Loading AI tools
Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Shabat (do hebraico שבת, shabāt; shabos ou shabes na pronúncia asquenazita, "descanso/inatividade"), também grafado como sabá (português brasileiro) ou sabat (português europeu), é o dia de descanso semanal no judaísmo, simbolizando o sétimo dia no Gênesis, após os seis dias da Criação. É observado a partir do pôr-do-sol da sexta-feira até ao pôr-do-sol do sábado. O exato momento de início e final do shabat varia de semana para semana e de lugar para lugar, de acordo com o horário do pôr-do-sol.
A observância do Shabat na religião judaica implica abster-se de atividades laborais, muitas vezes com grande rigor, e se engajar em atividades repousantes para dignificar o dia.
O shabat atualmente é observado tanto por mandamentos positivos, como as três refeições festivas (jantar de sexta-feira, almoço de sábado e refeição de final de tarde no sábado), e restrições. As atividades proibidas no Shabat derivam de 39 ações básicas (melachot, livremente traduzido como "trabalhos") que são descritas pelo Talmud a partir de fontes bíblicas.[1]
Mas outras religiões, como, por exemplo, os adventistas do sétimo dia, baseiam-se na Bíblia e ensinam a guardar o sábado de forma diferente dos judeus no aspecto de seguir leis bíblicas. "A Igreja Adventista do Sétimo Dia reconhece o sábado como sinal distintivo de lealdade a Deus (Êx 20:8-11; 31:13-17; Ez 20:12, 20), cuja observância é pertinente a todos os seres humanos em todas as épocas e lugares (Is 56:1-7; Mc 2:27). Quando Deus “descansou” no sétimo dia da semana da criação, Ele também “santificou” e “abençoou” esse dia (Gn 2:2, 3), separando-o para uso sagrado e transformando-o num canal de bênçãos para a humanidade."[2]
A palavra hebraica שבת, shabāt, tem relação com o verbo שבת, shavāt, que significa "cessar", "parar". Apesar de ser vista quase universalmente como "descanso" ou um "período de descanso", uma tradução mais literal seria "cessação", com o sentido de "parar o trabalho". Portanto, Shabat é o dia de cessação do trabalho; enquanto que descanso é implícito, mas não é uma denotação da palavra em si. Por exemplo, a palavra em hebraico para "greve" é shevita, que vem da mesma raiz hebraica que Shabat, e tem a mesma implicação, nominalmente que trabalhadores em greve se abstenham ativamente do trabalho, ao invés de passivamente.
Shabat é a fonte para o termo em português Sábado e para a palavra que denomina esse dia da semana em algumas outras línguas. A palavra "sabático" – referindo-se ao ano sabático na Bíblia ou ao ano que uma pessoa tira sem trabalhar, especialmente no mundo acadêmico – também vem dessa raiz.
O estatuto especial do Shabat como dia sagrado aparece no Tanakh:
“ | E Deus abençoou o sétimo dia e o santificou porque nele se absteve de todo o Seu trabalho que Deus havia criado para completar seus feitos. |
” |
O Shabat é introduzido com a declaração que o trabalho dos céus e da terra foram completos, e que eles permanecem perante nós em seu estado final pretendido de perfeição harmoniosa. Então Deus proclamou Seu Shabat. Essa passagem, que também é utilizada como o primeiro parágrafo do kidush de Shabat, proclama que Deus é o Criador que trouxe o universo à existência em seis dias e descansou no sétimo. A observância de Israel (o povo judeu) das leis de Shabat constituem um testemunho devoto disso.[3]
Apesar de o estatuto sagrado do dia ser indicado em Gênesis 2:3, nenhuma obrigação surge diretamente desse estatuto. O verdadeiro mandamento para observar o Shabat é mencionado diversas vezes no Tanach e todos eles surgem após o Êxodo do Egito. O primeiro mandamento relacionado ao Shabat é o quarto dos Dez Mandamentos (Êxodo 20:8-10 e Deuteronômio 5:12-14).
O Tanakh e o Sidur (livro judaico de orações) descrevem o Shabat como tendo três propósitos:
No Tanakh, a ordem de um dia de descanso é dada diretamente por Deus, após os seis dias de criação:
"Assim os céus, a terra e todo o seu exército foram acabados. E havendo Deus acabado no dia sétimo a obra que fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que Deus criara e fizera".[4]
Sua observância é considerada de extrema importância, aparecendo como o quarto dos Dez Mandamentos.
"Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e no sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado e o santificou".[5][6]
A tradição judaica acredita que um dia inicia com o pôr-do-sol e termina com o pôr-do-sol seguinte, pelo que o shabat se inicia com o pôr-do-sol da sexta-feira comum e termina com o pôr-do-sol do sábado comum.
Em algumas ocasiões a palavra Shabat refere-se à lei de Shemitá, a feriados judaicos ou a uma semana de dias, dependendo do contexto mas sempre associado a um período de cessação de trabalho.
Segundo o Talmude (Mishná Shabat 7,2), são 39 as atividades que são proibidas de se fazer durante todo o Shabat. Excepcionalmente, contudo, em caso de risco de morte, quaisquer das proibições podem ser deixadas de lado, eis que o valor mais caro ao judaísmo é a vida. Dizem os sábios que essas tarefas foram aquelas realizadas durante a construção do Tabernáculo.
Os Shabatot especiais são associados com festas judaicas importantes que eles precedem. Por exemplo, Shabat HaGadol, que é o Shabat antes de Pessach, Shabat Zachor que é o Shabat antes de Purim, e Shabat Teshuvá que é o Shabat antes de Yom Kipur.
O Eterno ordenou exclusivamente aos judeus que observassem o Shabat: "E os filhos de Israel guardarão o Shabat" ou "O Shabat será um sinal entre Mim (O Criador) e Vós (povo judeu)". Assim sendo, os gentios (goym) estão proibidos de guardá-lo, pois se o fazem estão transgredindo a Lei, atribuindo para si o título de "filho(a) de Israel" sem de fato o ser e cometendo Avodah Zarah (idolatria), pois estão adorando ao Criador de um modo que ele não determinou. Um não-judeu que “descansar” no Shabat é passível de pena capital, a não ser que seja peregrino entre os filhos de Israel (Talmude Babilônico - Sanhedrin 58 b - 59 a). Isso destinava-se a não impedir que os gentios, que servissem os judeus, pudessem executar as tarefas que estavam vedadas aos seus patrões nesse dia feriado.
Seamless Wikipedia browsing. On steroids.
Every time you click a link to Wikipedia, Wiktionary or Wikiquote in your browser's search results, it will show the modern Wikiwand interface.
Wikiwand extension is a five stars, simple, with minimum permission required to keep your browsing private, safe and transparent.