na plantação de oliveiras por todo o país e na criação de uma aula de Zoologia, orientada pelo Padre Joseph Mayne.[7]

Em 1851, tinha duas classes autónomas que publicavam os seus próprios boletins: Letras e Ciências.[7]

A República

Depois da implantação da República, passou designar-se Academia das Ciências de Lisboa.[11][12]

Instalações

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Biblioteca da Academia das Ciências de Lisboa.

A Academia encontra-se, desde outubro de 1834, instalada no antigo Convento de Nossa Senhora de Jesus da Ordem Terceira de São Francisco,[13] na Rua da Academia das Ciências, n.º 19, na parte baixa do Bairro Alto, em Lisboa.[7][14]

Ao longo da sua história a Academia conheceu seis moradas oficiais.[12]

A primeira sede da Academia foi no Palácio das Necessidades, após a extinção das ordens religiosas.[10]

Em 1834 - Na sequência da extinção das ordens religiosas, a comunidade franciscana sai do Convento de Nossa Senhora de Jesus da Ordem Terceira de São Francisco, em Lisboa.

Em 26 e 27 outubro de 1834, dois decretos procedem à doação do edifício do convento à Academia, para seu perpétuo estabelecimento, incluindo-se na doação a livraria, o Museu de História Natural e de Artefactos e a galeria de pinturas;

Em 1836 - O Ministério do Reino incumbiu a Academia de instalar um jardim botânico na cerca conventual;[7]

Em 1838 - Instalação em parte das dependências conventuais do Gabinete de História Natural;[7]

Em 1858 - A pedido de D. Pedro V a Academia cede o segundo andar e algumas dependências do primeiro à Comissão Geológica;[7]

Em 1859 - Instalação do Curso Superior de Letras na ala Oeste do edifício;[7]

Entre 1859-1891 - Novas cedências de espaço para o Curso Superior de Letras (claustro, 2 salas do r/c e compartimentos no 1º andar);

Em 27 de janeiro de 1891 - Decreto onde a Academia aceita a cedência de instalações sob a condição de reverterem de novo ao serviço da Academia logo que possível;[7]

Em 1895 - Funcionamento do Parlamento na Biblioteca da Academia das Ciências de Lisboa, devido ao incêndio que se registara no Palácio de São Bento;[7]

Em 1903 - construção do Liceu Passos Manuel na antiga cerca do convento;[7]

Entre 1910 e 1911 - Extinção da tipografia da Academia das Ciências, que funcionava na cave do edifício, transitando materiais e pessoal para a Imprensa Nacional; transferência definitiva do Liceu Passos Manuel para as novas instalações.[7]

Condecorações

Em 28 de maio de 1930, a Academia foi agraciada com a Grã-Cruz da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico.[15]

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Entrada da Academia das Ciências de Lisboa, na rua do mesmo nome, em Lisboa.

Estatutos

Os Estatutos da Academia das Ciências foram aprovados pelo Decreto-Lei n.º 5/78, de 12 de janeiro, alterado pelos Decretos-Leis 390/87, de 31 de dezembro, 179/96, de 24 de setembro, 53/2002, de 2 de março, 90/2005, de 3 de junho, 157/2015, de 10 de agosto, com republicação.

Classes, secções e institutos

A Academia das Ciências de Lisboa é constituída por duas classes académicas, a Classe de Ciências e a Classe de Letras, e compreende o Instituto de Altos Estudos e o Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa.[16]

Classes

À época da fundação, a Academia era formada por três classes (Ciências Naturais, Ciências Exactas e Belas-Letras). Em 1851, as duas primeiras juntaram-se na Classe de Ciências e a segunda deu origem à Classe de Letras.[12] As classes organizam-se em secções.

Secções da Classe de Ciências

As secções da Classe de Ciências são as seguintes:

  • 1.ª — Matemática;
  • 2.ª — Física;
  • 3.ª — Química;
  • 4.ª — Ciências da Terra e do Espaço;
  • 5.ª — Ciências Biológicas;
  • 6.ª — Ciências Médicas e da Saúde;
  • 7.ª — Ciências da Engenharia;
  • 8.ª — Ciências e Tecnologias da Informação;
  • 9.ª — Tecnologias, Conhecimento e Sociedade.

Secções da Classe de Letras

As secções da Classe de Letras são as seguintes:

  • 1.ª secção — Literatura e Estudos Literários;
  • 2.ª secção — Filologia e Linguística;
  • 3.ª secção — Filosofia, Psicologia e Ciências da Educação;
  • 4.ª secção — História;
  • 5.ª secção — Direito;
  • 6.ª secção — Economia e Finanças;
  • 7.ª secção — Ciências Sociais e Políticas;
  • 8.ª Secção — Geografia e Ordenamento do Território;
  • 9.ª Secção — Comunicação e Artes.[17]

Órgãos das classes

Cada classe tem um presidente e um vice-presidente, um secretário e um vice-secretário. O presidente e o vice-presidente, o secretário-geral e o vice-secretário-geral da Academia são, por inerência, respetivamente, presidentes e secretários das classes a que pertencerem. Os vice-presidentes e vice -secretários das classes são eleitos anualmente por escrutínio secreto.[18]

Institutos

Instituto de Altos Estudos

Aberto a peritos e cientistas não pertencentes à Academia, este Instituto tem por objetivo a promoção de estudos avançados em Ciências e Humanidades.[19]

Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa

Este Instituto visa estimular a preservação e expansão da língua portuguesa, estando aberto também à participação de peritos e cientistas não pertencentes à Academia. De entre as obras realizadas pelo Instituto de Lexicologia e Lexicografia da ACL conta-se o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea.[20]

Presidência da Academia

A presidência da Academia é constituída por um presidente e por um vice-presidente, eleitos pelo plenário da Academia por um período de três anos, devendo pertencer a classes diferentes.[21]

No triénio 2022-2024, a Academia é dirigida por José Luís Cardoso, presidente da Academia e da Classe de Letras, e Carlos Salema, vice-presidente da Academia e presidente da Classe de Ciências.[22]

Entre os antigos presidentes podemos encontrar nomes como Adriano Moreira e Eduardo Arantes e Oliveira.[23]

Outros cargos académicos

Os restantes cargos estão assim atribuídos:[22]

  • Vice-presidente da Classe de Ciências - Filipe Duarte Santos;
  • Vice-presidente da Classe de Letras - Maria da Glória Garcia;
  • Secretário-geral e Secretário da Classe de Letras - Manuel Porto;
  • Vice-secretário-geral e Secretário da Classe de Ciências - José Francisco Rodrigues;
  • Tesoureiro - Jorge Braga de Macedo;
  • Vice-secretário da Classe de Ciências - Manuela Chaves;
  • Vice-secretário da Classe de Letras - Maria Lucinda Fonseca;
  • Inspetor da Biblioteca - Henrique Leitão;
  • Presidente do Instituto de Altos Estudos - Maria Salomé Pais;
  • Presidente do Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa - Ana Salgado;
  • Diretor do Museu Maynense - Miguel Telles Antunes;
  • Presidente do Seminário de Jovens Cientistas - Manuela Chaves;
  • Diretor do Arquivo Histórico - José Augusto de Sottomayor-Pizarro.

Académicos

Cada uma das secções tem sócios efetivos (sete académicos) e sócios correspondentes (14 académicos). Além destes, conta ainda com sócios correspondentes brasileiros, sócios correspondentes estrangeiros, sócios honorários e sócios eméritos.[24]

Classe de Ciências

Mais informação Secção, Nome ...
Sócios efetivos[25]
SecçãoNomeEleiçãoRef.
1.ª Secção
Matemática
João Paulo Carvalho Dias2007
José Francisco Rodrigues2009
João Filipe Queiró2015
Hugo Beirão da Veiga2017
Maria Ivette Gomes2018
Fernando Inocêncio Ferreira2022
Eduardo Marques Sá2023
2.ª Secção
Física
Filipe Duarte Santos1999
Paulo Peixeiro de Freitas2016
António Amorim Barbosa2020
João Pedro Conde2022
Nuno Peres2022
Luís Carlos2023
3.ª Secção
Química
Armando Pombeiro1988
António Varandas2020
João Rocha2020
José Galhardas de Moura2020
José Abrunheiro da Silva Cavaleiro2023
José Luís Figueiredo2023
Victor Lobo2023
4.ª Secção
Ciências da Terra
e do Espaço
Miguel Telles Antunes2000
António Ribeiro2000
José Pereira Osório2013
Manuel Lemos de Sousa2014
Fernando Barriga2020
Miguel Miranda2022
José Miguel Cardoso Pereira2022
5.ª Secção
Ciências Biológicas
Maria Salomé Pais2005
Rui Malhó2016
Cecília Leão2019
Helena Santos2019
Ricardo Serrão Santos2022
Nuno Ferrand2022
Isabel Sá-Correia2023
6.ª Secção
Ciências Médicas
e da Saúde
José Manuel Toscano Rico1988
Alexandre Castro Caldas2017
Jorge Soares2020
Manuel Sobrinho Simões2022
7.ª Secção
Ciências da Engenharia
e Outras Ciências Aplicadas
Manuela Chaves2001
Luís Aires-Barros2010
Carlos de Sousa Oliveira2022
Rui Silva Martins2022
António Reis2022
Hélder Rodrigues2023
Paulo Tavares de Castro2023
8.ª Secção
Ciências e Tecnologias
da Informação
Carlos Salema2007
José Fonseca de Moura2022
Mário Figueiredo2023
9.ª Secção
Tecnologias, Conhecimento
e Sociedade
Rui Vilela Mendes1999
Henrique Leitão2015
João Queiroz e Melo2017
João Luís Cardoso2022
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Classe de Letras

Mais informação Secção, Nome ...
Sócios efetivos[26]
SecçãoNomeEleiçãoRef.
1.ª Secção
Literatura e Estudos Literários
Artur Anselmo1999
Teresa Rita Lopes2013
Manuel Alegre2016[27]
Hélder Macedo2016[27]
Helena Buescu2022
José Manuel Mendes2023
José Carlos Vasconcelos2024
2.ª Secção
Filologia e Linguística
Telmo Verdelho2016
José Adriano de Freitas Carvalho2016
Carlos Ascenso André2020
Isabel Almeida2022
Ana Salgado2022
3.ª Secção
Filosofia, Psicologia
e Ciências da Educação
António Braz Teixeira1997
Michel Renaud2012
Manuel Viegas Abreu2016
Leonel Ribeiro dos Santos2017
António Sampaio da Nóvoa2022
José Esteves Pereira2022
Acílio Estanqueiro Rocha2023
4.ª Secção
História
António Dias Farinha1999
Luís de Oliveira Ramos2013
Vítor Serrão2015
Maria Helena da Cruz Coelho2022
Maria Emília Madeira Santos2022
José Augusto de Sottomayor-Pizarro2022
José Manuel dos Santos d’Encarnação2023
5.ª Secção
Direito
Mário Júlio de Almeida Costa1989
António Menezes Cordeiro2010
Rui de Figueiredo Marcos2018
Maria da Glória Garcia2021
António Abrantes Geraldes2024
6.ª Secção
Economia e Finanças
José Luís Cardoso2004
Jorge Braga de Macedo2008
Manuel Porto2008
Jaime Reis2016
João Alberto Sousa Andrade2023
António Soares Pinto Barbosa2023
Pedro Pita Barros2024
7.ª Secção
Ciências Sociais e Políticas
António Valdemar2008
José Barata-Moura2013
Bernardo J. Herold2016
António Barreto2018
António Silva Ribeiro2018
José Viriato Soromenho-Marques2022
Manuel Braga da Cruz2022
8.ª Secção
Geografia
e Ordenamento do Território
Jorge Barbosa Gaspar2013
Maria Lucinda Fonseca2020
Fernanda Maria Cravidão2022
João Machado Ferrão2022
João Carlos Garcia2022
9.ª Secção
Comunicação e Artes
Mário Vieira de Carvalho2022
Guilherme d'Oliveira Martins2022
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As vítimas do terramoto de 1755

Em 2004, ao proceder-se a obras de manutenção no pavimento do claustro, foram descobertas sepulturas com ossadas amontoadas. Após investigações preliminares feitas pelo director do Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa, Miguel Telles Antunes, descobriu-se que, misturadas com as ossadas dos frades do convento, estavam ossadas das vítimas do Terramoto de 1755. As ossadas têm sido estudadas por diversos investigadores, tendo sido feitos dois colóquios inter-académicos no Salão Nobre da ACL sobre esta temática.[28]

Galeria

Ver também

Referências

  1. Cf. artigo 1.º dos Estatutos da Academia das Ciências de Lisboa, aprovados pelo Decreto-Lei n.º 5/78, de 12 de janeiro, alterado pelos Decretos-Leis n.os 390/87, de 31 de dezembro, 179/96, de 24 de setembro, 53/2002, de 2 de março, 90/2005, de 3 de junho, e 157/2015, de 10 de agosto, com republicação.
  2. "Sciencias", segundo a grafia da época.Memorias da Academia Real das Sciencias de Lisboa. Volume 1. Desde 1780 a 1788. Lisboa: Typografia da Academia. 1797. p. 1. Consultado em 7 de maio de 2013
  3. Luísa Cortesão e Ângelo Silveira (1994), Teresa Vale e Carlos Gomes (1995), Margarida Elias (2011) / Margarida Elias (2011) (1994–2011). «Convento de Nossa Senhora de Jesus da Ordem Terceira de São Francisco / Academia das Ciências de Lisboa». Sistema de Informação para o Património Arquitetónico. Consultado em 7 de maio de 2013
  4. Medina 2004, pp. 446-447.
  5. Academia das Ciências de Lisboa, Infopédia (Em linha). Arquivado em 8 de outubro de 2014, no Wayback Machine. Porto: Porto Editora, 2003-2014. (Consult. 2014-03-15).
  6. AMARAL, Ilídio do. Nótulas Históricas Sobre os Primeiros Tempos da Academia das Ciências de Lisboa. Lisboa: Colibri, 2012. ISBN 978-989-689-261-6.
  7. Santana 1994, pp. 5-7 s. v. «Academia das Ciências de Lisboa»
  8. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Academia das Ciências de Lisboa". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 28 de dezembro de 2012
  9. Instituto de Altos Estudos Arquivado em 8 de novembro de 2013, no Wayback Machine. na página da Academia das Ciências de Lisboa.
  10. Cf. artigos 55.º a 60.º.º dos Estatutos da Academia das Ciências de Lisboa.
  11. Cf., entre outros, o Aviso n.º 899/2012, de 20 de janeiro.

Bibliografia

Ligações externas

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