"Nesta linha, se encontra a solução da questão estética da verdade: a arte é um laboratório e, na mesma medida, uma festa de possibilidades desenvolvidas, junto às alternativas experimentadas, tendo presente que tanto o desenvolvimento como o resultado, tem lugar na maneira da aparência fundada, ou seja, da pré-aparência perfeita no mundo. Na grande arte, tanto o exagero como a fabulação são claramente vistos, e mais do que nunca, como dirigidos em direção a uma consequência tendencial e a uma utopia concreta. Mas é claro, se esse clamor pela perfeição – que pode ser chamada de oração atéia da poesia – vai se tornar, de alguma maneira, prático e não vai permanecer simplesmente na pré-aparẽncia estética, é algo que não se decide na poesia, mas na sociedade".
"O amor e a paixão não nos fazem necessariamente felizes, mas são uma festa e uma alegria porque deles podemos esperar ao menos isto: que eles nos tornem um pouco outros, que eles nos mudem."
- Contardo Calligaris; fonte: em Folha de S. Paulo de 20 de Novembro de 2008
"A literatura faz girar os saberes, não fixa, não fetichiza nenhum deles (...) porque ela encena a linguagem, em vez de, simplesmente utilizá-la, a literatura engrena o saber no rolamento de uma reflexividade infinita: através da escritura, o saber reflete incessantemente sobre o saber (...) a escritura faz do saber uma festa"
Tenho neste momento tantos pensamentos fundamentais, tantas coisas verdadeiramente metafísicas para dizer, que me canso de repente, e decido não escrever mais, não pensar mais, mas deixar que a febre de dizer me dê sono, e eu faça festas, como a um gato, a tudo quanto poderia ter dito.
- Fernando Pessoa; "Autobiografia sem Factos". (Assírio & Alvim, Lisboa, 2006, p. 56)