Serra de Uruburetama

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Serra de Uruburetama
 Nota: Se procura outros significados de Uruburetama, veja Uruburetama (desambiguação).

A serra de Uruburetama é uma serra localizada no noroeste do Ceará. Trata-se de um dos maçiços residuais dispersos nas depressões sertanejas cearenses. Está distribuída pelos territórios dos municípios de Irauçuba,Itapipoca, Uruburetama, Tururu e Itapajé. Seu ponto culminante é a "Serra do Coquinho" ou "Serra do Catão" no limite dos municípios de Itapipoca e Itapajé com 1.081 m de altitude, sendo o 4° maior do estado.

Vista da cidade de Uruburetama com a serra ao fundo
A cultura banana é a base da economia da região da serra de Uruburetama. É também a principal causa da destruição da vegetação local.

Seus climas predominantes são o tropical quente úmido, nas maiores altitudes e o tropical quente semi-árido brando nas menores altitudes. Devido à sua altitude e à sua proximidade do mar apresenta pluviometria média maior que a média da região onde está localizada. A vegetação existente nas menores altitudes é a floresta subcaducifólia tropical pluvial (ou mata seca), caracterizada pela existência de grandes árvores que perdem suas folhas no período seco. Em maiores altitudes é encontrada a floresta subperenifólia tropical pluvio-nebular (ou mata úmida serrana), onde a vegetação tem uma folhagem permanente.[1]

Pedra do Frade, município de Itapajé.

A vegetação, especialmente a mata úmida, apresenta atualmente uma cobertura bastante reduzida. Isso ocorre em função desmatamento para retirada de lenha e para o cultivo de frutas, principalmente a banana. Os municípios de Itapipoca e Uruburetama estão entre os principais produtores desta fruta no estado do Ceará sendo seu cultivo concentrado basicamente na serra.

Além da agricultura, a serra é importante fornecedora de água para o abastecimento dos municípios da região, pois, mesmo no período mais seco típico do segundo semestre no semi-árido setentrional nordestino, as nascentes continuam a abastecer córregos que descem a serra na direção da caatinga, como o rio Mundaú e Cruxati. A serra funciona também como divisor de águas das bacias hidrográficas dos rios Mundaú e Curu.

Essa Serra foi chamada de "Serra dos Corvos", por Luís Figueira, um dos primeiros europeus a percorrer-la em 1607.[2]

Essas terras possuem uma história profundamente entrelaçada com o período escravocrata do Brasil. A história dessa terra remonta ao período escravocrata do Brasil, com Joaquim Castro, ainda jovem, sendo escravizado por um grande fazendeiro da região por volta do século XIX. No entanto, com a abolição da escravidão e a nova dinâmica de relações de trabalho, Joaquim conseguiu, por sua dedicação e esforço, conquistar as terras como reconhecimento pelos anos de serviço. Este ato, embora incomum, refletiu a transformação do Brasil pós-abolição e as complexas relações sociais que surgiram naquele contexto.[3]

Durante o século XX, Catão dos Santos Castro foi para Brasília para trabalhar na construção da nova capital federal. Durante esse período, ele conheceu o renomado paisagista Roberto Burle Marx, com quem estabeleceu um diálogo sobre a riqueza natural do Brasil. Fascinado pelo diálogo com o candango (nome dado a trabalhadores da construção de Brasília), Burle Marx decidiu visitar a Serra de Uruburetama algum tempo depois. Onde ele encontrou uma rica flora local e ficou impressionado com o valor botânico da região. Ele reconheceu o potencial da Serra como uma importante fonte de inspiração para seus projetos paisagísticos, destacando ainda mais a relevância ambiental e cultural do nordeste brasileiro.[4]

A Serra de Uruburetama é um lugar marcado pela história e pela resistência de gerações da família Castro. Francisco José Coelho Castro e seus irmãos, atuais guardiões dessas terras, dedica-se com perseverança a cuidar do legado deixado por seu pai, Catão dos Santos Castro, e antes dele, por seu avô, Joaquim Castro. Hoje membros da família Castro estão presentes em Ceará e São Paulo.[5]

Hoje, a Serra de Uruburetama é mais do que um espaço físico, é um patrimônio histórico e afetivo, representando as memórias de um passado desafiador e as esperanças de um futuro onde a cultura e a herança da família Castro permanecem vivas.

Referências

MATOS, Marcos Aureliano Bezerra. Paulo Bastos: o patriarca de Irauçuba. Fortaleza: Premius editora, 2018. 229 p.

  1. Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos - FUNCEME.
  2. «– Jornal da USP –». Jornal da USP. 16 de outubro de 2024. Consultado em 17 de janeiro de 2025
  3. Cultural, Instituto Itaú. «Burle Marx». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 17 de janeiro de 2025
  4. Universitários, Divisão de Portais. «Portal da UFC - Universidade Federal do Ceará». www.ufc.br. Consultado em 16 de janeiro de 2025
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