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torneio de futebol Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O Torneio Rio-São Paulo foi uma competição de futebol interestadual oficial disputada por clubes do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Torneio Rio-São Paulo | |||||||||
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Torneio Rio-São Paulo | |||||||||
Dados gerais | |||||||||
Organização | FPF/FERJ | ||||||||
Edições | 25 | ||||||||
Local de disputa | Rio de Janeiro–São Paulo, Brasil | ||||||||
Sistema | Pontos Corridos e Mata-Mata | ||||||||
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Embora tenha sido organizado pela primeira vez em 1933 pela então Federação Brasileira de Futebol,[1] só passou a ser disputada anualmente a partir de 1950, sob responsabilidade das federações de futebol dos dois estados. Em 1954, a competição passou a ser oficialmente chamada "Torneio Roberto Gomes Pedrosa" (mas ainda contando apenas com clubes dos dois estados), uma homenagem ao goleiro Pedrosa, do São Paulo e da Seleção Brasileira (na Copa do Mundo de 1934), que morreu em 1954, como presidente da Federação Paulista de Futebol.[2] Foi o nome oficial até a edição de 1966. Entretanto, o certame acabou ficando popularmente mais conhecido com a sua nomenclatura original, sendo nomeado como Torneio Rio-São Paulo mesmo nos boletins oficiais da CBD.[3]
Disputado continuamente de 1950 a 1966, o Rio-São Paulo foi completamente reestruturado para a edição de 1967 com a inclusão de clubes de outros estados.[4] Por conta dessa reformulação que deixou o torneio mais atrativo, a designação "Rio-São Paulo" foi abolida, mas ficou mantido o nome oficial Torneio Roberto Gomes Pedrosa[4] (ou apenas "Robertão",[4] devido a sua ampliação e caráter nacional) — porém a partir da edição de 1968, a competição teve seu nome oficial alterado para Taça de Prata quando também passou a ser encampada pela CBD —, passando a ser considerado como edição do Campeonato Brasileiro, conforme publicações dos boletins oficiais dessa confederação.[3][5]
Uma nova edição do Torneio Rio-São Paulo só voltou a ser disputada em 1993. Após um novo hiato (1994 a 1996), foi disputada regularmente de 1997 a 2002, findando-se.
No ano de 2006 foi realizada à única edição feminina do torneio, que teve o CEPE-Caxias como campeão.
A origem do Torneio Rio-São Paulo remonta as disputas políticas motivadas pelas discussões em torno do amadorismo e do profissionalismo do futebol no Brasil no início da década de 1930. Frente à postura da Confederação Brasileira de Desportos (CBD, precursora da atual CBF), favorável a manutenção da veia amadora, um grupo de clubes paulistas (vinculados à Associação Paulista de Esportes Atléticos) e cariocas (ligados à Liga Carioca de Futebol) rompeu com a confederação para criar a Federação Brasileira de Futebol (FBF, sem relação com a primeira entidade com este nome criada em 1915).[1]
Para se afirmar nacionalmente ante à CBD, que organizava o Campeonato Brasileiro de seleções estaduais de futebol, uma das primeiras iniciativas da FBF foi a organização de um campeonato nacional para clubes que aderissem ao futebol profissional.[1] No entanto, como só as associações do Distrito Federal (atual município do Rio de Janeiro) e de São Paulo estavam formalmente filiadas à FBF, foi possível viabilizar apenas uma competição contando com equipes desses dois grandes centros do futebol brasileiro. Com sua realização concretizada em 1933, esse campeonato acabou se tornando a primeira competição da era do profissionalismo no Brasil e, por conseguinte, a gênese daquele que seria reconhecido como o primeiro Campeonato Brasileiro de clubes e do Torneio Rio–São Paulo, regularmente disputado a partir da década de 1950 e até meados dos anos 1960, uma dos mais tradicionais torneios do futebol brasileiro em sua época e que deu origem ao Campeonato Brasileiro dos tempos modernos a partir de 1967.[1][6][7][8]
Após a edição inaugural de 1933, o torneio interestadual do ano seguinte foi interrompido ainda na fase classificatória[9] e com alguns clubes desligando-se das associações de futebol filiadas à FBF, em mais um capítulo das disputas políticas decorrentes do turbulento processo de profissionalização do futebol no Brasil.[10] Em 1940, houve uma tentativa de se retomar o torneio, porém ele acabou novamente interrompido.[9][10] Ainda que seu regulamento previsse a realização de dois turnos, a CBD deu o torneio por encerrado e sem nenhum clube ter se sagrado campeão.[11][12][13][14][15][16][17]
Apenas no início da década de 1950, uma nova tentativa de organizar o torneio teve êxito, tal que criou uma periodicidade e passou a ser disputado anualmente até 1966.[9]
A primeira edição do Torneio Rio-São Paulo realizada em 1933, contou com a participação, por ordem final da colocação, de: Palestra Itália (campeão), São Paulo, Portuguesa de Desportos, Bangu, Vasco, Corinthians, Fluminense, America (RJ), Santos, Bonsucesso, AA São Bento e Ypiranga (SP).
Com exceção do Flamengo (em virtude de que quando o clube decidiu a se filiar à LCF, o torneio já tinha iniciado) e do Sírio, que não disputaram o Rio-São Paulo, as partidas do Campeonato Carioca organizado pela Liga Carioca de Futebol (LCF, onde o Botafogo não participava em razão do clube ter decidido continuar no amadorismo) e do Campeonato Paulista valiam para o torneio interestadual.[18]
Na partida que decidiu este torneio, o Palestra venceu o Fluminense por 2 a 1 no Estádio Palestra Itália, na última rodada, perante cerca de 25 000 torcedores. Incorretamente, muitos sites e até livros, apontam o jogo que definiu o título como sendo o confronto paulista entre Palestra e São Paulo da Floresta, mas este aconteceu na 19ª rodada, do total de 22, com o Palestra tendo sido campeão com apenas 2 pontos de vantagem sobre o São Paulo, de modo que a afirmação correta é a de que o clássico paulista acabou dando a vantagem que definiu o título posteriormente.
Uma segunda edição do Torneio Rio-São Paulo chegou a ser planejada, em 1934. Para tornar o torneio mais curto, foi criada uma fase classificatória, com um grupo paulista e outro carioca. Na segunda fase os três melhores de cada grupo se enfrentariam em sistema eliminatório.
A fase classificatória chegou a ser iniciada, porém com o abandono de Palestra Itália, Vasco e Corinthians, que ingressaram na Confederação Brasileira de Desportos (CBD) após esta aceitar o regime profissional, o torneio foi interrompido. Apenas o grupo do Rio de Janeiro teve um campeão definido — o Flamengo.
Uma nova edição só voltou a ocorrer em 1940, entretanto, acabou novamente não conclusa e sem campeão.
Em 1940 foram disputadas oito rodadas deste torneio, que terminou abandonado pelos clubes paulistas quando a dupla Fla-Flu o liderava e o título não pôde ser homologado, pelo fato de não ter sido disputado o returno do torneio, como era previsto no regulamento da competição.[19] Já o Diário A Noite, de 7 de abril de 1959, escreveu que os resultados de até então foram considerados definitivos e a dupla Fla-Flu apontada com campeã, embora não tenha o título sido homologado pela CBD.[20]
Em 1942, foi realizado um torneio amistoso semelhante ao Rio-São Paulo, porém, com apenas 5 equipes (Corinthians, São Paulo, Palestra Itália, Flamengo e Fluminense), o Torneio Quinela de Ouro, e com todos os jogos sendo realizados no Estádio do Pacaembu. Nesta competição, o campeão foi o Corinthians, porém, a FERJ e a FPF não reconhecem esta competição como edição oficial do Torneio Rio-São Paulo.
O Rio-São Paulo tornou-se uma competição regular apenas em 1950, ano de sua terceira edição, ocorrendo anualmente até 1966, quando foram convidados clubes de outros estados e passou a ser chamado pelo seu nome oficial, Torneio Roberto Gomes Pedrosa.
O primeiro campeão desta fase foi o Corinthians em 1950.
Em 1951 foi realizado o único Torneio Início do Rio-São Paulo, vencido pelo Bangu Atlético Clube.
Ainda em 1951 o torneio ficou marcado pela decisão entre Palmeiras e Corinthians, quando o time alviverde levou a melhor. Após equilíbrio na fase de pontos onde o Palmeiras ganhou do Flamengo por 7 a 1, perdeu para o America por 6 a 4, venceu o São Paulo por 2 a 0, venceu a Portuguesa e o Vasco por 4 a 1, venceu o Bangu por 2 a 0, mas perdeu para o Corinthians por 3 a 0, foi necessária uma final entre os dois rivais por haver empate em número de pontos. Nas finais deu Palmeiras, que venceu os dois jogos, o primeiro por 3 a 2 e o segundo por 3 a 1.
O Corinthians conquistou o torneio em 1953 e 1954, repetindo o que já havia realizado em 1950.
Em 1954 o Fluminense chegou à última rodada bastando vencer o Vasco da Gama para ser campeão, pois tinha um ponto de vantagem sobre Corinthians e Palmeiras, que disputariam o Derby Paulista. No Maracanã o Vasco venceu o Fluminense por 1 a 0, enquanto em São Paulo o Corinthians venceu o Palmeiras pelo mesmo placar, sagrando-se campeão.
A competição contou ainda com as melhores formações da história da Portuguesa, a qual conquistou as edições de 1952 e 1955.
Em 1956 os cariocas tentaram adiar a competição para o segundo semestre do ano, alegando que seriam prejudicados com as convocações da Seleção Brasileira, que disputaria o Campeonato Sul-Americano no mesmo período. Os paulistas se recusaram, alegando que a competição já fazia parte do calendário nacional e um adiamento comprometeria a receita dos clubes. Mesmo com a Confederação Brasileira de Desportos intercedendo a favor dos paulistas, os cariocas retiraram-se mesmo da competição. O Torneio Roberto Gomes Pedrosa desse ano foi disputado apenas por paulistas e considerado sem efeito como um Torneio Rio-São Paulo.
Em 1957, o Fluminense foi a primeira equipe carioca a conquistar o Torneio Rio-São Paulo, único campeão invicto da História dessa competição, repetindo a conquista em 1960, quando teve apenas uma derrota. Nas 2 edições, Waldo Machado, o maior artilheiro da história Tricolor, foi o artilheiro da competição.
Em 1964 o Botafogo e o Santos terminaram o campeonato de pontos corridos empatados, e com isso foi forçado um jogo extra. No primeiro jogo, o Botafogo derrotou seu adversário por 3 a 2 em 10 de janeiro de 1965. O segundo compromisso porém, no qual o Botafogo dependia apenas de um empate, acabou sendo cancelado pois os dois times saíram em excursão, logo, Botafogo e Santos foram declarados campeões.
O campeonato de 1965 apresentou ao país o time conhecido como "Academia do Palmeiras" que sagrou-se campeão com goleadas históricas obtidas, inclusive no Maracanã.
Em 1966, outra divisão de título ocorreu. Botafogo, Corinthians, Santos e Vasco da Gama terminaram empatados na primeira colocação de um campeonato de pontos corridos, o que forçaria a realização de um quadrangular extra. Todavia, devido aos preparativos da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo FIFA de 1966 que convocou 47 atletas para treinar, Botafogo, Santos, Corinthians e Vasco foram declarados campeões por medida administrativa pelas Federações do Rio e São Paulo, embora como em 1940, o regulamento previsse a conclusão do torneio, sendo a diferença que, no caso de 1940, disputou-se metade das partidas do calendário original da competição, enquanto em 1966 foram disputadas todas as partidas do calendário original da competição.
Em 1967 clubes de outros estados passaram a participar do torneio, que perdeu o nome de Torneio Rio-São Paulo, passou a ter um âmbito nacional e passou a ser conhecido por seu nome original, Torneio Roberto Gomes Pedrosa, sendo substituído em 1971 pelo Campeonato Nacional de Clubes, mantendo com poucas modificações a fórmula dos anos anteriores em suas edições iniciais.
Em 1993, o Torneio Rio-São Paulo voltou a ser realizado e teve como campeão o Palmeiras, e retornou sua regularidade em 1997. Desde então, oito equipes participaram de todas as edições, sendo elas: Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco do Rio de Janeiro, e Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo , de São Paulo. Outros clubes completaram a lista de participantes de cada edição. Neste mesmo ano, foi realizado o Torneio Ricardo Teixeira, com equipes cariocas e paulistas relativamente de menor expressão, segundo a Folha de S.Paulo, uma espécie de "segunda divisão do Torneio Rio-São Paulo",[21] e o Torneio João Havelange, organizado pela CBF entre os campeões carioca, paulista, do Torneio Rio-São Paulo e do Torneio Ricardo Teixeira.
Em 1997, o torneio foi disputado em "mata-mata" com jogos de ida e volta. Em 1998, um ano depois de ter começado a ser disputado anualmente outra vez, o novo formato da competição colocava, em dois grupos de quatro equipes, dois clubes de cada Estado. Classificavam-se para as semifinais os dois primeiros de cada grupo. Este modelo foi empregado até 2001.
Em 2002, foi criado o Rio-São Paulo com 16 clubes, tendo sido amplamente valorizado em detrimento dos estaduais. No caso do Rio de Janeiro, os clubes grandes disputaram o Carioca (chamado de Caixão, por conta da briga da Globo com o presidente da FERJ, Eduardo Viana, vulgo Caixa D'Água) com elenco de reservas, com o detalhe de já estarem automaticamente classificados para a fase final. Em São Paulo, o Paulistão foi disputado apenas por clubes pequenos ausentes no Torneio Rio-São Paulo, sendo que o campeão do estadual se juntaria aos 3 melhores paulistas do Rio-São Paulo (que também foram os 3 melhores da competição) para disputarem o Supercampeonato Paulista.[22][23]
O Corinthians sagrou-se campeão em cima do rival São Paulo, tornando-se, ao lado de Palmeiras e Santos, um dos maiores vencedores do certame, com cinco conquistas ao longo dos anos. Nesta última edição, as piores equipes de Rio de Janeiro e São Paulo seriam rebaixadas aos Campeonatos Estaduais, e seriam substituídas pelos melhores dos estaduais Paulista e Carioca, porém não houve mais a disputa deste torneio interestadual.
Com o advento do Campeonato Brasileiro por pontos corridos, em 2003, pela CBF, o calendário do futebol brasileiro não poderia mais abrigar esta e outras competições interestaduais, prevalecendo, ao lado do campeonato nacional, os campeonatos estaduais.
De 2000 a 2002, rendia classificação na Copa dos Campeões (do mesmo ano), sendo uma vaga nas duas primeiras edições e seis na última (na qual o Flamengo já tinha presença confirmada por ser o atual campeão). A disputa nacional, que dava participação na Taça Libertadores ao primeiro lugar, teve fim junto com a maioria dos interestaduais. O Palmeiras foi o único representante do Torneio Rio-São Paulo a vencer a competição, em 2000; o Flamengo venceu em 2001, mas se classificou pelo Carioca, tendo como vice o São Paulo, então campeão da Rio-São Paulo; em 2002, 4 dos 6 classificados não passaram da fase de grupos, incluindo o campeão Corinthians (a final não contou com times do eixo RJ-SP).
Foi divulgado que a Portuguesa de Desportos cogitou pedir a unificação do Torneio Rio-São Paulo com o Campeonato Brasileiro, tendo o argumento de que o Torneio Rio-São Paulo originou o "Robertão", competição oficializada pela CBF como Brasileirão, em dezembro de 2010.[24] O pedido se daria com base no conceito de "sucessão" de competições. "(...) a reivindicação da Portuguesa, assim como de qualquer vencedor do Rio-São Paulo, não tem qualquer chance de ser aprovada pela CBF", afirmou Odir Cunha, autor do dossiê da unificação, em entrevista na mesma época.[25]
Em números, São Paulo e Rio de Janeiro são os dois estados brasileiros com mais títulos nas competições nacionais de clubes. O jornal espanhol El Mundo Deportivo de 14 de junho de 1951 chama o Torneio Rio-São Paulo de "campeonato brasileiro oficioso", afirmando que os dois estados possuíam os melhores times do Brasil.[26]
(*) Em 1940 a competição foi interrompida com Flamengo e Fluminense na liderança, sem que a CBD oficializasse o título, entretanto, os clubes e os jornais da época consideraram o resultado definitivo e declararam Flamengo e Fluminense como os legítimos campeões da competição.[36] Ambos os Clube atualmente se consideram Campeões da Competição e constam esse título entre suas conquistas.[37][38]
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