Tir (em armênio/arménio: Տիր) é o deus da linguagem escrita, da escolaridade, da retórica, da sabedoria e das artes na mitologia armênia.
História
O quarto mês do antigo calendário armênia (Tre ou Tri) e vários topônimos (Tirincatar, Tiracatar, Tre e Tirariche) homenageiam Tir.[1] Ele compartilha seu nome com um dos deus do panteão iraniano, chamado Tistria (Tištriia) no avéstico e Tir nos persas médio e novo, e o planeta Mercúrio.[2] Tir (nas versões iraniana e armênia) associa-se ao deus mesopotâmico da alfabetização e dos escribas Nabu (Mercúrio).[3][4] Na tradição armênia, era o deus da linguagem escrita, da escolaridade, da retórica, da sabedoria e das artes.[5][6] Agatângelo menciona-o como "escriba da aprendizagem dos sacerdotes" (dpir gitut‘ean k‘rmac‘) e "escritor (secretário) de Aramasde" (grič Ormzdi).[1] Era o adivinho e intérprete de sonhos,[7] que registrava as boas e más ações dos homens e guiava as almas ao submundo.[5] Provavelmente estava conectado com Grol (literalmente "Escritor"),[8] o anjo do destino e da morte na tradição popular armênia identificado com o arcanjo Gabriel.[2][9]
No Período Helenístico, os armênios identificaram-no com Apolo,[10][11] como confirmado por Moisés de Corene que afirmou que sua estátua, disposta no templo de Erazamoim (Erazamoyn; eraz significa "sonho", enquanto o significado da desinência -moyn é desconhecido), na estrada entre Valarsapate e Artaxata, foi transferida da capital Armavir, onde era reconhecida como a estátua de Apolo. É mais comum a associação de Apolo com o Mitra iraniano, como confirmado pelo panteão do Reino de Comagena, que é essencialmente o mesmo panteão armênio, onde fala-se de Hélio-Mitra. Nesse sentido, essa identificação é característica da tradição armênia, que revela um aspecto solar próprio de Tir. Por vezes o nome do deus é registrado como Tiver (Tiwr), que é inexplicável enquanto empréstimo iraniano, e que possivelmente derivou do indo-iraniano *deiw- (o Sol e o deus do céu ensolarado).[12] Por conseguinte, Tir por vezes é associado a Hermes, por conta de sua função como guia dos mortos e transmissor de sonhos, o que seria outro aspecto inexistente em sua contraparte iraniana. Uma vez que a influência grega no panteão armênio foi inexpressiva, esse paralelo armeno-grego pode ter sido consequência de outro fator desconhecido.[13]
Referências
- Petrosyan 2002, p. 133–134.
- Ananikian 1925, p. 29–33.
- Petrosyan 2007, p. 8.
- Herouni 2004, p. 8, 133.
- Petrosyan 2015, p. 96.
- Hacikyan et al. 2000, p. 69.
- Petrosyan 2015, p. 97, 112.
- Petrosyan 2015, p. 83, 193, 196.
- Canepa 2018, p. 184, 199.
- Petrosyan 2015, p. 96-97.
- Petrosyan 2015, p. 97.
Bibliografia
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