O Festival de Brasília, Festbrasília, oficialmente Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, é um festival de cinema brasileiro sediado em Brasília, no histórico Cine Brasília, sendo o mais antigo do gênero no país[1]. Surgiu por iniciativa do professor de cinema da Universidade de Brasília, Paulo Emílio Sales Gomes[2], em 1965, e é promovido pelo governo do Distrito Federal anualmente. Em suas duas primeiras edições o evento se chamou Semana do Cinema Brasileiro. Uma das regras que o diferencia de outros festivais é que os filmes, tanto de longa ou curta metragem, devem ser inéditos e preferencialmente, não ter sido premiados em qualquer outro festival nacional.
O principal prêmio do festival é o Troféu Candango, cujo nome faz homenagem aos brasilienses. Adicionalmente há o Troféu Câmara Legislativa do Distrito Federal, Prêmio Canal Brasil de Incentivo ao Curta-Metragem, Prêmio Exibição TV Brasil, Prêmio Abraccine, Prêmio ABCV e Prêmio Saruê, além de premiação em dinheiro.
Professores de cinema da Universidade de Brasília como Jean Claude Bernardet, Vladimir Carvalho, encabeçados por Paulo Sales Gomes tiveram a ideia de iniciar a 1ª Semana do Cinema Brasileiro, evento que ocorreu entre 15 e 22 de novembro de 1965. Dois fatores podem ter propiciado a criação do festival: o surgimento do Cinema Novo e o projeto de Darcy Ribeiro para a Universidade de Brasília, que deveria deixar o academicismo de lado, usando a ciência para transformar o país. Devido ao recrudescimento da censura do Regime Militar, teve três edições canceladas: 1972, 1973 e 1974.
Criado no tempo do regime militar, o festival era tido, nos primeiros anos, como uma ilha onde cineastas, artistas e produtores podiam se expressar livremente. No entanto, com a promulgação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), em 1968, a censura dos militares atingiu a cena cinematográfica, o que causou incômodo entre os produtores culturais.
O cineasta Vladimir Carvalho é um dos que tiveram obras censuradas e cortadas pelo regime. O longa País de São Saruê foi tirado da programação em 1971, mesmo depois de ter sido aprovado pela comissão de seleção, e a censura só o liberou em 1979, quando ganhou o Prêmio Especial do Júri pelo Festival de Brasília.
Com depoimentos reais, o filme retrata a vida de lavradores, garimpeiros do sertão nordestino, e denuncia a exploração dos trabalhadores pelos donos de terra — motivo que levou à proibição de ser projetado durante boa parte da década de 1970.
Depois de alguns infelizes episódios, em sinal de protesto, os idealizadores do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro o suspenderam de 1972 a 1974. O evento retornou à cena cultural brasiliense com a oitava edição, em 1975.