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Turismo rural é uma modalidade do turismo que tem, por objetivo, permitir, a todos, um contato mais direto e genuíno com a natureza, a agricultura e as tradições locais, através da hospedagem domiciliar em ambiente rural e familiar.
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Desde a década de 1970, como resposta ao aumento e diversificação da procura turística, assim como à procura de soluções para o declínio e desagregação das sociedades rurais, assiste-se ao desenvolvimento do turismo em espaço rural, constituindo-se este como um meio privilegiado de promoção dos recursos existentes nos territórios rurais, um factor de revitalização do tecido económico e social e uma oportunidade para o desenvolvimento destes territórios.
O turismo no espaço rural constitui uma atividade geradora de desenvolvimento económico para o mundo rural quer por si só, quer através da dinamização de muitas outras atividades económicas que, dele, são tributárias e que, com ele, interagem.
As atividades turísticas no meio rural constituem-se da oferta de serviços, equipamentos e produtos de:
Nomeadamente, pode apresentar como atração as plantações e culturas em áreas onde as mesmas, porventura, sirvam de referência internacional no chamado agronegócio.
A concepção baseia-se na noção de território, com ênfase no critério da destinação e na valorização da ruralidade. Assim, considera-se, território, um espaço físico, geograficamente definido, geralmente contínuo, compreendendo cidades e campos, caracterizado por critérios multidimensionais, como ambiente, economia, sociedade, cultura, política e instituições, e uma população com grupos sociais relativamente distintos, que se relacionam interna e externamente por meio de processos específicos, onde se pode distinguir um ou mais elementos que indicam identidade cultural e coesão social, cultural e territorial.
Nos territórios rurais, tais elementos manifestam-se, predominantemente, pela destinação da terra, notadamente focada nas práticas agrícolas, e na noção de ruralidade, ou seja, no valor que a sociedade contemporânea concebe ao rural, e que contempla as características mais gerais do meio rural: a produção territorializada de qualidade, a paisagem, a biodiversidade, a cultura e certo modo de vida, identificadas pela atividade agrícola, a lógica familiar, a cultura comunitária, a identificação com os ciclos da natureza.
O comprometimento com a produção agropecuária identifica-se com a ruralidade: um vínculo com as coisas da terra. Desta forma, mesmo que as práticas eminentemente agrícolas não estejam presentes em escala comercial, o comprometimento com a produção agropecuária pode ser representado pelas práticas sociais e de trabalho, pelo ambiente, pelos costumes e tradições, pelos aspectos arquitetônicos, pelo artesanato, pelo modo de vida considerados típicos de cada população rural.
A prestação de serviços relacionados à hospitalidade em ambiente rural faz com que as características rurais passem a ser entendidas de outra forma que não apenas focadas na produção primária de alimentos. Assim, práticas comuns à vida campesina, como manejo de criações, manifestações culturais e a própria paisagem passam a ser consideradas importantes componentes do produto turístico rural e, consequentemente, valorizadas e valoradas por isso.
A agregação de valor também faz-se presente pela possibilidade de verticalização[desambiguação necessária] da produção em pequena escala, ou seja, beneficiamento de produtos in natura[desambiguação necessária], transformando-os para que possam ser oferecidos ao turista, sob a forma de conservas, produtos lácteos, refeições e outros.
O turismo rural, além do comprometimento com as atividades agropecuárias, caracteriza-se pela valorização do patrimônio cultural e natural como elementos da oferta turística no meio rural. Assim, os empreendedores, na definição de seus produtos de Turismo Rural, devem contemplar, com a maior autenticidade possível, os fatores culturais, por meio do resgate das manifestações e práticas regionais (como o folclore, os trabalhos manuais, os "causos", a gastronomia), e primar pela conservação do ambiente natural.
No campo do desenvolvimento econômico, o turismo rural só produziria atividades quando localizado em núcleos próximos a grandes cidades ou em locais com atrativos especiais. Porém, os problemas resultantes da massificação do turismo rural podem ser muitos, como por exemplo, a localização pontual, impactos ambientais graves, abandono de atividades agropecuárias e excessiva terceirização da atividade econômica.[1]
O setor público vem ganhando importância na geração de ocupações não agrícolas no meio rural, seja diretamente, por meio da administração pública, seja por meio dos serviços sociais por ela prestados.[2]
Um hotel-fazenda é um estabelecimento comercial de hospedagem localizado sempre na zona rural e destinado ao lazer, recreação, eventos etc. Podemos dizer ainda que é um local de hospedagem localizado em ambiente rural, dotado de exploração agropecuária, que ofereça entretenimento e vivência do campo. Na Cartilha de Orientação Básica do Cadastur, também do Ministério do Turismo, a definição adotada para um hotel fazenda é: um "hotel instalado em uma fazenda, ou outro tipo de exploração agropecuária, e que ofereça vivência do ambiente rural".
Os hotéis-fazenda, podem ser situados em propriedades rurais, adaptados de antigas estruturas originais de sedes de fazendas, nas quais foram conservados aspectos históricos de ciclos econômicos e de culturas agrícolas. Nesses casos, o turista desfruta de instalações modernizadas, do cenário típico da época e de atividades programadas para um hotel, com todos os equipamentos e serviços. Voltado também à prática de atividades recreacionais campestres e contato com a natureza.
Também podem ser totalmente novos, construídos mais para descanso e lazer, com infraestrutura instalada para a prática de vários esportes (piscina, quadra de tênis, campo de futebol, etc), arborismo, cavalariças e outros elementos típicos da vida no campo.
É bastante comum a utilização desta nomenclatura em hotéis com estrutura de lazer (uma outra categoria). No entanto, é possível verificar na bibliografia[3] sobre o tema, que a expressão "Turismo Rural" aplica-se na presença de atividades rurais como atrativos do meio de hospedagem, uma vez que o tema evoca um vivência em atividades típicas deste e que subentende-se que o turista as associa à expressão.
O agroturismo é uma das diferentes modalidade de turismo no meio rural (em Portugal, no Brasil e outros), praticada por famílias de agricultores dispostos a compartilhar seu modo de vida com os habitantes do meio urbano.
É conhecido que os agricultores, que oferecem serviços de qualidade, valorizam e respeitam como ninguém o meio ambiente e obviamente a ruralidade, assim como a cultural local ou tradicional. Assim, neste tipo de turismo, perante os órgãos oficiais e governamentais dos respectivos países, comprometem-se a dar conhecer, aos seus hóspedes, esse estar e saber. E, para tal, ficam "obrigados" a permitir que os de fora, que ficam em suas quintas rurais, executem as mesmas tarefas agrícolas em conjunto com eles. É esta última particularidade que se distingue das restantes modalidades de turismo rural.
Neste contexto, o agroturismo constitui uma atividade não agrícola caracterizada pelo ponto de vista estritamente geográfico em zonas rurais, externas às propriedades agropecuárias da região onde se instalam. Sendo assim, nada têm a ver com as rotinas cotidianas da produção, constituindo-se, ao contrário, num mundo à parte.[4]
Em muitos dos casos, o agroturismo é associado a atividades de agroecologia, ecoturismo ou educação ambiental, mas nem sempre, já que são coisas distintas e apenas porventura complementares em alguns países (não em Portugal).
O agroturismo ajuda a estabilizar a economia local, criando empregos nas atividades indiretamente ligadas à atividade agrícola e ao próprio turismo, como comércio de mercadorias, serviços auxiliares, construção civil, entre outras, além de abrir oportunidades de negócios diretos, como hospedagem, lazer e recreação. Com relação aos benefícios ambientais, pode-se mencionar o estímulo à conservação ambiental e à multiplicação de espécies de plantas e animais, entre outros, pelo aumento da demanda turística. Economicamente, pode-se mencionar, como exemplo de vantagens associadas ao agroturismo, a possibilidade de agregar valor aos produtos agrícolas do estabelecimento e a instalação de indústrias artesanais, por exemplo para a produção de alimentos regionais típicos. Além disso, desperta a atenção para o manejo, conservação e recuperação de áreas degradadas e da vegetação florestal e natural.
Segundo o documento do Ministério do Turismo do Brasil, "Diretrizes para o Desenvolvimento do Turismo Rural", a conceituação de Turismo Rural fundamenta-se em aspectos que se referem ao turismo, ao território, à base econômica, aos recursos naturais e culturais e à sociedade. Com base nesses aspectos, e nas contribuições dos parceiros de todo o País, define-se turismo rural como: "o conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometido com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade".
No Brasil, são muito procurados o turismo rural em fazendas centenárias de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, como também passeios equestres no Pantanal Matogrossense e trilhas em fazendas históricas do interior paulista.
Algumas universidades brasileiras oferecem, na graduação, a disciplina de turismo rural. Como é o caso do curso de graduação em zootecnia.
Em Portugal, o turismo rural foi criado em 1986 com a regulamentação do Decreto-Lei n.º 256/86 de 27 Agosto, sendo institucionalizadas três modalidades: turismo habitação, turismo rural e agroturismo.
A definição apresentada pela Direcção-Geral do Turismo, que se encontra no Decreto-Lei 54/2002, designa-o por Turismo no Espaço Rural e descreve-o desta forma: "Consiste no conjunto de actividades, serviços de alojamento e animação a turistas, em empreendimentos de natureza familiar, realizados e prestados mediante remuneração, em zonas rurais." (art. 1.º, Decreto-Lei n.º 55/2002, de 2 de Abril).
Por zonas rurais, são consideradas todas "as áreas com ligação tradicional e significativa à agricultura ou ambiente e paisagem de carácter vincadamente rural" (art. 3.º, Decreto-Lei n.º 55/2002, de 2 de Abril).
Por serviços de alojamento, compreende-se aqueles que são prestados na modalidade de: turismo de habitação, agroturismo, casas de campo, turismo de aldeia, hotéis rurais e parques de campismo rurais.
O Decreto Lei 15/2014, de 23 de Janeiro veio trazer alterações significativas ao conceito e classificação de Turismo em Espaço Rural:
Pela nova definição, "são empreendimentos de turismo no espaço rural os estabelecimentos que se destinam a prestar, em espaços rurais, serviços de alojamento a turistas, preservando, recuperando e valorizando o património arquitectónico, histórico, natural e paisagístico dos respectivos locais e regiões onde se situam, através da reconstrução, reabilitação ou ampliação de construções existentes, de modo a ser assegurada a sua integração na envolvente".
Os empreendimentos de turismo no espaço rural podem ser classificados nos seguintes grupos: (i) casas de campo; (ii) agroturismo; (iii) hotéis rurais.
Esta classificação é recente, pelo que muitos dos empreendimentos existentes ainda adoptam a classificação anterior.
Na atualidade pode ser observado a modalidade de turismo rural em assentamentos de reforma agrária, em linhas gerais, o conceito do turismo é o mesmo, no entanto há uma expansão para a trajetória de vida e origem das famílias que moram no meio rural.
O Turismo Rural em Assentamentos além de evocar os hábitos do campo, os falares, fazeres, pensares e dizeres, traz também para o visitante os aspectos de luta pela posse de terra vivenciado pela comunidade receptora. Pela linha patrimonial os visitantes podem conhecer os históricos de ocupações, acampamentos e reforma agrária que vivenciaram os anfitriões e conhecer as marcas deixadas na memória.
Essa modalidade de turismo auxilia na mitigação do êxodo rural , oportuniza a fixação do jovem no campo, gera divisas para as famílias assentadas e auxilia na preservação e disseminação do seu patrimônio cultural rural.
Algumas atividades, entendidas como turismo no espaço rural, também são desenvolvidas nas propriedades, como o Turismo de Pesca, Turismo Pedagógico, Cicloturismo, Turismo Patrimonial[5] e outras atividades temáticas que podem ser realizadas no meio rural.
O TER foi lançado experimentalmente em Portugal em 1978 sob a forma de turismo de habitação em quatro áreas piloto – Ponte de Lima, Vouzela, Castelo de Vide e Vila Viçosa –, tendo sido posteriormente alargado à totalidade do território nacional.[6] Desde então, não sem algumas hesitações e dificuldades, o TER tem vindo a assumir uma expressão cada vez mais importante no país.
Em 2011, Portugal dispunha de cerca de 1000 alojamentos de TER, cerca de 5% da oferta total europeia. As zonas Norte, Centro e o Alentejo concentram 95% da oferta.[7]
As dormidas em alojamentos rurais entre 2003-10 cresceram 7%, valor acima da média nacional. Em 2010, registou-se uma procura de 800 mil dormidas, o que corresponde a 2,1% do total no país.[8]
Alemanha e Espanha são os principais mercados emissores, seguidos do Reino Unido, Holanda e França.[9]
No entanto, o perfil da procura rural internacional em Portugal varia por região do país.
O estrangeiro é um turista adulto (>35 anos) de elevado poder de compra e que procura bom clima, natureza e contacto com a cultura local.[7]
A ocupação média anual da oferta de Portugal é baixa, próxima a 18%, face a uma média europeia de 25%.
A ocupação mensal oscila entre 8% (Janeiro) e 24% (Agosto). Durante a semana, a procura concentra-se entre sexta e domingo, sendo que o tempo de permanência dos hóspedes estrangeiros nos segmentos acima de 3 noites é superior aos dos nacionais.[10]
Esta ocupação média anual apresenta fortes diferenças regionais.
O norte de Portugal é uma Região rica em recursos naturais, paisagísticos, culturais e humanos, que constituem a base de uma oferta turística variada. Nos últimos anos, tem-se assistido a um crescimento contínuo e sustentado dos indicadores de desempenho turístico, com as chegadas internacionais a marcar uma forte presença.
Porém, este crescimento enfrenta agora uma conjuntura internacional complexa, que deve ser enquadrada num contexto de forte concorrência, a qual tem levado a que os destinos apostem no incremento da sua atratividade através de melhores infraestruturas e de níveis de excelência na qualidade dos serviços oferecidos.
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