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Vasily Mikhailovich Golovnin (em russo: Василий Михайлович Головнин, 19 de abril [Calend. juliano: 8 de abril] 1776, Gulyniki, Oblast de Ryazan, Rússia - 11 de julho [Calend. juliano: 29 de junho] 1831, São Petersburgo, Rússia), foi um explorador e navegador russo, vice-almirante e membro correspondente da Academia Russa de Ciências (1818).[1][2][3]
Vasily Golovnin | |
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Nascimento | 19 de abril de 1776 Gubernia de Moscou |
Morte | 11 de julho de 1831 (55 anos) São Petersburgo |
Sepultamento | Cemitério Mitrofanievskoe |
Cidadania | Império Russo |
Filho(a)(s) | Alexandre Vassilievitch Golovnine |
Alma mater |
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Ocupação | explorador, navegador, almirante |
Distinções |
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Empregador(a) | Academia Russa de Ciências |
Lealdade | Império Russo |
Causa da morte | cólera |
Vasily Mikhailovich Golovnin nasceu em abril de 1776 em Gulyniki, no oblast de Ryazan, na propriedade rural da família.[4][5] Tanto o seu pai como o seu avô serviram militarmente o Império Russo como oficiais de um regimento de elite, o Regimento Preobrazhensky.[2] Golovnin estaria destinado a continuar a tradição familiar, mas o seu pai morreu quando Vasily era ainda criança, e aos doze anos de idade entrou no Colégio Naval Russo como cadete.[2][4] Completou o curso quatro anos depois, em 1792.[4]
Golovnin entrou no serviço ativo como guarda-marinha em maio e junho de 1790, participando em várias batalhas navais[6] contra os suecos.[7] Serviu em várias campanhas no exterior entre 1793 e 1798. De 1798 a 1800 foi ajudante e intérprete do vice-almirante M. K. Makarov, comandante de uma esquadra russa que operava conjuntamente com a frota britânica no mar do Norte.[8]
Sob ordens do czar Alexandre I, Golovnin foi enviado, conjuntamente com outros oficiais russos, para receber treino a bordo de navios britânicos.[2][8][9] Serviu três anos (1802–1805) na Marinha Britânica sob ordens dos almirantes Nelson, Collingwood, e Cornwallis.[2][8][9] Durante este período, a guerra foi de novo declarada entre britânicos e franceses, e Golovnin entrou em ação servindo o almirante Nelson.[10]
Regressou à Rússia em 1806, e começou a compilar um código de sinais navais baseado nos padrões ingleses, e que permaneceu em uso pela frota russa durante mais de vinte anos.[2]
Golovnin foi nomeado comandante da chalupa Diana em 1806, tendo nesta embarcação feito a sua primeira viagem à volta do mundo (1807—1809), com o intuito de fazer um levantamento das costas do Pacífico Norte, e levar mantimentos para Okhotsk.[10][11]
O Diana zarpou de Kronstadt em 7 de julho de 1807.[5] Uma violenta tempestade em abril de 1808 impediu o Diana de contornar o cabo Horn, e Golovnin decidiu rumar ao cabo da Boa Esperança na África do Sul, para repor os mantimentos necessários ao navio.[5] Ancorou em Simon's Town em de maio de 1808.[5] Golovnin, que já tinha estado dez meses no mar, não tivera conhecimento de que as relações entre o Império Russo e o Reino Unido se tinham entretanto deteriorado, e que a Rússia passara a ser aliada dos franceses.[5] O Diana ficou imediatamente retido como navio inimigo por um esquadrão naval britânico, à espera de instruções de Londres quanto ao que com ele fazer.[5][7] Golovnin e a sua tripulação estiveram mais de um ano retido a bordo do Diana em Simon's Town à espera de uma decisão das autoridades britânicas.[5] Quando ficou mais claro que tal decisão poderia nunca chegar, Golovnin começou a planear uma fuga.[5] Em 28 de maio de 1809, as condições perfeitas surgiram: vento favorável e reduzida visibilidade.[5] A tripulação cortou os cabos da âncora e conseguiu ter êxito na fuga da baía, ao passar diretamente frente a vários navios de guerra britânicos.[5][12] Quando os britânicos descobriram que os russos tinham fugido, enviaram navios em sua perseguição, mas não conseguiram chegar ao Diana, que viajou calmamente até Kamchatka.[5] A notícia da "audaciosa fuga" do Diana rapidamente se espalhou por todo o mundo.[5]
Em 1819, Golovnin publicou um relato da sua viagem, detenção e fuga, com o título Viagem da chalupa Diana do Imperador Russo de Kronstadt a Kamchatka.[5]
Golovnin deixou Kamchatka em 1810, navegando para a ilha Baranof, que era um posto recentemente criado pela Companhia Russo-Americana.[7]
Em 1811, Golovnin descreveu e cartografou as ilhas Curilas entre o estreito de Hope e as costas orientais da ilha Iturup (Etorofu na língua japonesa).[4][13]
Quando explorava Kunashir (Kunashiri em japonês), Golovnin foi atraído a terra, feito prisioneiro, acusado de violar a sakoku (a política japonesa que proibia a entrada no Japão aos estrangeiros) e ficou cativo durante dois anos na ilha de Hokkaido.[7][13] Golovnin tinha uma "educação superior fascínio por culturas estrangeiras."[13] Após uma mal sucedida tentativa de escapar aos seus captores, Golovnin decidiu usar o seu tempo para a aprender a língua japonesa e se familiarizar com a cultura do Japão e as tradições do país.[13]
Golovnin foi libertado em 1813, regressou à Rússia, e publicou um relato dos seus anos de cativeiro.[13] O seu livro Cativeiro no Japão nos Anos 1811, 1812, 1813, tornou-se um clássico instantâneo.[13] Foi muito apreciado na Rússia como obra de referência sobre a cultura japonesa, e ajudou a moldar o ponto de vista sobre o Japão a toda uma geração.[13] Golovnin respeitava nitidamente os japoneses, retratando-os como "tão inteligentes, tão patrióticos e tão valorosos rivais" dos russos no Pacifico.[13]
Em 1817, Golovnin embarcou numa segunda viagem de circum-navegação a bordo da fragata Kamchatka.[2][10] Às suas ordens viajaram então exploradores russos que atingiriam grande proeminência - Fyodor Litke, Fyodor Matyushkin e Ferdinand von Wrangel.[10]
O objetivo era entregar mantimentos e mercadorias em Kamchatka, e levantar ilhas até então inexploradas no que é hoje a costa noroeste do Alasca.[10] Golovnin também tinha a incumbência de compilar um relatório que detalhasse as relações entre os naturais da ilha Kodiak e os empregados da Companhia Russo-Americana.[10]
Depois de regressar à Rússia em setembro de 1819, Golovnin publicou À volta do mundo no Kamchatka, descrevendo a sua viagem e os seus encontros com os nativos de Kodiak e os nativos das ilhas Sandwich.[2][3]
Embora a viagem tenha "conseguido pouco em termos de novas descobertas", Golovnin regressou com "uma vasta quantidade de informação científica e astronómica" para partilhar com os cientistas russos.[3]
Em 1821, Golovnin foi nomeado como diretor assistente da Escola Naval Russa, e em 1823, como quartel-mestre da frota.[4]
Talentoso administrador, Golovnin conseguiu grande êxito na direção de atividades dos departamentos de construção naval, comissariado, e artilharia.[4] Sob sua supervisão, mais de duzentos navios foram construídos, incluindo os primeiros navios a vapor russos.[2] Golovnin também foi mentor de muitos navegadores russos, incluindo os mencionados Fyodor Litke e Ferdinand von Wrangel.[2]
Golovnin morreu de cólera durante uma epidemia que varreu a cidade de São Petersburgo em 1831.[2][4][14]
A localidade de Golovin, o cabo Golovnin, bem como a baía de Golovnin e a lagoa Golovnin, todos receberam o seu nome em homenagem a Vasily Golovnin. Um estreito entre duas das ilhas Curilas, o vulcão Golovnin na ilha Kunashir, cabos em Nova Zembla e na Terra de Francisco José, são ainda outros acidentes geográficos que têm o seu nome. O cabo de Point Hope no Alasca também foi originalmente portador do nome de Golovnin.
A obra literária de Golovnin que descreve as suas aventuras no mar e em terra continua notável pelo seu "respeito pelo detalhe histórico...[a sua] capacidade crítica, talento literário, e viva curiosidade".[4] Recebeu muitas honrarias em vida, incluindo a Ordem de São Vladimir e a Ordem de São Jorge, sendo comandante desta última.
Golovnin casou com a filha de um proprietário de terras no oblast de Tver que era ex-oficial do exército, Evdokiya Stepanovna Lutkovskaya (1795–1884). Todos os quatro irmãos de Evdokiya serviram na Marinha Russa; dois deles, Peter e Feopemt Lutkovsky, foram almirantes, com grande destaque.[2][15]
Feopemt Lutkovsky (1803–1852) serviu sob ordens de Golovnin durante a sua viagem a bordo do Kamchatka (1817–1819).[2] Feopemt foi descrito como "livre pensador" e de acordo com testemunhos de pessoas envolvidas na Revolta Dezembrista, estaria em comunicação próxima com vários membros dessa associação de revoltosos.[2] Conseguiu evitar ser acusado de traição devido à intervenção de Fyodor Litke.[15] Ekaterina, irmã de Evdokiya, também casou com um oficial naval, o vice-almirante Maksim Maksimovich Genning.
O filho de Golovnin, Alexander Vasilyevich Golovnin (1821–1886), seguiu inicialmente os passos do pai, servindo na Marinha Russa.[4] Amigo chegado e associado ao Grão-Duque Konstantin Nikolayevich, Alexander deixou a Marinha e serviu como Ministro da Educação (1861–1866) no governo do czar Alexandre II.[4][16][17] Além do seu trabalho como oficial naval e burocrata, Alexander dirigiu ainda o jornal Morskoi Sbornik, e esteve ativamente envolvido no Zemstvo.[4] Foi Alexander quem manteve, recolhei e publicou as obras do seu pai com o título Obras e Traduções (Sochineniia i Perevody).[4]
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