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Forma de psicoterapia que tem, como objetivo, a mudança da cognição e comportamento do paciente, diminuindo o sofrimento causado por transtornos mentais. Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma forma de psicoterapia que se baseia no conhecimento empírico da psicologia. Ela abrange métodos específicos e não-específicos (com relação aos transtornos mentais) que, com base em comprovado saber específico sobre os diferentes transtornos e em conhecimento psicológico a respeito da maneira como seres humanos modificam seus pensamentos, emoções e comportamentos, tem por fim uma melhoria sistemática dos problemas tratados.
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Tais técnicas perseguem objetivos concretos e operacionalizados (ou seja, claramente definidos e observáveis) nos diferentes níveis do comportamento e da experiência pessoal (al. Erleben) e são guiadas tanto (1) pelo diagnóstico específico do transtorno mental como (2) por uma análise do problema individual (ou seja, uma descrição das particularidades do paciente; ver mais abaixo). Nesse contexto representa um papel importante uma análise aprofundada dos fatores de vulnerabilidade (predisposições), dos fatores desencadeadores e mantenedores do problema (ver abaixo). A combinação dessas duas vias permite atingir um relativo equilíbrio entre o método padronizado (determinado pelo diagnóstico) e as características individuais do paciente (que determinam a análise do problema). A terapia cognitivo-comportamental encontra-se em constante desenvolvimento e exige de si mesma uma comprovação empírica da sua efetividade.[1]
A terapia cognitivo-comportamental possui tanto técnicas da terapia cognitiva como da terapia comportamental, tendo demonstrado ser uma das técnicas mais eficazes no tratamento de vários transtornos como depressão e esquizofrenias.[carece de fontes]
Jürgen Margraf[1] oferece uma lista de nove princípios básicos que caracterizam os diversos métodos conceituais da TCC:
Os transtornos mentais são vistos como fruto de um desequilíbrio entre os fatores salutogênicos por um lado e os fatores patogênicos por outro[1][2]:
Tradicionalmente a TCC dedica-se especialmente aos fatores mantenedores, sem no entanto perder de vista os demais fatores. Nos últimos anos vem crescendo cada vez mais a consciência de que sobretudo os fatores salutogênicos têm grande importância na recuperação da saúde e devem ser fomentados.[1][2]
A estrutura da TCC pode ser descrita em uma série de cinco passos[3]:
Estudos científicos feitos por Aaron Beck(um dos fundadores da terapia cognitiva) e vários de seus alunos demonstram a eficácia a longo prazo da terapia cognitiva para depressão, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno do pânico, fobia social, TOC, agressão sexual, esquizofrenia e transtornos internalizantes na infância. Nos casos de depressão e pânico os resultados foram especialmente promissores e mais duradouros.[4]
A TCC também se provou eficaz no tratamento de transtorno bipolar, TDAH aliado à medicação,[5] anorexia nervosa, transtorno dismórfico corporal, colecionismo patológico, jogo patológico, TEPT em crianças que sofreram abuso, TOC em crianças e transtorno afetivo sazonal.[6]
Estudos na área da psicologia da saúde também têm demonstrado a eficácia da TCC no apoio psicológico perante condições médicas, incluindo doenças coronarianas, hipertensão, câncer, dor de cabeça, dor crônica, dor lombar crônica, síndrome da fadiga crônica, artrite reumatóide, síndrome pré-menstrual e síndrome do cólon irritável.[4]
Os precursores de certos aspectos fundamentais da TCC foram identificados em várias tradições filosóficas antigas, particularmente o estoicismo.[7] Os filósofos estoicos, particularmente Epiteto, acreditavam que a lógica poderia ser usada para identificar e descartar crenças falsas que levam a emoções destrutivas,[8] o que influenciou a maneira como os terapeutas cognitivo-comportamentais modernos identificam distorções cognitivas que contribuem para a depressão e a ansiedade. Por exemplo, o manual de tratamento original de Aaron T. Beck para depressão afirma: "As origens filosóficas da terapia cognitiva podem ser rastreadas até os filósofos estoicos".[9] Outro exemplo de influência estoica sobre os teóricos cognitivos é Epiteto em Albert Ellis. Uma figura filosófica estoica chave que também influenciou o desenvolvimento da TCC foi John Stuart Mill.[10]
Nos últimos 15 anos,[quando?] a psicologia cognitivo-comportamental tem procurado expandir-se, desenvolvendo novos conceitos e técnicas para o tratamento de transtornos mentais, para os quais as técnicas tradicionais não apresentavam a efetividade desejada. Esse desenvolvimento posterior, chamado de "terceira onda" da terapia cognitivo-comportamental (sendo a "primeira onda" a terapia comportamental e a segunda a terapia cognitiva), procurou desenvolver mais o trabalho com as emoções e com o conceito de mente alerta, além de trazer uma maior aproximação com o corpo teórico das outras escolas psicoterapêuticas, sobretudo a psicanálise, a gestaltoterapia e a abordagem centrada na pessoa. Dentre essas novas forma de psicoterapia se destacam:
Investigação feita sobre TCC tem sido tópico de contínua controvérsia. Enquanto alguns investigadores escrevem que as TCC são mais mais eficazes que outros tratamentos,[11] muitos outros investigadores[12][13][13][14][15] e praticantes[16][17] têm interrogado a validade dessas afirmações. Por exemplo, um estudo[11] determinou ser a TCC superior a outros tratamentos da ansiedade e depressão. Contudo, investigadores[13] respondendo directamente a esse estudo efectuaram a re-análise e não encontraram provas da superioridade da TCC perante outros tratamentos fidedignos, e efectuaram uma análise de treze outros ensaios clínicos de TCC e concluíram que esses não davam provas de superioridade das TCC.
Uma das maiores críticas aos estudos clínicos da eficácia das TCC (ou qualquer outra psicoterapia) é não serem são duplamente cegos (i.e., ou os sujeitos ou os terapeutas nos estudos de psicoterapias estão cegos ao tipo de tratamento, ou seja estão conscientes da terapia aplicada). Podem ser somente cegos, i.e. o avaliador pode não saber o tratamento aplicado ao paciente, mas nem o paciente nem o terapeuta estão cegos ao tipo de terapia dada (duas em três pessoas envolvidas nos estudos, i.e., todas as pessoas envolvidas no tratamento, não são cegas). O paciente é um participante activo na correcção de ideias distorcidas negativas, por isso bem consciente do grupo de tratamento em que se encontra.[18]
A importância de testes duplo-cego foi demonstrada em meta-análises que examinaram a eficácia das TCC quando um grupo de controle em que foi administrado placebo e cegueira foram introduzidos.[19] Foram analisados dados agrupados de testes de TCC publicados sobre esquizofrenia, grande depressão e bipolaridade que usaram controlos para efeitos não específicos de intervenção. Este estudo concluiu que as TCC não são melhores que as intervenções não específicas de controlo no tratamento de esquizofrenia e não reduz as taxas de recaída; os efeitos do tratamento são pequenos em estudos de tratamento de grande depressão e não é uma estratégia eficaz para a prevenção de recaídas na bipolaridade. Para a grande depressão, os autores notam que a dimensão do efeito agrupado foi muito baixo. Ainda assim, os processos metodológicos usados para seleccionar os estudos para meta-análise anteriormente referidos e o seu valor foram postos em causa.[20][21][22]
Os métodos empregues na investigação das TCC não têm sido os únicos criticados; alguns investigadores põem em causa a própria teoria e terapia. Por exemplo, Fancher[17] argumenta que as TCC falharam em fornecer um quadro de pensamento claro e correcto. Afirma que é estranho os teóricos das TCC desenvolverem um quadro para determinar a distorção cognitiva sem desenvolverem um quadro para a "clareza cognitiva" ou o que seria um "pensamento saudável, normal". Além disso, escreve que o pensamento irracional não pode ser uma fonte de angústia mental e emocional quando não há provas do pensamento racional causar bem-estar psicológico. Ou, que a psicologia social tenha provado ser irracional o processo cognitivo normal do indivíduo médio, mesmo dos que estão psicologicamente bem. Fancher também diz que a teoria das TCC é inconsequente com os princípios básicos da racionalidade, ignorando até muitas regras da lógica. Argumenta que as TCC faz do pensar algo que é muito menos emocionante e verdadeiro do que pensar provavelmente é. Entre outros argumentos há a manutenção do status quo promovido nas TCC, o autoengano encorajados entre os clientes e pacientes envolvidos nas TCC, como a pesquisa é feita, e alguns dos seus princípios básicos e normas: "A norma básica da terapia cognitiva é isto: exceptuando o modo como o paciente pensa, tudo está bem".[23]
Entretanto, Slife e Williams[16] escrevem que uma das assumpções ocultas das TCC é o determinismo, ou a ausência de livre-arbítrio. Argumentam que as TCC invocam um tipo de relação causa-efeito com a cognição. Declaram que as TCC sustentam que os estímulos externos do ambiente entram na mente, causando diferentes pensamentos que causam estados emocionais. Em nenhuma parte da teoria das TCC, a agência, ou o livre-arbítrio, são contemplados. Nos seus pressupostos fundamentais mais básicos, as TCC sustentam que os seres humanos não têm livre-arbítrio e são apenas determinados pelos processos cognitivos invocados por estímulos externos.
Outra crítica à teoria das TCC, especialmente como é aplicada à grande depressão, é que confunde sintomas da doença com as suas causas.[18]
As TCC são geralmente vistas como tendo muito poucos, se não mesmo nenhum, efeitos secundários.[24][25][26] Têm sido feito apelos para maiores estudos sobre os efeitos secundários.[27][28]
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