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Os Setenta Discípulos ou Setenta e Dois Discípulos, conhecidos na tradição cristã oriental como os Setenta Apóstolos, foram os primeiros seguidores de Jesus mencionados no Evangelho de Lucas[nota a]. De acordo com o evangelista Lucas, o único que os cita, Jesus os designou e enviou aos pares numa missão específica, detalhada no texto. Na tradição ocidental, estes são geralmente chamados de "discípulos"[1], enquanto que no cristianismo oriental eles são geralmente chamados de apóstolos[2].
A passagem do Evangelho de Lucas, capítulo 10, é:
“ |
1. Depois disto o Senhor designou outros setenta, e enviou-os de dois em dois adiante de si a todas as cidades e lugares, aonde ele estava para ir. |
” |
— São Lucas 10, 1-20. |
Esta é única vez que este grupo é mencionado na Bíblia. O número é "setenta" nos manuscritos com o texto-tipo Alexandrino (como o Codex Sinaiticus) e com o texto-tipo Cesariano, mas "setenta e dois" na maior parte dos outros textos alexandrinos e com o texto-tipo Ocidental. A origem do número pode estar nas setenta nações do Gênesis ou nas muitas outras citações ao número na Bíblia, ou nos setenta e dois tradutores da Septuaginta na Carta de Aristeas[3]. Ao traduzir a Vulgata, São Jerônimo escolheu "setenta e dois".
Contudo, o Evangelho de Lucas não está só entre os evangelhos sinóticos ao conter episódios onde Jesus envia seus seguidores em missões. A primeira ocasião, em Lucas 9:1–6, está intimamente relacionada à "Comissão Menor" do Evangelho de Marcos[nota b], que conta o envio dos doze apóstolos ao invés de setenta, ainda que com muitas similaridades. Os paralelos[nota c] sugerem uma origem comum, possivelmente no proposto Documento Q. Lucas também menciona a "Grande Comissão" para "todas as nações" em Lucas 24:44–49, mas em menos detalhes que o relato de Marcos.
A festa comemorando os Setenta é conhecida como a "Synaxis dos Setenta Apóstolos" na Igreja Ortodoxa e é celebrada em 4 de janeiro. Cada um dos Setenta tem ainda uma comemoração individual espalhada por todo o ano litúrgico.
A tradição da Igreja Ortodoxa ao providenciar o nome dos Setenta cujos "nomes estão escritos no céu"[nota d], está associada com Doroteu de Tiro, um bispo do final do século III d.C., desconhecido exceto por sua contribuição neste contexto e a quem foi atribuído um relato sobre os Setenta, e cuja versão sobrevivente é do século VIII d.C. Os seus nomes aparecem em diversas listas, como na Chronicon Paschale e no tratado de Pseudo-Doroteu, publicado em Migne, P.G., XCII, 521-524; 543-545; 1061-1065.
Já a Igreja Católica considera estas listas, escritas piedosamente, mas tendo "importância secundária" para a fé[4].
Eusébio de Cesareia afirmou categoricamente que no seu tempo não existia uma lista como esta e mencionou entre os discípulos apenas Barnabé, Sóstenes, Cefas, Matias, Tadeu e Tiago, irmão de Jesus[5].
Muitos destes nomes incluídos entre os Setenta são facilmente reconhecidos por suas próprias realizações, mas há ligeiras diferenças entre as várias listas.
Estes são os manuscritos do Novo Testamento que listam os Setenta:
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