A cidade nasceria no local onde antes existia uma povoação de pescadores denominada Santo António da Arenilha.
Ao longo da sua História, o Reino de Portugal e o Reino dos Algarves tiveram sempre problemas políticos com a vizinha Espanha, e por isso sempre houve um especial cuidado com as regiões raianas. A foz do rio Guadiana divide o extremo sudeste português do extremo sudoeste espanhol, e durante muitos anos a única cidade portuguesa que protegia o território nacional nessa zona era Castro Marim. Nessa medida, e porque esse período foi uma era de grandes mudanças no país, foi assinada a 30 de Dezembro de 1773 uma Carta Régia que dava conta da criação de uma cidade no extremo algarvio – nascia assim Vila Real de Santo António.
Sebastião José de Carvalho e Melo, mais conhecido como Marquês de Pombal, ministro do rei D. José I, foi o homem responsável pela criação da cidade. A edificação da cidade foi bastante rápida; a 17 de Março de 1774 foi lançada a primeira pedra e no dia 6 de Agosto do mesmo ano já estavam terminadas as Casas da Câmara e da Alfândega, os quartéis e começava-se a construção da igreja. Os edifícios foram construídos da mesma forma que os da Baixa lisboeta, à base de peças pré-fabricadas que depois eram aplicadas no local, tornando a construção mais uniforme e célere. As obras ficaram concluídas a 13 de maio de 1776. A cidade desenvolvia-se numa malha urbana ortogonal perfeita, centrada na Praça Marquês de Pombal. Uma grande marginal percorria as várias centenas de metros que separavam o aglomerado urbano do rio Guadiana.
No final do século XIX e início do século XX, a cidade viveu prosperamente. O sector das pescas (principalmente sardinha e atum) dinamizaram a cidade, transformando-a num importante centro pesqueiro e conserveiro. Era também um importante porto para os barcos que transportavam minério desde as minas de São Domingos. A importância da cidade traduziu-se também na tecnologia; foi a primeira cidade algarvia a ter iluminação a gás, em 1886.[carecede fontes?]
Actualmente a cidade e o município de Vila Real de Santo António vivem do turismo, a par da maior parte das zonas do litoralalgarvio. Os extensos areais dão óptimas praias que na época balnear se enchem de turistas nacionais e estrangeiros.
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Vila Real de Santo António fica no extremo sudeste do Algarve. O seu território é dominado pelo rio Guadiana, a leste, o Oceano Atlântico, a sul, e a serra algarvia (na freguesia de Vila Nova de Cacela) e o sapal de Castro Marim (Vila Real e Monte Gordo), a norte.
De acordo com os dados do INE o distrito de Faro registou em 2021 um acréscimo populacional na ordem dos 3.7% relativamente aos resultados do censo de 2011. O concelho de Vila Real de Santo António regista um decréscimo populacional a rondar os 1.7%.
Número de habitantes "residentes", ou seja, que tinham a residência oficial neste município à data em que os censos se realizaram:
Mais informação Ano, Pop. ...
Ano
Pop.
±%
1864
5 059
—
1878
6 844
+35.3%
1890
8 573
+25.3%
1900
9 817
+14.5%
1911
10 716
+9.2%
1920
9 536
−11.0%
1930
12 313
+29.1%
1940
12 955
+5.2%
1950
14 383
+11.0%
1960
14 999
+4.3%
1970
13 738
−8.4%
1981
16 347
+19.0%
1991
14 400
−11.9%
2001
17 956
+24.7%
2011
19 156
+6.7%
2021
18 824
−1.7%
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Mais informação Número de habitantes por Grupo Etário ★★ ...
★★ De 1900 a 1950 os dados referem-se à população "de facto", ou seja, que estava presente no município à data em que os censos se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente
O município de Vila Real de Santo António é um dos mais densamente povoados do Algarve, apresentando valores superiores à média nacional.
No que diz respeito à taxa de natalidade, desceu de 14,31 para 9,41 entre 1991 e 2001; a freguesia com o valor mais alto é Vila Real de Santo António (10,5%), seguido de Monte Gordo (8,1%), e por fim Vila Nova de Cacela (7,5%).
A taxa de mortalidade também decresceu, descendo de 12,29 em 1991, para 11,92 em 2001; analisado por freguesia Vila Real de Santo António e Vila Nova de Cacela têm valores idênticos (13,1% e 13,0% respectivamente), enquanto que Monte Gordo apresenta o valor mais baixo do município (7,8%).[7]
Contudo, como o decréscimo da natalidade foi mais acentuado, a taxa de crescimento natural desceu de 2,01 para -2,51.[8] A única freguesia com saldo positivo neste aspecto é Monte Gordo (0,3%), enquanto que Vila Nova de Cacela é a que mais se destacou pelo aspecto negativo (-5,5%); a freguesia de Vila Real de Santo António teve uma taxa de crescimento natural de -2,6%.
Apesar do decréscimo, prevê-se que a população cresça cerca de 27% relativamente a 2001 até ao ano de 2031 (previsão:22 834 habitantes[7]) devido ao crescente êxodo de pessoas dos municípios do interior do Algarve, para os mais litorais, tais como Vila Real de Santo António.
O crescimento populacional nota-se também na densidade populacional que, segundo a previsão, subirá de 2,90 hab/km² em 2001 para 3,69 hab/km² em 2031.[7]
Economia
O Algarve é, desde há vários anos, o destino preferencial de veraneio em Portugal, o que fez com que o sector terciário se desenvolvesse na região; a restauração, hotelaria e comércio são as principais fontes de rendimento dos algarvios. O município de Vila Real de Santo António não é excepção à regra. Foi nos anos 1960 que começou a grande procura pelas praias da zona, principalmente as de Monte Gordo. Essa procura fomentou um desenvolvimento de estruturas de apoio tais como hotéis e restaurantes.
Apesar da grande predominância de empregos no sector terciário, também no sector primário existe grande actividade no município. O cultivo de grão, frutos secos, citrinos e olival ocupam cerca de 47% da área do município. No que diz respeito à pecuária, as espécies mais criadas são aves, ovinos e caprinos. O sector secundário está apenas representado pela indústria de conservação de pescado, construção, indústria de mármores e artes gráficas.[9]
Equipamentos
Transportes
O município de Vila Real de Santo António é servido por várias vias de comunicação que o ligam ao Algarve e a Espanha. A auto-estrada A22, mais conhecida como Via do Infante faz a conexão do município (apesar de passar no município vizinho de Castro Marim) ao país vizinho, através da Ponte Internacional do Guadiana. O IC27 - tal como a via do Infante, não passa no município de Vila Real de Santo António, mas sim em Castro Marim - liga o município ao Alentejo, mais propriamente a Mértola e Beja. A EN 125 é também uma importante via de comunicação no município, ligando as freguesias entre si e conectando-as ao resto da região.
A viagem para Espanha pode também ser feita num ferry-boat. O atravessamento do rio neste local foi feito desde sempre (até à da construção da ponte) por barco. No início do século XX, mais propriamente em 1906, esse meio de transporte foi complementado com uma ligação ferroviária à Linha do Algarve, que passou a ter na estação da cidade a sua extremidade oriental, da qual ainda hoje partem comboios para Faro, com ligação a Lagos e a Lisboa.[10] Em 1952, a linha foi prolongada a fim de abrir uma nova estação, chamada Vila Real de Santo António - Guadiana, situada mais perto do centro da cidade e junto ao terminal fluvial; a nova estação, porém, foi encerrada em 1998, voltando a mais longínqua a ser o terminal da linha.[11]
Existe uma rede de autocarros que cobre todo o Algarve, a Vamus Algarve, com carreiras para todo o Algarve e para vários destinos dentro do município.[12] Existe também uma rede municipal de autocarros sociais que têm como objetivo ligar as várias aldeias do concelho, promovendo o deslocamento de pessoas idosas.[13] Durante a época balnear funciona o Comboio Turístico de Vila Real de Santo António, que faz a ligação, de meia em meia hora, entre o centro da cidade e a Praia de Santo António.[14]
Educação
No município de Vila Real de Santo António existem 13 escolas que leccionam desde o ensino primário até ao ensino secundário. Existem nove escolas com o 1º ciclo de escolaridade, três escolas com o 2º e 3º ciclos e uma com ensino secundário. A par destas instalações existem ainda duas creches e oito infantários[15]
Não há estabelecimentos de ensino superior no município. Contudo, funciona em Vila Real de Santo António a Universidade de Tempos Livres que promove a aprendizagem através de cursos, estando também responsável pela organização de bailes, exposições entre outros eventos culturais.[16]
Casino de Monte Gordo – Veio substituir, em 1934, o primitivo Casino Peninsular que lhe ficava a curta distância. Foi posteriormente remodelado por diversas vezes
Igreja de Nossa Senhora das Dores – Templo antiquíssimo, possivelmente tão antigo quanto a povoação de Monte Gordo. Tem, sob si, vestígios de outra igreja que as areias soterraram.
A cultura algarvia tem em Vila Real de Santo António um importante centro de divulgação. Nesta cidade nasceram e trabalharam vários artistas que deixaram a sua marca na literatura, nas artes plásticas, entre outras áreas culturais.
Um dos mais conhecidos é António Aleixo, poeta popular da primeira metade do século XX; famoso pela ironia e crítica social, é um dos mais aclamados poetas algarvios. Também Manuel Cabanas[17] foi uma figura de destaque no panorama artístico vila realense; o Mestre Cabanas, como era conhecido, foi xilogravador e um opositor convicto do Estado Novo. É ainda a cidade natal de Lutegarda Guimarães de Caires, ativista e poetisa, promotora do Natal dos Hospitais e diversas causas sociais em Portugal.
Centro Cultural António Aleixo
Este centro cultural foi instituído à memória do poeta homónimo. Situa-se no centro da cidade de Vila Real de Santo António. O local é constituído por duas salas de exposições: a zona principal tem uma área substancialmente maior que a outra sala e recebe exposições dos mais variados tipos de arte, tais como a pintura, escultura ou fotografia; a outra área está destinada a uma exposição permanente dos trabalhos de xilogravura de Manuel Cabanas, e por essa razão, a galeria tem o nome desse artista.[18]
Centro de Artes e Ofícios da Manta Rota
Situado na freguesia de Vila Nova de Cacela, é um importante centro de divulgação da arte e saber tradicional da região. Está instalado no antigo edifício do Casino da Manta Rota. Neste centro organizam-se também diversas exposição de arte e eventos culturais.[19]
À parte dos centros culturais, o mais importante "centro" de divulgação cultural da região situa-se ao longo da costa, estendendo-se desde a praia da Manta Rota até Cacela Velha; o Núcleo Museológico de Cacela Velha põe a descoberto séculos de história. A passagem de povos tais como os romanos ou muçulmanos é bem retratada no município. Os vestígios encontrados são expostos em exposições temporárias na Escola Primária de Santa Rita.
Maior presépio do país
No ano 2022 completou a sua 20ª edição, ocupando uma área de 240 metros quadrados do Centro Cultural António Aleixo, com milhares de figuras, 20 toneladas de areia, 4 toneladas de pó de pedra, 3000 quilos de cortiça e centenas de adereços. A estrutura tem elementos evocativos da região, nomeadamente a Praça Marquês de Pombal, as antigas cabanas da praia de Monte Gordo, as salinas, as tradicionais noras algarvias, assim como outros monumentos locais.[20][21]
Praia de Monte Gordo – A beleza da sua praia, as águas seguras e inválidas atraíram os primeiros turistas estrangeiros na década de 1960, dando-lhe um lugar pioneiro no desenvolvimento do turismo algarvio. Hoje, Monte Gordo é um centro turístico internacional, com um casino entre os seus múltiplos equipamentos.