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Xilogravura

técnica de gravura na qual se utiliza madeira como matriz Da Wikipédia, a enciclopédia livre

Xilogravura
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Xilogravura é a técnica de gravura na qual se utiliza madeira como matriz e possibilita a reprodução da imagem gravada sobre o papel ou outro suporte adequado. É um processo muito parecido com um carimbo.

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Xilogravuras do século XVI ilustrando a produção da xilogravura. No primeiro: Esboçando a gravura. Segundo: Usando um buril para cavar o bloco de madeira que receberá a tinta

É uma técnica em que se entalha na madeira, com ajuda de um instrumento cortante, a figura ou forma (matriz) que se pretende imprimir. Após este procedimento, usa-se um rolo de borracha embebida em tinta, tocando só as partes elevadas do entalhe. O final do processo é a impressão em alto relevo em papel ou pano especial, que fica impregnado com a tinta, revelando a figura. Entre as suas variações do suporte pode-se gravar em linóleo (linoleogravura) ou qualquer outra superfície plana. Além de variações dentro da técnica, como a "xilogravura de topo".

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Técnica

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Perspectiva

As ferramentas básicas utilizadas para realizar o entalhe na xilogravura a fio são a faca ou bisturi, o formão e a goiva. Enquanto a ferramenta essencial para a xilografia de topo é o buril, que nada mais é que uma fina barra de aço que possibilita linhas retas e firmes na matriz.[1] Uma ferramenta bem afiada proporciona resultados melhores e é mais fácil de manusear,  a afiação é realizada em pedra de amolar de granulação bem fina na qual se deve pingar algumas gotas de óleo, é importante ressaltar que cada tipo de lâmina exige modo de afiar específico.

Antes do entalhe, o gravador normalmente faz um planejamento e estudo em uma folha comum, para passar a imagem pra matriz; pode ser feito com o lápis, desenhando diretamente na madeira ou por meio da transferência com o uso do papel carbono, essa escolha dependerá da intenção do xilógrafo.[1]

Se entalho o desenho de uma montanha à direita, ele ficará à esquerda na gravura impressa; se quero criar uma linha negra, devo entalhar dois sulcos paralelos poupando a madeira entre eles: os sulcos preservarão o branco do papel e a madeira poupada originará uma linha negra na estampa
 
Antônio Costella, [1].
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Entalhe em matriz de xilogravura
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Prensa de impressão, 1829 xilogravura por George Baxter.

Ou seja, para que a impressão tenha o resultado mais próximo do que o xilógrafo almeja, é preciso se atentar aos seguintes fatores: a  imagem entalhada na matriz é impressa de modo espelhado, caso o artista  não queira o resultado invertido, basta primeiramente desenhar em uma folha comum, em seguida  passar o desenho para o papel vegetal no qual o será copiado por transparência, depois de copiado, basta inverter o desenho e passar para matriz com o papel carbono. Outro fator relevante é que todas as linhas que ficam em alto relevo terão contato com a tinta e as em baixo relevo não.

A impressão deve ser feita com tinta específica para gravura a base de óleo ou água, antes de entintar a matriz é preciso estender a tinta em uma pedra de mármore ou vidro com o auxílio de uma espátula e um rolo de entintagem, depois que a tinta estiver espalhada uniformemente, ela deve ser aplicada na matriz com o rolo. Existem dois modos de transferir a tinta da matriz pro papel, a impressão à mão consiste em aplicar o papel escolhido sobre a matriz entintada e friccionar o verso do papel com o auxílio de uma colher de madeira ou baren, fazendo movimentos circulares, já a impressão com prensa pode ser feita na prensa rosca ou na prensa de cilindros, tornando o processo menos trabalhoso.[1]

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História

A xilogravura é considerada uma das técnicas de impressão mais antigas, é de provável origem chinesa, sendo conhecida desde o século VI.[2] Foi na China que se deu a invenção do papel, que possibilitou mais tarde a produção de impressões de textos sagrados do Budismo e estampagem de cartas de baralho.[3] No ocidente, a técnica de fabricação do papel surgiu no século XIV, durante a Idade Média, quando se afirmou a técnica da xilogravura.[4] No século XVIII duas inovações revolucionaram a xilogravura, a chegada à Europa das gravuras japonesas coloridas, que tiveram grande influência sobre as artes do século XIX, e a técnica da gravura de topo criada por Thomas Bewick.[5][6]

No final do século XVIII Thomas Bewick teve a ideia de usar uma madeira mais dura como matriz e marcar os desenhos com o buril, instrumento usado para gravura em metal e que dava uma maior definição ao traço. Dessa maneira Bewick diminuiu os custos de produção de livros ilustrados e abriu caminho para a produção em massa de imagens pictóricas.[6]

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Literatura de Cordel

A xilogravura surgiu no Brasil  por volta do século XIX com a mudança da Família Real Portuguesa, num primeiro momento foi utilizada majoritariamente por artistas estrangeiros  para fins de ilustração de livros e anúncios. A técnica chegou na região do Nordeste no século XX, através dos jornais da época, a partir disso,  as ilustrações em xilogravura transformaram a expressão artística nordestina, ganhando grande destaque na literatura de cordel. Apesar de ter origem portuguesa, a xilogravura de cordel possui características estilísticas próprias, marcadas pela simplicidade e expressividade do traço, ainda por cima, é uma manifestação artística que comunica a identidade, cultura e a  história nordestina, em razão disso, tornou-se Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro no ano de 2018.[7]

Entre os importantes xilógrafos populares brasileiros que provêm do cordel, estão: Gilvan Samico, José Costa Leite, J. Borges, Amaro Francisco e José Lourenço.

Ver também

Referências

  1. COSTELLA, Antonio (2018). Xilogravura - manual pratico 2ª ed. Campos do Jordão: Mantiqueira
  2. Fan, Jialu; Han, Qi; Wang, Zhaochun; Dai, Nianzu (2015). Lu, Yongxiang, ed. «The Four Great Inventions». Berlin, Heidelberg: Springer Berlin Heidelberg (em inglês): 161–299. ISBN 978-3-662-44165-7. doi:10.1007/978-3-662-44166-4_2. Consultado em 4 de julho de 2025
  3. Takahatake, Naoko; Bober, Jonathan; Los Angeles County Museum of Art; National Gallery of Art (U.S.), eds. (2018). The chiaroscuro woodcut in Renaissance Italy. Los Angeles, CA : Munich ; New York: Los Angeles County Museum of Art ; DelMonico Books·Prestel. doi:10.1080/01971360.2019.1602104
  4. Stavila, Tudor (setembro de 2023). «Japanese engraving from the 18th-19th centuries in the collection of the National Art Museum of Moldova» (PDF). Arta (1): 13–19. doi:10.52603/arta.2023.32-1.02. Consultado em 4 de julho de 2025
  5. Boldyreva, Irina S. (2 de novembro de 2023). «Thomas Bewick — Engraver, Publisher, Innovator». Observatory of Culture (5): 526–535. ISSN 2588-0047. doi:10.25281/2072-3156-2023-20-5-526-535. Consultado em 4 de julho de 2025
  6. Carvalho, Maria Amélia Azevedo De Oliveira; Lopes, Maria Clara Silvestrini (27 de junho de 2023). «No mundo da xilogravura: a arte das estampas». Consultado em 3 de julho de 2025
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Bibliografia

Ligações externas

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