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Em linguística e gramática, os mostrativos ou demonstrativos são palavras que indicam ou especificam, de forma dêitica ou anafórica, a que entidades o falante se refere em seu discurso.
A classe, proposta pela primeira vez na gramática da língua portuguesa por Ataliba de Castilho em 1993[1], agrupa as palavras tradicionalmente classificadas como pronomes demonstrativos, pronomes pessoais de terceira pessoa e artigos definidos.[2] Dentre as motivações para agrupá-las em uma única classe gramatical estão, além das funções afins no discurso, o fato de elas não concorrerem (uma não pode estar onde já está a outra)[3] e o fato de se originarem da mesma classe gramatical do latim, a dos demonstrativos.[2]
Os mostrativos têm a função primordial de "mostrar", em partes do discurso, objetos pertinentes ao mesmo, quer estejam no ambiente que envolve o falante e/ou o ouvinte, apontando para um objeto do mundo (Esta casa é muito bonita!) ou no próprio universo do discurso, apontando para um termo citado em outra parte do texto (ao comprar a casa, foi fundamental que esta fosse bem localizada). A primeira função, para fora do texto, é chamada dêixis; a segunda, anáfora.[4]
Além disso, eles podem funcionar como determinantes, com função adjetiva:
ou como pronomes, com função substantiva:[5]
Por fim, os mostrativos podem exercer os papéis sintáticos de sujeito, objeto direto, objeto indireto ou complemento oblíquo.[6]
Trata-se do principal grupo de mostrativos, usados tanto como índices dêiticos quanto como proformas anafóricas (deste uso vem sua classificação tradicional como 'pronome'). Classicamente se classificam em três níveis de distância:
Essas três classes derivaram dos demonstrativos latinos – respectivamente, dos demonstrativos mediais (iste, ista, istud), reflexivos (ipse, ipsa, ipsum) e distais (accu-ille, accu-illa, accu-illud).[7]
Hoje em dia, é consensual que tais distinções de pessoa se enfraqueceram em português e, portanto, não são mais seguidas à risca.[8][9][10] No entanto, os três níveis de distância sobreviveram nos advérbios de lugar (aqui / aí / lá), que passaram a ser usados junto com os demonstrativos, para indicar a distância: Esse carro aí é seu? ; Essa aqui é a minha casa!.[11]
Também fazem parte da classe dos mostrativos os artigos definidos e pronomes oblíquos de terceira pessoa: o(s), a(s). Eles derivaram dos demonstrativos latinos distais no acusativo (illum, illam → lo, la).[7]
Os artigos definidos são marcadores necessariamente associados aos substantivos, que exercem principalmente uma função identificatória (para referir-se a nomes já mencionados ou a nomes universalmente conhecidos) ou classificatória (pois qualquer palavra, precedida de artigo, torna-se substantivo: o bem, o três, o porquê, etc.).Quando identificadores, eles atuam de forma dêitica, apontando para objetos conhecidos (o Brasil, a Lua, etc.), ou de forma anafórica, retomando nomes já mencionados (Era uma vez uma bela rainha. Certo dia, a rainha / aquela rainha / tal rainha ficou muito doente).[12]
Os pronomes oblíquos de terceira pessoa possuem a mesma origem que os artigos definidos, assumindo a função substantiva de substituir um nome já mencionado (pronome): O rei se chamava João; um dia um dragão devorou o rei / devorou-o.[13]
Os pronomes de terceira pessoa são ele (eles), ela (elas), lhe, além dos mencionados o (os), a (as). Ao contrário dos pronomes retos de primeira e segunda pessoa, já existentes na língua latina como índices dêiticos específicos, os pronomes de terceira pessoa derivaram todos dos demonstrativos distais latinos no nominativo (ille, illa → ele, ela), acusativo (illum, illa → o, a) e dativo (ille → lhe).[7] Além disso, diferente dos índices de primeira e segunda pessoa, os de terceira pessoa atuam de forma principalmente anafórica e substantiva, substituindo termos já citados.[14]
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