Sarte ou Ak-sart é uma designação usada principalmente na Ásia Central, mas também no Médio Oriente, cujo significado preciso variou ao longo do tempo e do contexto histórico, mas que em geral era aplicado aos habitantes das cidades, sedentários, por oposição aos nómadas ou descendentes de nómadas. Por ser uma designação aplicada sobretudo, mas nem sempre, aos habitantes de cidade, em muitos casos ela era usada como um quase sinónimo de citadino, por oposição a rural. Embora frequentemente o termo sarte se aplicasse sem qualquer base em etnicidade, também ocorria muitas vezes aplicar-se a indivíduos de ascendência iraniana, por oposição aos de ascendência turca e mongol.[1]
Há várias teorias sobre a origem do termo. Ele pode ter derivado do sânscritosārthavāha, que significa "comerciante", "mercador" ou "chefe de caravanas", uma palavra supostamente usada para descrever habitantes de cidades, segundo vários autores.[2][3] Uma das menções históricas mais antiga do termo, senão mesmo a mais antiga, é de 1070, da autoria Balasaguni, Iúçufe, um intelectual e político do Canato Caracânida. Na sua obra Kutadgu Bilig ele usa-o para se referir à população sedentária da Casgária.[4] Dois séculos mais tarde, o polímata persa Raxidadim de Hamadã (Rashīd al-Dīn Hamadānī ou Rashīd al-Dīn Ṭabīb) do século XIII que foi vizir do Ilcanato, menciona um termo semelhante. Na sua obra Jami' al-tawarikh ("Compêndio de Crónicas") relata que GêngisCã ordenou que fosse dado ao príncipe carlucoArslã Cã o título Sartaqtai, que ele considerava sinónimo de tajique.[5][6]
No período pós-mongol, na segunda metade do século XVAlicher Navoi, referiu-se às pessoas de etnia iraniana como Sart Ulusi ("pessoas sartes") e para ele Sart tili (língua sarte) era um sinónimo para língua persa.[7] De forma similar, Babur, o timúrida que fundou o Império Mogol em 1526, chamava sartes aos habitantes de Marguilã, para os distinguir dos habitantes de Andijã, que eram turcos, e é evidente que ele associa os sartes aos falantes de persa. Babur também chamava sartes às populações de cidades e aldeias do vilaiete de Cabul.[8]
Parte do artigo foi inicialmente baseado na tradução doartigo «Sarts» na Wikipédia em inglês(acessado nesta versão).
Balasaguni, Iúçufe (1947), Arat, Reşit Rahmeti, ed., Kutadgu bilig, Türk Dil Kurumu (em turco), 87, Istambul: Millî Eğitim Basımevi
Babur (2002), The Baburnama, ISBN0-375-76137-3, Memoirs of Babur, prince and emperor (em inglês), traduzido por Thackston, Wheeler M. (ed., trad.), Nova Iorque: The Modern Library, 156
Barthold, W. (1934), «Sart», in: Houtsma, M. Th; Arnold, T.W.; Basset, R.; Hartmann, R., Encyclopaedia of Islam, First Edition (1913–1936) (em inglês), 4 (S-Z), doi:10.1163/2214-871X_ei1_SIM_5199
Lattimore, Owen (1973), «Return to China's Northern Frontier», Londres: Royal Geographical Society, The Geographical Journal (em inglês), 139 (2): 233–242
Nava'i, Ali Shir (1966), Muhakamat al-Lughatayn, traduzido por Devereaux, Robert, Leida: Brill
Ostroumov, Nikolai Petrovich (1884), Значение Названия `Сарт´[Significado do nome `Sart´] (em russo), Tasquente
Ostroumov, Nikolai Petrovich (1890), Сарты – Этнографические Материалы[Sartes – Materiais Etnográficos] (em russo), Tasquente, p.7
Subtelny, Maria Eva (1994), «The Symbiosis of Turk and Tajik», in: Manz, Beatrice, Central Asia in historical perspective, ISBN9780813388014, The John M. Olin critical issues series (em inglês), Boulder, Colorado: 9780813388014
Rowland, Richard H. (1990), «Central Asia ii. Demography», Londres, Encyclopædia Iranica, edição online iranicaonline.org (em inglês), V Fasc.2: 161-164
Ṭabīb, Rashīd al-Dīn (1978), Rashiduddin Fazlullah’s Jamiʻuʾt-tawarikh=Compendium of chronicles, Sources of Oriental languages and literatures (em inglês), 4, traduzido por Thackston, Wheeler M., Cambridge, EUA: Harvard University, Department of Near Eastern Languages and Civilizations, OCLC41120851
Breel, Yuri (1978), «The Sarts in the Khanate of Khiva», Wiesbaden: Harrassowitz Verlag, Journal of Asian History, ISSN0021-910X (em inglês), 12, pp.121–151
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