Filho e neto de chinesas casadas com portugueses, nasce em Macau, vindo para Portugal ainda criança. Frequenta a Escola de Belas-Artes de Lisboa, onde é aluno de Ernesto Condeixa e, mais tarde, de Costa Motta (tio), cujo ateliê viria a frequentar, familiarizando-se com a técnica do talhe direto. Interrompe os estudos académicos para realizar um estágio em Itália (bolseiro do estado português), onde estuda escultura religiosa.[2]
Participou em Salões da SNBA (1ª medalha em 1941), nas Exp. de Artes Plásticas, Grupo Silva Porto (1945-58). Colaborou na Exposição do Mundo Português, 1940 (baixo-relevo Aljubarrota, 1940)[1]. Colaborou artisticamente em publicações como a II série da revista Alma nova[3] (1915-1918), iniciada em Faro em 1914.
Raul Xavier desenvolveu uma obra escultórica de feição clássica, marcada pela serenidade e pela depuração das formas, tendo-se dedicado em especial ao retrato e à estatuária.[4]
Cabeça, 1938 (col. Museu do Chiado), parece captar o gosto modernista pela arte primitiva, a par de lembranças da origem macaense do autor; revela ainda um curioso gosto decorativo (repare-se no entrançado do cabelo ou no dinamismo gerado pelos tracejados gravados em toda a superfície). "Deste entrecruzar de citações, o retrato, pretexto para a análise sintética e decorativa de uma face, sugere uma imagem construída numa volumetria de máscara".[5]
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Estátua em memória de Ataíde Oliveira, Loulé (inaugurada em 1930).[8]
A Arte, 1935, Pavilhão dos Desportos, Parque Eduardo VII, Lisboa – Escultura em pedra representando uma figura feminina majestática e simbólica. "Trata-se de uma alegoria à Arte, cujos atributos incluem pincéis, maceta e escopro, na mão esquerda, e um torso na mão direita, fazendo alusão à pintura e à escultura".[9]
Monumento a Nuno Álvares Pereira (ou Monumento à Batalha), 1959, S. Jorge, Leiria – De inspiração clássica e assinalável depuração formal, este baixo-relevo é uma das obras mais emblemáticas de Raúl Xavier. O monumento é antecedido de uma plataforma com vários degraus, impondo-se ao espectador como um «friso» monumental concavo, numa alusão à batalha de Aljubarrota (mas também às batalhas dos Atoleiros e de Valverde) travada entre os exércitos português e castelhano, numa exaltação à vitória dos portugueses liderados por D. Nuno Álvares Pereira.[10]
Estátua de São Vicente, 1949-1967, Largo das Portas do Sol, Lisboa – Os primeiros estudos para esta estátua de homenagem a São Vicente foram realizados por Raul Xavier em Junho de 1949. "A passagem da peça ao material definitivo, a pedra, só ocorreu entre 1965 e 1967, pelas mãos de seu filho, o Arq. Luís Xavier, que acompanhou esta obra até ser inaugurada em 25 de Outubro de 1970".[11]
Silveira, Maria de Aires – "Raúl Xavier, Cabeça, 1938". In: A.A.V.V. – Museu do Chiado: arte portuguesa 1890-1950. Lisboa: Instituto Português de Museus; Museu do Chiado, 1994, p. 278. ISBN 972-8137-02-8