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Ficção de Ursula K. Le Guin Da Wikipédia, a enciclopédia livre
The Dispossessed: An Ambiguous Utopia (en: Os Despossuídos no Brasil ou Os Despojados em Portugal) é um romance utópico de ficção científica de Ursula K. Le Guin escrito em 1974, vencedor do Prêmio Nebula do mesmo ano, além do Prêmio Hugo e do Prêmio Locus em 1975. Ambientado no mesmo universo que A Mão Esquerda da Escuridão (1969), o livro se passa em dois planetas-gêmeos, Uras e Anarres, com sistemas políticos opostos e prestes a entrar em conflito, numa alusão à Guerra Fria, e lida com temas fundamentais a sua época, como embate entre o capitalismo, o comunismo russo e o anarquismo, além dos conceitos de individual e coletivo.[1]
A trama passa em dois planetas-gêmeos: Urras e Anarres. O primeiro é um mundo dividido em vários Estados e dominado pelos dois maiores, que são rivais. Numa alusão clara aos Estados Unidos e à União Soviética, um dos Estados possui uma economia forte e uma sociedade patriarcal, enquanto o outro se posiciona como proletário e deseja imprimir seu modelo político em todo o planeta. Além disso, há um terceiro país, que, embora subdesenvolvido, é de extrema importância e se torna alvo de uma disputa política entre as duas nações soberanas, que iniciam uma guerra disfarçada entre si, em uma alusão à Guerra Fria. Já o planeta Anarres vive uma situação bem diferente: sua política anarquista, que representa uma terceira via à crise planetária de Urra, cria uma ilusão de sociedade perfeita. Tal ilusão só é quebrada quando um jovem e brilhante físico, Shevek, descobre a “Teoria da Simultaneidade”, que pode acabar com o isolamento do planeta, assim como favorecer as guerras de seu vizinho.[1]
Shevek é natural de Anarres e é convidado a visitar o planeta Urras, o que por si só consiste numa inovação para ambas as civilizações. Anarres é visto pelos urrastis como uma lua, lugar que sabem ser habitado, mas que nem por isso têm interesse em visitar. Enquanto Urras é uma sociedade capitalista, Anarres é um mundo muito mais livre, onde nem o dinheiro nem o altruísmo possuem valor. Para os anarrestis, Urras é um mundo onde todos tentam aproveitar-se uns dos outros para fins comerciais ou políticos. A jornada de Shevek é pela busca da reconciliação desses dois mundos, mas ele logo percebe o ódio e desconfiança que isolam o seu povo do resto do universo, em especial, do planeta gémeo. Lá, o sistema capitalista atrai Shevek, decidido a encontrar mais liberdade e tolerância, mas a sua inocência começa a desaparecer perante a realidade de estar a ser usado como peão num jogo político letal.[2]
Escrito no período de distensão da Guerra Fria e durante a Guerra do Vietnã, o livro incorpora a rivalidade entre nações, a ameaça de aniquilação mútua e a corrida espacial. Na ficção, muitas peças do enxadrismo geopolítico estão presentes: impasse capitalismo versus comunismo, sem esquecer do Terceiro Mundo em disputa. Contudo, oferece [3] Não há pronomes possessivos em Anarres, um mundo sem propriedade privada. Já no planeta Urrás, onde alguns abastados desfrutam de fartura às custas da pobreza de outros, a língua é calcada na noção de estratificação, inexistente em sua contraparte. O protagonista é um viajante, um estrangeiro solitário e o tema do exílio reflete a crise de refugiados e os conflitos culturais que o grande volume de imigrantes acarreta no mundo contemporâneo. A dissonância provocada pelo exílio do personagem também aborda a descoberta do “outro” que se delimita a posição do “eu” na sociedade.[4]
O livro é conhecido também por retratar diversos temas feministas como igualdade de gênero, direitos das mulheres, construção social de papéis de gênero, maternidade e crítica do patriarcado. [5][6]
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