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militar e líder político venezuelano Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Simón José Antonio de la Santísima Trinidad Bolívar Ponte y Palacios Blanco (Caracas, 24 de julho de 1783[1] — Santa Marta, 17 de dezembro de 1830), comumente conhecido como Simón Bolívar (Pronúncia espanhola: [siˈmon boˈliβar], AFI), foi um militar e líder político venezuelano, sendo o primeiro ilustrado a apoiar na prática a descolonização.[2] Algumas pesquisas apontam que o primeiro ilustre a organizar práticas de insurreição contra a colonização foi Túpac Amaru II em 1780, sendo Bolívar inspirado por esses movimentos andinos.. Junto a José de San Martín, foi uma das peças chave nas guerras de independência da América Espanhola do Império Espanhol.[3]
Simón Bolívar | |
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2.º Presidente da Venezuela | |
Período | 7 de agosto de 1813 a 7 de julho de 1814 |
Antecessor(a) | Cristóbal Mendoza |
3º Presidente da Venezuela | |
Período | 15 de fevereiro de 1819 a 17 de dezembro de 1819 |
Sucessor(a) | José Antonio Páez |
1.° Presidente da Grã-Colômbia (Colômbia, Venezuela, Equador, Panamá) | |
Período | 17 de dezembro de 1819 a 4 de maio de 1830 |
Sucessor(a) | Domingo Caycedo |
1.° Presidente da Bolívia | |
Período | 12 de agosto de 1825 a 29 de dezembro de 1825 |
Sucessor(a) | Antonio José de Sucre |
8.° Presidente do Peru | |
Período | 17 de fevereiro de 1824 a 28 de janeiro de 1827 |
Antecessor(a) | José Bernardo de Tagle |
Sucessor(a) | Andrés de Santa Cruz |
Dados pessoais | |
Nome completo | Simón José Antonio de la Santísima Trinidad Bolívar y Palacios |
Nascimento | 24 de julho de 1783 Caracas, Capitania-Geral da Venezuela |
Morte | 17 de dezembro de 1830 (47 anos) Santa Marta, Grã-Colômbia |
Nacionalidade | Espanhol (ao nascer), venezuelano (após a independência da Venezuela) |
Religião | Catolicismo |
Assinatura |
Após triunfar sobre a Monarquia Espanhola, Bolívar participou da fundação da primeira união de nações independentes na América, nomeada Grã-Colômbia, da qual foi Presidente de 1819 a 1830.
Simón Bolívar é considerado pelos países da América como um herói, visionário, revolucionário e libertador. Durante seu curto tempo de vida, liderou a Bolívia, a Colômbia, Equador, Panamá, Peru e Venezuela à independência, e ajudou a lançar bases ideológicas democráticas na maioria da América Hispânica.
De origem aristocrática galega,[4][5] Simón Bolívar nasceu em Caracas, Venezuela, filho de Juan Vicente Bolívar y Ponte-Andrade e de María de la Concepción Palacios y Aguirre Ariztía-Sojo y Blanco.
O pai de Simón faleceu quando este tinha apenas três anos, em 1786. Sua mãe morreu em 6 de julho de 1792.[3] O menino foi então levado para a casa do avô materno, e, depois da morte deste, para a casa do tio, Carlos Palacios.
Aos doze anos, Simón fugiu da casa do tio para a casa da irmã deste, María Antonia,[6] por quem sentia uma maior ligação afectiva. Em consequência do seu ato, passou alguns meses na casa do pedagogo Simón Rodríguez, por quem foi muito influenciado e com quem manteve uma relação de amizade até o fim dos seus dias. Teve ainda outros tutores, entre os quais o humanista Andrés Bello.
Em janeiro de 1797, ingressou como cadete no Batalhão de Milícias de Blancos de los Valles de Aragua (do qual o seu pai tinha sido coronel), onde se destacou pelo seu desempenho.
Em 1799, viajou para a Espanha com o propósito de aprofundar os seus estudos. Em Madrid, ampliou os seus conhecimentos de História, Literatura, Matemática e aprendeu a língua francesa. Na capital espanhola, casou-se com María Teresa Rodríguez del Toro y Alaysa (26 de maio de 1802).
No dia 14 de agosto de 1805, na Santa Catarina, em Roma, Simón Bolívar proclamou diante de Simón Rodríguez e do seu amigo Francisco Rodríguez del Toro que não descansaria enquanto não libertasse toda a América do domínio espanhol (Juramento do Monte Sacro). O local tinha grande valor simbólico uma vez que havia sido palco do protesto dos plebeus contra os aristocratas na Roma Antiga. Ainda na Itália escalou o Vesúvio na companhia de Alexander von Humboldt e do físico Louis Joseph Gay-Lussac.[3]
Em meados de 1806, Bolívar tomou conhecimento dos primeiros movimentos em favor da independência da Venezuela, protagonizados pelo general Francisco de Miranda, decidindo que chegara a ocasião de retornar ao seu país natal.
Em janeiro de 1807, foi para Charleston nos Estados Unidos, vindo a visitar diversas cidades naquele país, como Washington, D.C., Filadélfia, Boston e Nova Iorque.[3]
Bolívar retornou para a Venezuela ainda em 1807 e, quando Napoleão Bonaparte tornou seu irmão José Bonaparte rei de Espanha e das suas colónias em 1808, passou a participar nas Juntas de resistência na América Espanhola.[7]
A Junta de Caracas declarou a independência em 1810, e Bolívar foi enviado para a Inglaterra numa missão diplomática.
De volta à Venezuela em 1811, em julho de 1812, o líder da junta, Francisco de Miranda, rendeu-se às forças espanholas e Bolívar foi obrigado a fugir para Cartagena das Índias, onde redigiu o Manifesto de Cartagena.
Em 1813, liderou a invasão da Venezuela, entrando em Mérida em 23 de maio, sendo proclamado El Libertador ("libertador"). Caracas foi reconquistada a 6 de agosto, sendo proclamada a Segunda República Venezuelana. Bolívar passou então a comandar as forças nacionalistas da Colômbia, capturando Bogotá em 1814.[8] Entretanto, após alguns revezes militares, Bolívar foi obrigado a fugir, em 1815, para a Jamaica onde pediu ajuda ao líder haitiano Alexander Sabes Petión. Lá redigiu a Carta da Jamaica.[7]
Em 1816, concedida essa ajuda, Bolívar regressou ao combate, desembarcando na Venezuela e capturando Angostura (atual Ciudad Bolívar).
Durante a libertação de Quito apaixonou-se pela revolucionária Manuela Sáenz, de quem tornou-se amante, valendo a ela o epíteto de Libertadora do Libertador. Em 1828, ela o salvou de ser assassinado.[9]
Em 1826, Bolívar tentou promover uma integração continental ao convocar o Congresso do Panamá. Compareceram apenas os representantes dos governos do México, da Federação Centro-Americana, da Grã-Colômbia (Colômbia, Equador e Venezuela) e do Peru. Era o princípio das Conferências Pan-americanas.[7]
"O novo mundo deve estar constituído por nações livres e independentes, unidas entre si por um corpo de leis em comum que regulem seus relacionamentos externos".[7] Nessa frase dita por Simón Bolívar pode-se ter uma ideia de que ele era um homem à frente de seu tempo, de ideias revolucionárias. Em poucas palavras ele exterioriza diversas intenções e objetivos. Analisando-se a frase por partes, observa-se a intenção de:[8]
A ideia de "nações livres" era, provavelmente, na época, o objetivo mais importante, pois sem a liberdade, não seria possível a conquista dos outros objetivos. E para isso, Bolívar não foi só um idealizador, e sim, um verdadeiro guerreiro, enfrentando as mais diversas batalhas. Mas ele não estava sozinho nessa luta. Os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade haviam se enraizado nos povos latino-americanos, pois o que se viu não foi uma luta isolada de Simón e seus fiéis seguidores. Foram lutas por toda a América Latina, onde cada região teve o seu "libertador", como era chamado Simón.[10]
Na questão de independência, Bolívar via como necessária uma nação não só independente, mas também democrática: "Somente a democracia, no meu conceito, é suscetível de uma liberdade absoluta", vinculando a ideia de um governo democrático, além do fato, também, de ver a necessidade de que se tenha um projeto econômico.[8]
Na terceira parte, ele propõe a união dos povos entre si "por um corpo de leis em comum que regulem seus relacionamentos externos". É mais nessa terceira parte que se pauta este trabalho, pois tais leis em comum seriam o Tratado de União, Liga e Confederação Perpétua, assinado no Congresso do Panamá.
Simón Bolivar também foi um grande defensor da separação dos poderes temporal e espiritual (Estado e religião), posição essa fortemente influenciada pelos princípios maçônicos que professava ao lado de outros libertadores americanos,[10] como Miranda, Santa Cruz e San Martín, conforme depreende-se do manifesto que lançou em 1824/1825, perante o Congresso Constituinte da Bolívia, onde conclamou:
“ | Legisladores! Farei agora menção de um artigo que, segundo a minha consciência, devia omitir. Numa Constituição política não deverá prescrever-se uma profissão religiosa, porque segundo as melhores doutrinas sobre as leis fundamentais estas são as garantias dos direitos políticos e civis, mas a religião não se integra em nenhum destes direitos, é de natureza indefinível na ordem social e pertence à moral intelectual. A religião governa o homem em casa, no gabinete, dentro de si próprio: ela apenas tem o direito de examinar a sua consciência íntima. As leis, pelo contrário, têm em vista a superfície das coisas: governam fora da casa dos cidadãos. Aplicando estas considerações, poderá um Estado reger a consciência dos seus súbditos, velar pelo cumprimento das leis religiosas e atribuir prêmio ou castigo, quando os tribunas estão no céu e quando Deus é o juiz? Só a Inquisição seria capaz de substituí-los neste mundo. Voltará ainda 'a -Inquisição com os seus archotes incendiários? A religião é a lei da consciência. Toda a lei sobre ela a anula, porque impondo a necessidade tira mérito à fé, que é a base da religião. Os preceitos e dogmas sagrados são úteis, luminosos e de evidência metafísica; todos devemos professá-los, mas este dever é moral, não é político. | ” |
Porém, nem tudo foi como Bolívar gostaria que fosse. Com o decorrer do tempo, a situação não era das melhores, começaram a surgir divergências nas propostas políticas, muitos criticavam a Simón o seu modo de governar, além de a Espanha continuar a mandar tropas para a América.
Desse modo, os ideais iniciais de Simón começaram a se desvirtuar. O seu modo de governo já se aproximava mais de um autoritarismo do que uma democracia. O poder demasiadamente centralizado se fazia necessário, mas descaracterizava a federação que tanto desejava.[8] Ele via a América muito fraca ainda, e precisava desse mando único do governo: "...Cada dia torna-se pior o sul da América; no dia em que eu deixar o Peru ele volta a se perder: porque não há homens capazes de sustentar o Estado...".
Além do mais, via que não estava sendo possível mais vencer a guerra contra os espanhóis sem uma ajuda externa, procurando algum diálogo com a Inglaterra, o que também contrariava suas ideias, pois a Inglaterra também era uma metrópole e seu modo de governo era uma monarquia, ao qual Bolívar era contrário, além do risco de pedir ajuda a um país que tinha grande relacionamento com a Espanha. Seus propósitos foram se tornando cada vez mais difíceis de serem atingidos.
Simon Bolívar costumava dizer que fazer revolução na América é como arar o mar.
Nas regiões onde ocorriam as guerras, os lugares ficavam devastados, prejudicados economicamente. Campos de agricultura viravam campos de batalhas, que quando terminadas, deixavam o lugar desolado. Havia problemas como a mão de obra, pois praticamente todos os homens com mais de 14 anos, que não apresentassem algum problema físico, deviam se apresentar no exército. Restavam as crianças e mulheres. Havia ainda problemas na questão de organização dos órgãos públicos: uma vez expulsos os espanhóis, era necessária uma substituição e reestruturação do poder público. Soma-se a isso o fato de não se saber se haveria o retorno de forças armadas espanholas, o que mantinha o ambiente de insegurança.[10]
Em 17 de dezembro de 1830, com a idade de quarenta e sete anos, Simón Bolívar morreu após uma batalha dolorosa contra a tuberculose[11] na Quinta de San Pedro Alejandrino em Santa Marta, Grande Colômbia (atual Colômbia).[10] Em seu leito de morte, Bolívar pediu ao seu ajudante-de-campo, o general Daniel Florence O'Leary, que queimasse o extenso arquivo remanescente de seus escritos, cartas e discursos. O'Leary desobedeceu a ordem e os seus escritos sobreviveram, proporcionando aos historiadores uma vasta riqueza de informações sobre o pensamento e a filosofia liberais de Bolívar, bem como detalhes de sua vida pessoal, como seu caso amoroso de longa data com Manuela Sáenz. Poucos anos depois de sua morte, em 1856, Sáenz enriqueceu esse acervo, dando a O'Leary suas cartas recebidas de Bolívar.[12]
Em 15 de julho de 2010, por ordem do 19° Tribunal de Controle de Caracas, os restos mortais de Bolívar foram exumados para esclarecer a causa de sua morte, uma vez que havia a possibilidade de assassinato. A versão oficial, até então, era de que Bolívar morrera em decorrência de uma tuberculose. Para o presidente Hugo Chávez, Bolívar teria sido vítima de uma conspiração e envenenado por um general colombiano.[13] Em 25 de julho, o vice-presidente da Venezuela, Elías Jaua, informou que a análise dos restos mortais de Simón Bolívar não fora conclusiva, permanecendo aberta a possibilidade de envenenamento (intencional ou não) por arsênico ou cantaridina. O presidente Chávez, no entanto, afirmou que continuava a acreditar na hipótese de assassinato.[14]
Em 2012, numa cerimônia no Palácio de Miraflores, foi apresentada uma reconstituição digital do rosto de Bolívar, resultado de dois anos de pesquisas com os restos mortais do Libertador.[15]
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