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radiação que possui energia suficiente para ionizar átomos e moléculas Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Radiação ionizante é a radiação que possui energia suficiente para ionizar átomos e moléculas, ou seja, é capaz de arrancar um elétron de um átomo ou molécula. A radiação ionizante pode ser classificada como diretamente ionizante, quando composta por partículas carregadas, como elétrons, pósitrons, prótons, alfas e indiretamente ionizante quando composta por partículas sem carga elétrica, como fótons (raios X e raios gama) e nêutrons. No caso dos nêutrons, a ionização é produzida pela partícula carregada que se origina da interação deste com a matéria. A energia mínima típica da radiação ionizante é cerca de 10 eV.[2]
Os estudos sobre a radiação ionizante tiveram início no final do século XIX.
Em 1895 o físico alemão Wilhelm Conrad Roentgen, estudava os raios catódicos (que, posteriormente, foram identificados como sendo elétrons), utilizando para isso um tubo de Crookes modificado. Os raios catódicos atravessavam uma janela fina de alumínio na extremidade do tubo e provocavam uma luminescência em um anteparo especial. O que Roentgen notou, foi que afastando o anteparo, a luminescência ainda podia ser vista a uma distância de 2 m do tubo. Além disso, quando objetos, como um livro, eram colocados na frente do tubo, a luminescência ainda persistia, indicando que não podia ser causada pelos raios catódicos, pois estes eram pouco penetrantes. Em função de sua natureza desconhecida, Roentgen batizou o novo fenômeno como raios X. Em 1901, Roentgen recebeu o prêmio nobel de física.[3][4][5][6]
Um ano depois, em 1896, o físico francês Antoine Henri Becquerel, estava estudando a fosforescência do sulfato de urânio e potássio, um sal de urânio. Os experimentos consistiam em expor o composto ao sol, juntamente com um filme fotográfico envolto em um papel opaco e, posteriormente, revelar este filme. Num dia sem sol, Becquerel deixou um pouco deste material sobre o filme envolto no papel opaco guardado em uma gaveta. Posteriormente, ele revelou o filme e, para sua surpresa, verificou que havia uma mancha muito escura no local em que o sal havia ficado. Em uma comunicação à Academia de Ciências de Paris, Becquerel anuncia que o fenômeno era devido a raios emanados espontaneamente pelo material, com propriedades similares aos raios X, tendo assim descoberto a radioatividade natural.[3][4][7][8]
Em 1891, a polonesa Maria Salomea Sklodowska vem à Paris para estudar na Sorbone. Após seu casamento com o físico Pierre Curie, passa a se chamar Marie Curie. Em 1897, começa a estudar os raios de Becquerel. Descobriu que o tório também emitia raios semelhantes ao do urânio e propõe o termo radioatividade. Em 1898 ela e seu marido Pierre, isolam a partir do mineral pechblenda, dois novos elementos radioativos, o polônio e o rádio. O prêmio nobel de física de de 1903 foi divido entre Marie Curie, Pierre Currie e Becquerel.
Os efeitos biológicos da radiação podem ser classificados quanto ao mecanismo de ação: direto ou indireto.
É importante salientar que os organismos vivos possuem mecanismos de reparo do ADN, porém se o número de danos for muito alto ou se houver alguma falha no reparo, danos irreversíveis podem surgir.[11] Os efeitos biológicos podem ainda ser classificados quanto a sua natureza, em reações teciduais e efeitos estocásticos.
Um detector de radiação é um dispositivo que, quando colocado em um meio onde exista um campo de radiação, seja capaz de indicar a sua presença.[13]
Existem diversos processos pelos quais os diferentes tipos de radiações podem interagir com o meio material utilizado para medir essas radiações. Alguns desses processos envolvem a geração de cargas elétricas, a geração de luz, a sensibilização de películas fotográficas, a criação de traços (buracos) no material, a geração de calor e alterações da dinâmica de certos processos químicos. Pode-se citar alguns tipos de detectores de radiação:[13][14]
As medições da radiação ionizante são feitas utilizando-se a própria radiação ou os efeitos e subprodutos de sua interação com a matéria. As dificuldades de medição estão associadas a natureza da radiação, pois ela é invisível, inodora, insípida, inaudível e indolor.[13]
Pode-se citar algumas grandezas e unidades usadas na medição da radiação:[12]
As aplicações da radiação ionizante são inúmeras, pode-se citar algumas:
Algumas aplicações industriais que utilizam a radiação ionizante produzida por fontes radioativas ou aceleradores de partículas são:[15]
No início do século XX, quando ainda não havia maiores estudos sobre os efeitos da radiação ionizante no corpo humano, uma série de terapias com elementos radioativos (especialmente urânio, rádio e radônio) foram propostas e até mesmo comercializadas. A radiação emitida pelo rádio, por exemplo, era usada para tratar certas doenças como o lupus, câncer e doenças do sistema nervoso, embora o próprio Pierre Curie em 1903 já alertava para efeitos nocivos dessas radiações[21]. Nos Estados Unidos, apenas a partir da década de 1930 foram tomadas medidas para proibir o uso de produtos com substâncias radioativas prejudiciais à saúde. A despeito disso, até a década de 1940, uma empresa americana ainda comercializava medicamentos na forma de pomadas, comprimidos e supositórios contendo elementos radioativos.[22]
De uma maneira geral, as aplicações das radiações ionizantes na medicina compreendem um campo genericamente denominado radiologia, que por sua vez compreendem:[12]
Os níveis naturais de radiação ionizante constituem a chamada radiação de fundo. Sua existência se deve à presença de radionuclídeos, tais como 40K, 238U e 232Th na atmosfera, hidrosfera e litosfera, e aos raios cósmicos, que atingem a Terra vindos do espaço. Uma porção menos importante da radiação de fundo é devida a radionuclídeos de meia-vida curta formados nas camadas superiores da atmosfera e na interação de gases atmosféricos com raios cósmicos.[24]
Diferentes tipos de rocha emitem diferentes intensidades de radiação, e alguns radionuclídeos, em especial o 40K, são encontrados em organismos vivos.
A ação antrópica pode modificar essa radiação de três maneiras principais: redistribuindo radionuclídeos artificiais, liberando no ambiente os radionuclídeos resultantes da produção de energia por fissão nuclear e também, pela produção, uso e descarte de radionuclídeos, artificiais e naturais, na ciência, medicina e indústria.[24]
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