- Esta profecia, que vem a se cumprir em 1.9, é dirigida ao poeta épico Pôntico, que segundo Propércio desprezava a elegia (poesia amorosa), e que este desprezo cobraria um alto preço, pois quando Pôntico se apaixonasse, não saberia como proceder, e que chegado este momento, já seria tarde de mais para agir.[1]
"Só pode ser feliz com uma amada apenas / quem nunca traz no peito a liberdade."
- "Is poterit felix una remanere puella, / qui numquam uacuo pectore liber erit."
"Tal como um touro no começo nega o arado / e, afeito ao jugo, manso ruma ao prado, / também jovens se agitam rebeldes no Amor, / mas domados aceitam justo e / injusto."
- "Ac ueluti primo taurus detractat aratra, / post uenut assueto mollis ad arua iugo, / sic primo iuunes trepidant in Amore feroces, / dehinc domiti post haec aequa et iniqua ferunt."
- Ovídio, provavelmente influenciado por Propércio, diz algo semelhante em Epistulae ex Ponto. 3.4.79: "Vt desint uires, tamen est laudanda uoluntas" ("Se faltam forças, o desejo inda é louvável").[2]
"Nenhuma noite com presentes eu comprei: / tudo que tive foi da tua vontade."
- "Nec mihi muneribus nox ulla est emta beatis: / quidquid eram, hoc animi gratia magna tui."
"Vês que servem aos céu, ora o Sol ora a Lua: / uma só moça é pouco para mim. / Que uma me prenda em quentes braços desejosos, se a outra não me deixar estar com ela."
- "Aspice uti caelo modo Sol modo Luna ministret: / sic etiam nobis una puella parum est. / Altera me cupidis teneat foueatque lacertis, / altera si quando non sinit esse locum."
- Por não se conectar com o restante do poema, Heyworth considera que estes versos sejam fragmentos de outras elegias, proposta que é seguida por G. P. Goold e Simone Viarre. Paolo Fideli acredita que se trata do fechamento de uma elegia maior.[5]
"Pois nem piramides que atingem as estrelas, / nem lar de Jove Eleu que imita o céu, nem as riquezas do sepulcro de Mausolo / fogem a condição final da Morte. / Chuvas ou chamas dão um fim a sua glória: / tombam no peso tácito dos anos. Mas o renome ganho com talento nunca / passa - o talento em glória não tem morte."
- "Nam neque pyramidum sumptus ad sidera ducti, / nec Iouis Elei caelum imitata domus, / nec Mausolei diues fortuna sepulcri / Mortis ab extrema condicione uacant. / Autillis flamma aut imber subducet honores, / annorum auttacito pondere uicta ruent. / at non ingenio quaesitum nomen ab aeuo / excidet: ingenio stat sine Morte decus."
- Elegias. 3.2.19-26. Sexto Propércio; tradução e organização de Guilherme Gontijo Flores.
- Estes versos abordam a temática da imortalidade alcançada através da fama obtida pela obra poética. É feita uma comparação com grandes construções do mundo antigo, todas destinadas a ruína com o passar dos tempos. Três das setes maravilhas do mundo antigo são citadas: A Pirâmide de Quéops; a Estátua de Zeus em Olímpia e o Mausoléu de Halicarnasso. Das três apenas uma ainda continua de pé, e já bem deteriorada em comparação com a época de seu apogeu. Horácio, em Odes. 3.30 aborda temática semelhante.[6]
"Nem tudo cabe bem a todos igualmente."
- "Omnia non pariter rerum sunt omnibus apta."
- Elegias. 3.9.7. Sexto Propércio; tradução e organização de Guilherme Gontijo Flores.
"Todo o Amor se alimenta de si mesmo."
- "Ipse alimenta sibi maxima praebet Amor."
- Elegias. 3.21.4. Sexto Propércio; tradução e organização de Guilherme Gontijo Flores.
"Todas as palmas que alcançares com suor / uma só moça arrasará brincando."
- Elegias. 4.1.138-39. Sexto Propércio; tradução e organização de Guilherme Gontijo Flores.
- Flores acredita que a passagem seja uma fala de Apolo parafraseada por Hóros, personagem possivelmente fictício e criado por Propércio, com quem o poeta dialoga no poema. Hóros aqui não deve ser confundido com o deus egípcio Hórus. Hóros parece fazer o papel de um astrólogo cujo o nome oriental indicaria as suas origens. A passagem é ao mesmo tempo um alerta para os perigos da elegia como um jogo de sedução enganoso e passional.[7]
"Fingir marido aumenta o preço - arma pretextos! / O Amor aumenta, se adiar a noite."