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Na televisão, no cinema e no teatro, typecasting é o termo em inglês que designa o processo pelo qual um determinado ator torna-se fortemente identificado com um determinado personagem; um ou mais papéis específicos, ou personagens com as mesmas características, ou com determinado classes sociais ou grupos étnicos. Há casos nos quais determinado ator torna-se tão fortemente identificado com certo papel que fica muito difícil encontrar trabalhos para atuar com outros tipos de personagens.
Como alternativa, um diretor pode escolher elencar um ator "contra o tipo" (i.é., em um papel que seria incomum para que o ator, para criar um efeito dramático ou cômico). O typecasting também ocorre em outras artes cênicas. Um cantor ou uma cantora de ópera que tenha feito grande sucesso em determinado papel, como Denyce Graves como Carmen, pode tornar-se marcado ou marcada nesse papel.
Um ator é às vezes tão fortemente identificado com o papel que isso torna difícil para eles encontrarem trabalhos interpretando outros personagens. É especialmente comum entre os protagonistas nas séries de televisão e nos filmes.
Um exemplo está no elenco da série original de Star Trek. Durante a exibição original entre 1966 e 1969, William Shatner foi o ator mais bem pago: $5000 por episódio ($38000 atualmente), com Leonard Nimoy e os demais atores recebendo muito menos.[1] Entretanto, a mídia previu que Nimoy alcançaria o estrelato após o fim da série,[2] e James Doohan teve a expectativa de que aparecer numa série da NBC ajudar em sua carreira pós-Star Trek.[3]
Mas a série marcou tanto os atores, que logo em março de 1970, Nichelle Nichols queixou-se de Star Trek tê-la "definido tão estreitamente como atriz"[4]—que só Shatner e Nimoy continuaram a trabalhar de forma constante durante a década de 1970, e até mesmo o trabalho destes recebeu pouca atenção, a menos que fosse relacionado a Star Trek. Outras fontes de renda vinham da participação em convenções de Star Trek, frequentadas pelos fãs, denominados Trekkies; em 1978, DeForest Kelley, por exemplo, ganhou $50.000 ($ 188000 hoje) naquele ano.[5] As últimas produções da série terminaram em 1971,[6] mas, em 1979, no primeiro de seis filmes estrelando todo o elenco fez com Kelley recebesse $1 milhão para o filme, Star Trek VI: The Undiscovered Country (1991).
A revista Parade afirmou sobre o elenco, em 1978, que "[eles] perderam o controle de sua vida no momento em que pisaram na ponte de comando da nave de faz-de-conta USS Enterprise - em 1966". Ser profundamente identificado com um papel[7] deixou o elenco da série com um misto de emoções: Shatner chamou-a de "incrível e enfadonha" e Walter Koenig chamou de "bittersweet" (um misto de doçura e amargura), mas admitiu que há "uma certa imortalidade em ser associado a Star Trek".
Alguns dos atores da Next Generation também ficaram marcados. Patrick Stewart lembrou que um "distinto diretor de Hollywood com o qual eu quis trabalhar me disse: 'por que eu iria querer o Capitão Picard no meu filme?' Isto foi doloroso".[8] O seu mais proeminente papel não relacionado a Star Trek foi Professor Xavier da série de filmes X-Men, compartilhava semelhanças com Jean-Luc Picard. Stewart afirmou que "eu não tenho uma carreira no cinema. Eu tenho uma carreira de franquia"; ele continua a trabalhar no palco como um ator shakespeariano. No entanto, The Next Generation tinha uma das maiores rendas de seu tempo,[9] e o elenco se tornou muito rico.[10][11] Jonathan Frakes afirmou que "é melhor ser estigmatizado em determinado papel do não ser elencado."[12] Michael Dorn disse em 1991, "se o que aconteceu ao primeiro elenco é ser estigmatizado, então eu quero ser estigmatizado. Claro, eles não conseguiram outros trabalhos depois de 'Star Trek'. Mas eles estão fazendo o sexto filme. Nomeie-me alguém na televisão, que tenha feito seis filmes!"[13]
Daniel Radcliffe ficou estigmatizado como Harry Potter, uma vez que ele desempenhou o papel do protagonista em todos os oito filmes da franquia. Radcliffe foi confrontado com duas transições, a primeira de ator infantil a ator adulto e a segunda do estigma da associação a Harry Potter à interpretação de outros personagens.[14]
O ator soviético Mikheil Gelovani interpretou Josef Stálin, em 12 filmes feitos durante o período de vida do líder, dentre eles A Grande Aurora (1938), Lênin em 1918 (1939), O Juramento (1946), A Queda de Berlim (1950) e O Inesquecível Ano de 1919 (1952) - que refletiam o seu culto de personalidade; os filmes foram banidos ou tiveram as cenas com Stálin removidas após o Discurso Secreto de 1956. Após a morte de Stálin, a Gelovani foram negados novos papéis, uma vez que ele passara a estar profundamente identificado com o finado líder.[15] De acordo com O Livro Guinness de Fatos e Feitos de Filmes, Gelovani tinha provavelmente interpretado o mesmo personagem histórico mais vezes do que qualquer outro ator.[16] O colunista do Die Zeit, Andreas Kilb escreveu que ele terminou sua vida "um lamentável Kagemusha" da imagem de Stálin.[17]
Alguns atores aceitam de braços abertos o typecasting. Os fãs sempre esperam um determinado ator para interpretar certo "tipo", e os papéis que se desviam daquilo que é esperado podem ser fracassos de bilheteria. Este benéfico typecasting é particularmente comum em filmes de ação (por exemplo, Jackie Chan, Jet Li, Steven Seagal, Vin Diesel, Jean-Claude Van Damme, Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger) e comédias (Charlie Chaplin, Adam Sandler, Chris Rock, Julia Roberts), mas muito menos comum em papéis dramáticos, apesar de muitos "filmes B" e "C" terem atores marcados por determinado tipo de papel.
Alguns atores tentam escapar ao typecasting escolhendo papéis que são opostos aos papéis pelos quais eles são conhecidos; como alternativa, um diretor pode escolher elencar um ator em um papel incomum para criar um efeito dramático ou cômico. Exemplos notáveis incluem:
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