Vila do Corvo
município e vila nos Açores, Portugal Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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Vila do Corvo é uma vila portuguesa na Ilha do Corvo, na Região Autónoma dos Açores, sede de município com 17,13 km² de área e 430 habitantes (2011).
Vila do Corvo | |
Vila do Corvo, vista do mar. | |
Mapa de Vila do Corvo | |
Gentílico | Corvense; Corvino |
Área | 17,13 km² |
População | 430 hab. (2011) |
Densidade populacional | 25,1 hab./km² |
N.º de freguesias | 0 (ver texto) |
Presidente da câmara municipal |
José Silva (PS) |
Fundação do município (ou foral) |
1832 |
Região (NUTS II) | Região Autónoma dos Açores |
Ilha | Ilha do Corvo |
Antigo Distrito | Horta |
Orago | N. Sra. dos Milagres |
Feriado municipal | 20 de Junho (Elevação a vila e município) |
Código postal | 9980-024 Vila do Corvo |
Sítio oficial | www.cm-corvo.pt |
Município de Portugal |
É a vila mais pequena da região autónoma e do país. Única povoação da ilha, constitui-se num aglomerado de casas baixas com ruas estreitas e tortuosas que sobem as encostas, conhecidas localmente por "canadas". A superfície do seu concelho corresponde a toda a ilha. O concelho mais próximo é o de Santa Cruz das Flores, na vizinha ilha das Flores, tornando Vila do Corvo o local habitado mais isolado do país.
Desconhece-se o porquê, quando ou quem iniciou a confusão acerca da correta denominação da vila. Alguns estudiosos entendem que o "Nova" foi um adjetivo introduzido pelos florentinos talvez porque o título de vila tenha sido atribuído a Vila do Corvo e depois retirado. A povoação foi elevada a vila por Decreto de 20 de junho de 1832, por proposta de Mouzinho da Silveira, sancionada por D. Pedro, duque de Bragança, na mesma data:[1]
"RelatórioSenhor! Vossa Magestade fez à ilha do Corvo um bem considerável, e os seus habitantes ficaram cheios de entusiasmo; e no Decreto de 16 de Maio último, Vossa Majestade Imperial estabeleceu um sistema de administração que seria incompatível coma sujeição daqueles habitantes à administração das ilha das Flores.
O mar os separou, e eles devem por isso ter o seu regimen separado; e muito grande número de vilas do Reino são menos consideráveis que a povoação da ilha do Corvo, que me parece ser erigida em vila para ficar sendo uma das que previu aquele decreto.
Por isso proponho a Vossa Majestade o decreto seguinte.
(a) José Xavier Mouzinho da Silveira
Ponta Delgada,
20 de Junho de 1832
Decreto
Tomando em consideração o Relatório do Ministro e Secretário d'Estado dos Negócios do Reino hei por bem em nome da Rainha o seguinte: N.a Sr.a Dos Milagres - Fica elevada à categoria de Vila, e terá Câmara Municipal Independente. O seu nome será o seguinte: Vila do Corvo.
O Ministro e Secretário de Estado do Reino assim o tenha entendido e faça executar.
(a) José Xavier Mouzinho da Silveira
(a) D. Pedro Duque de Bragança
Paço em Ponta Delgada,
20 de Junho de 1832"
Com relação ao património arquitetónico destaca-se a Igreja de Nossa Senhora dos Milagres, edificada em 1795, que substituiu a primitiva ermida. Em seu interior pode ser admirada a estátua da padroeira, obra flamenga do século XVI da escola de Malines, um Cristo em marfim, e uma imagem em madeira de Nossa Senhora da Conceição, entre várias outras.
Também é digna de nota o Império do Espírito Santo da Vila do Corvo, no Largo do Outeiro, fundado em 1871, com a traça simétrica típica das Casas do Espírito Santo das ilhas das Flores e Corvo.
Junto ao aeródromo erguem-se os moinhos de vento típicos do Corvo, classificados como imóveis de interesse municipal. Dos cerca de 7 moinhos que existiram na ilha, apenas 3 se mantêm em funcionamento, embora já não sejam utilizados para o fim para o qual foram construídos.
O casario da vila constituiu um verdadeiro museu vivo, também classificado como conjunto de interesse público, onde as pessoas mais velhas preservam no falar expressões arcaicas únicas, testemunho de uma evolução linguística muito própria.
Em duas casas tradicionais, recuperadas para o efeito, encontra-se instalado, desde 2007, o Ecomuseu do Corvo, um moderno centro interpretativo cultural e ambiental acerca da ilha, com espaço museológico e galeria para exposições temporárias.
Em termos de património natural, destaca-se o Miradouro do Pão de Açúcar localizado na elevação do Pão de Açúcar. O troço ascendente da estrada que conduz ao interior da ilha também proporciona vistas de grande beleza sobre a vila, a fajã onde ela se situa, e a vizinha ilha das Flores.
A ilha do Corvo apresenta uma estrutura de povoamento muito diferente das restantes ilhas açorianas, apenas tendo paralelo no lugar da Ponta Ruiva e nalguns pequenos povoados da costa oeste da ilha das Flores. Em vez do tradicional povoamento ao longo de vias de comunicação, numa estrutura dispersa mas orientada, a Vila do Corvo anichou-se sobre a falésia que delimita o Porto da Casa, assumindo uma estrutura de grande densidade habitacional, assente sobre pequenas vielas, mais característica dos povoados medievais, do que do povoamento renascentista do Novo Mundo.
Note-se que para oeste do eixo que viário que do Porto passa no Jogo da Bola apenas existem edificações recentes, a vasta maioria do último quartel do século XX. Esta preferência por um povoamento de grande densidade, que obrigou homens e animais (porcos e galinhas) a partilharem o mesmo espaço, sem ao menos deixar terreno para as tradicionais hortas e quintais, parece determinado por duas condicionantes: a exiguidade do terreno e a sua propriedade (o que explica pouco, já que para oeste da vila existia amplo espaço); e factores de ordem cultural e de procura de abrigo comum num ambiente varrido pelos ventos, o que explica a semelhança com a Ponta Ruiva, embora alguns autores também afirmem que foi uma forma de protecção contra os piratas, visto que as ruas estreitas eram de mais fácil defesa.
Qualquer que sejam os factores determinantes, a Vila do Corvo apresenta todas as características de um povoado de montanha, ainda que construído à beira-mar, e uma estrutura urbana que aponta mais para o norte de África do que para a Europa da Renascença.
A evolução demográfica da ilha do Corvo foi a seguinte:
Evolução da população da ilha do Corvo | |||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1864 | 1878 | 1890 | 1900 | 1911 | 1920 | 1930 | 1940 | 1950 | 1960 | 1970 | 1981 | 1991 | 2001 | 2011 | |
Vila do Corvo | 883 | 880 | 806 | 808 | 746 | 661 | 676 | 691 | 728 | 681 | 485 | 370 | 393 | 425 | 430 |
Ao longo dos últimos dois séculos a evolução da população do Corvo apresenta períodos distintos, essencialmento fruto das políticas de imigração dos Estados Unidos:
O concelho do Corvo conta com 350 eleitores inscritos (Autárquicas 2005). Apenas votaram 287 eleitores, ou seja, 82% dos inscritos.
A Sociedade Filarmónica Lira Corvense, é a única filarmónica que existe no Corvo, foi constituída a 4 de Novembro de 1938, começando a sua actividade a partir de Setembro do ano seguinte, 1939, a fazer actuações fora da Ilha, com deslocações frequentes principalmente à ilha das Flores, sua vizinha.
Esta filarmónica deste que foi constituída teve vários momentos de dificuldade na sua história, chegando mesmo a ver a sua actividade suspensa principalmente durante a década de 1950 a 1960 devido ao enorme surto de emigração que aconteceu para os Estados Unidos e para o Canadá, aliado o um Serviço Militar Obrigatório, imposto pela ditadura de Oliveira Salazar durante a Guerra Colonial Portuguesa, que levava para combater nas colónias grandes parte da juventude portuguesa, que afastava assim da ilha grande parte da juventude da ilha.
O grande impulso de desenvolvimento desta filarmónica aconteceu com a Autonomia do arquipélago dos Açores quando muitos benefícios económicos foram dados às filarmónicas por diferentes ilhas como forma de apoiar a cultura.
Assim os corvinos agarraram a oportunidade e não só reconstituíram a filarmónica, como criaram uma escola de música e deram início à compra de novos instrumentos.
Foi em 1991 que se deu a grande reactivação da “Filarmónica Lira Corvense”. Foi neste ano que se criaram os estatutos próprios e se fez a eleição de uma Direcção.
Para este “ressurgir” da Filarmónica Lira Corvense muito também contribuiu a própria Câmara Municipal de Vila do Corvo com a sua colaboração quer a nível financeiro como logístico que chegou mesmo à cedência de uma sede.
Esta filarmónica apesar de não ter maestro próprio, costuma receber com alguma frequência maestros vindos de várias ilhas dos Açores e mesmo de diferentes partes do mundo. A exemplo disso são: o maestro Coelho da Silva, o maestro Manuel Tavares Pereira, o maestro José Amorim de Carvalho e o maestro ucraniano Valentim Mikos Yuri Pavtchinsky e recentemente o seu filho o maestro Vladimir Pavtchinsky.
A Filarmónica Lira Corvense, é composta actualmente 26 músicos, na sua grande maioria jovens. As actuações desta filarmónica tem sido destinadas principalmente a abrilhantar festas religiosas e profanas, bem como na apresentação de cumprimentos e em recepções a diversas individualidades que fazem a sua deslocação à ilha do Corvo.
Depois da sua reactivação, as deslocações para fora da ilha tiveram início como uma deslocação à vizinha ilha Flores e em Agosto de 1997 com uma deslocação a Fall River, Estados Unidos, por ocasião das festas do Divino Espírito Santo, onde actuou para as comunidades portuguesas. Nesta deslocação teve como maestro e trompetista o Ucraniano Yuri Pavtchinsky.
Durante o Inverno, as ligações marítimas, apesar de regulares, são fortemente condicionadas pelo estado do mar e pelo vento, uma vez que o Porto da Casa, um pequeno molhe que serve a ilha, não fornece abrigo que permita a operação com tempo adverso. Durante o Verão, chega a haver várias ligações por dia, graças a barcos rápidos que fazem o trajecto entre o Corvo e Santa Cruz das Flores em cerca de 30 minutos.
As ligações aéreas são asseguradas pela transportadora aérea regional - a SATA - através do Aeródromo do Corvo, na vila.
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