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Tinta antivegetativa

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A tinta antivegetativa, ou tinta anti-incrustante, é um tipo especial de revestimento aplicado nas obras vivas do casco de um navio, com o objetivo de impedir ou retardar o crescimento de organismos (incrustações) que aderem à superfície e comprometem o desempenho da embarcação, reduzindo sua velocidade. Essas tintas são utilizadas como camada final de proteção e aplicadas sobre as tintas anticorrosivas.

Frequentemente, utiliza-se também o termo em inglês anti-fouling, derivado da palavra fouling, que significa "incrustações".

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Incrustações

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Algas

Por incrustações deve-se entender todos os organismos, animais ou vegetais que se agarram a qualquer estrutura submersa, formando colônias.

Elas são geralmente classificadas em[1]:

  1. Macroincrustações: todos os animais e plantas
  2. Microincrustações: algas unicelulares e bactérias (lodo)

Existem cerca de 4.000 espécies diferentes, geralmente divididas em:

  1. Algas (verdes, castanhas e vermelhas);
  2. Invertebrados, os quais são classificados em[2]:
    1. Invertebrado de casca dura (Bálanos, Anatifes, Bivalves, Briozoários incrustantes e Poliquetas calcárias);
    2. Organismos com aparência de relvado (Hidróides ou Briozoários);
    3. Organismos semelhantes a pequenos arbustos (Hidróides ou Briozoários);
    4. Organismos moles (Ascídias, Esponjas e Actínias).

A extensão da incrustação nos cascos dos navios depende de diversos fatores, como:[1]:

  1. Salinidade da água;
  2. Luz;
  3. Temperatura da água;
  4. Poluição da água;
  5. Disponibilidade de nutrientes
  6. Estação do ano e zona do globo onde o navio navega.

Estudos realizados na década de 1960 pela OCDE definiram três zonas geográficas com diferentes riscos de incrustação:[1]:

  • Zona Polar (T < 5 °C) – Risco baixo: praticamente não há incrustação, exceto nos meses de verão;
  • Zona Temperada (5 °C <T< 20 °C) – Risco médio: incrustações ocorrem durante o ano todo, com maior incidência na primavera e verão;
  • Zona Tropical (T > 20 °C) – Risco elevado: incrustações ocorrem durante todo o ano.
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História

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Os navios Astrolabe e Zélée varados no Estreito de Torres em trabalhos de remoção de incrustações

A necessidade de proteger os cascos das embarcações das incrustações existe desde que o homem começou a utilizar as embarcações como meio de transporte a longas distâncias. Periodicamente os navios tinham que ser varados e tombados, de modo a que o fundo pudesse ser raspado para serem retiradas as incrustações e assim puderem manter uma velocidade comercial aceitável.

Os fenícios e cartagineses descobriram que usando cobre, as incrustações diminuíam. Os gregos e os romanos, usaram para além do cobre, o chumbo, sempre misturado com ceras, alcatrões e asfaltos.

A partir do Século XVII, nos tempos dos clippers, onde a velocidade máxima e a capacidade de velejar contra o vento eram fundamentais, os navios começaram a ter o fundo revestido a folhas de cobre, ou metal de Muntz (liga de latão), que eliminou o problema.

No entanto, a partir do século XIX, com a introdução de navios com casco de ferro/aço, as placas de cobre deixaram de poder ser usadas, devido aos problemas de corrosão catódica do ferro que provocavam.

A partir daí surgiu a ideia de dispersar produtos tóxicos como o cobre, arsênio, óxido de mercúrio em óleo de linhaça, colofônia ou goma-laca. A primeira patente foi registada pelo capitão dinamarquês Ferdinand Gravert.

Este tipo de tintas foi usado até aos anos 50 do século XX.

Antivegetativos modernos

A partir de 1950, foram introduzidos os antivegetativos à base de compostos tóxicos como o cobre, e organoestanhados ou outros biocidas – compostos que impedem o crescimento dos organismos marinhos.

Os antivegetativos à base de compostos organoestanhados foram proibidos de serem aplicados em 1 de Janeiro de 2003 e a partir de 17 Setembro de 2008 nenhum navio os podia ter no seu casco[3]

As tintas antivegetativas modernas podem-se dividir em dois grandes grupos:

As tintas ablativas, que são tintas que sofrem uma erosão gradual, e que assim vão libertando os produtos antivegetativos.

As tintas ablativas podem ser ainda divididas em:

  1. Tintas de copolímeros autopolimentantes', ("Self Polishing Copolymer") em que um copolímero, que contém o produto biocida, sofre uma hidrólise por acção da água e ao degradar-se libertam o produto biocida;
  2. Tintas auto-polimentantes, ("Self Polishing Antifouling") em que o produto biocida está rodeado por um polímero. Este ao hidrolisar, expõe o produto biocida à água do mar;
  3. Tintas com polímero de depleção controlada ("Controlled Depletion Polymer") é uma tinta à base de colofônias com produtos biocidas. A resina permite a entrada da água do mar, que dissolve o produto biocida libertando-o por difusão;
  4. As tintas duras – tintas que possuem um acabamento duro que não sofre erosão pela acção mecânica ou pela acção do movimento de água mas possuem poros que libertam o produto biocida muito lentamente.

Dentro das tintas duras, incluem-se as tintas de Teflon e silicone, as quais são 100% isentas de rodutos tóxicos. Neste dois tipos de tintas, a ação antivegetativa é conseguida pelo fato destas tintas possuírem uma superfície tão lisa que as incrustações a ela não conseguem aderir. O único senão destas tintas (Teflon e silicone) é o fato de o navio ter que navegar a uma velocidade elevada (> 18 Nós) para este efeito ser alcançado.

As tintas ablativas possuem o produto biocida no seu interior. Hoje em dia o produto mais usado é o óxido cuproso que apesar de tóxico não acumula no ambiente.

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Referências

  1. «Coatings Technology: What is Fouling» (pdf). Marine Paint Guide (em inglês). 13 de novembro de 2004. 42 páginas. Consultado em 13 de Novembro 2012. Cópia arquivada (PDF) em 25 de maio de 2013
  2. Almeida, Elisabete; Teresa Diamantino e Orlando Sousa (2006). «Breve história das tintas antivegetativas». Lisboa: LNEG. Corrosão e protecção de materiais. 26 (1). ISSN 2182-6587
  3. International Maritime Organization. «Antifouling paints». Consultado em 22 de Novembro de 2012
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