Hôtel de Ville (Paris)
Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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O Hôtel de Ville de Paris (Paço municipal de Paris, Prefeitura da cidade de Paris, Prefeitura de Paris ou Câmara municipal de Paris) abriga as instituições do governo municipal de Paris.
Hôtel de Ville | |
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Tipo | Paços do concelho |
Estilo dominante | Neorrenascença |
Arquiteto(a) | Théodore Ballu, Édouard Deperthes |
Inauguração | 1357 1533(expansão) |
Restauro | 1892 (reconstrução) |
Geografia | |
País | França |
Cidade | Paris |
Coordenadas | 48° 51′ 23″ N, 2° 21′ 08″ L |
Localização em mapa dinâmico |
O edifício fica na Praça do Município (Place de l'Hôtel-de-Ville, anteriormente chamada Place de Grève), no 4º arrondissement de Paris. É a sede municipal desde 1357. A sua arquitetura é da época renascentista, período em que sofreu uma grande remodelação por obra do arquitecto italiano Domenico da Cortona, dito Boccador. Foi ainda totalmente reconstruído depois de um incêndio em 1871, mantendo o aspecto original. Encontra-se na margem norte do Sena e é considerado um marco turístico tanto pelos franceses como pelos estrangeiros.
É utilizado para múltiplos propósitos: aloja a administração da cidade, é o local de trabalho e reuniões do presidente do município (desde 1977) e também serve para acolher grandes recepções. A Place de Grève, rebaptizada Place de l'Hôtel-de-Ville em 19 de Março de 1803, tornou-se num espaço reservado aos peões em 1982.
Paris teve diversas insurreições, e o Hôtel de Ville foi frequentemente ponto de reunião de insurgentes, amotinados e revolucionários. O Hôtel de Ville é um lugar cheio de história, tendo servido de palco a acontecimentos que vão de Étienne Marcel à Fronde, da revolução francesa aos dias revolucionários de 1830 e 1848, da Comuna de Paris à Libertação de Paris.
Em julho de 1357, Étienne Marcel, provost dos mercadores de Paris, comprou a chamada "maison des piliers" (Casa dos Pilares) em nome do município, numa praia de cascalho suavemente inclinada, a qual servia como porto fluvial para descarregar trigo e madeira e que, mais tarde, se transformou numa praça, a Place de Grève, um lugar onde os parisienses se reuniam frequentemente, em particular para execuções públicas. Desde então, a administração da cidade de Paris esteve sempre situada no mesmo local onde se ergue actualmente o Hôtel de Ville. No século XIII o município parisiense estava instalado no "Parloir aux Bourgeois", perto do Grand Châtelet, antes de ter sido transferido, no início do século XIV, para o monte Sainte-Geneviève.
Em 1533, o rei Francisco I decidiu dotar a cidade com um paço municipal que fosse digno de Paris, então a maior cidade da Europa e da Cristandade. Para isso, nomeou dois arquitectos: o italiano Domenico Bernabei da Cortona, apelidado de Boccador devido à sua barba vermelha, e o francês Pierre Chambiges. A transformação da maison des piliers num verdadeiro palácio começou em 1533. A casa primitiva foi demolida e Boccador, imbuido no espírito do Renascimento, desenhou os planos dum edifício que era ao mesmo tempo alto, espaçoso, cheio de luz e refinado. O trabalho de construção só terminou em 1628, durante o reinado de Luís XIII.
Durante os dois séculos seguintes, nenhumas alterações foram feitas ao edifício, o qual serviu de palco a vários acontecimentos famosos durante a revolução francesa, nomeadamente o assassinato do último provost dos mercadores, Jacques de Flesselles, pela multidão enfurecida, no dia 14 de Julho de 1789, e o golpe de 9 Termidor, quando Robespierre foi alvejado na mandíbula e aprisionado no Hôtel de Ville com os seus seguidores. Posteriormente, em 1835, por iniciativa de Claude-Philibert Barthelot, Conde de Rambuteau, prefeito do departamento do Sena, acrescentaram-se duas alas ao edifício principal que foram ligadas à fachada por uma galeria, de forma a providenciar mais espaço para o governo da cidade em expansão. No entanto, as várias extensões efectuadas entre 1835 e 1850 preservaram a fachada do Renascimento.
Durante a Guerra Franco-Prussiana, o edifício desempenhou um papel chave em vários eventos políticos. No dia 30 de Outubro de 1870, revolucionários invadiram o edifício e capturaram o Governo de Defesa Nacional, enquanto faziam repetidas exigências para o estabelecimento dum governo communard. O governo exigente foi regatado por soldados que invadiram o Hôtel de Ville via um túnel subterrâneo construído em 1807, o qual ainda liga o palácio com um quartel vizinho. No dia 18 de Janeiro de 1871, multidões reuniram-se no exterior do edifício para protestar contra a especulada rendição aos prussianos, sendo dispersas por soldados que disparavam do interior, o que fez várias vítimas.
A Comuna de Paris escolheu o Hôtel de Ville como seu quartel-general e, como tropas anti-comuna se aproximavam do edifício, extremistas da comuna incendiaram o palácio, destruindo para sempre quase todos os registos públicos existentes do período revolucionário francês. O fogo esventrou o edifício, deixando apenas uma carcaça de pedra.
A reconstrução do palácio municipal durou de 1873 a 1892 e foi dirigida pelos arquitectos Théodore Ballu e Édouard Deperthes, escolhidos através dum concurso de arquitectura. A fachada renascentista foi reconstruída tal como o desenho original. Ballu também construiu a Igreja da Santíssima Trindade, no 9º arrondissement, e o campanário da câmara municipal no 1º arrondissement, oposto à fachada leste do Louvre. Também restaurou a Tour Saint-Jacques, uma torre gótica de igreja que se ergue numa praça 150 metros a oeste do Hôtel de Ville.
Os arquitectos reconstruíram o interior do Hôtel de Ville dentro da carcaça de pedra que tinha sobrevivido ao incêndio. Embora o Hôtel de Ville reconstruído seja, visto do exterior, uma cópia do edifício renascentista francês do século XVI que se erguia antes de 1871, o novo interior foi baseado num desenho inteiramente novo, com salas cerimoniais luxuosamente decoradas no estilo da década de 1880.
As portas cerimoniais centrais sob o relógio são flanqueadas por figuras alegóricas da Arte, por Laurent Marqueste, e da Ciência, por Jules Blanchard. Outras 230 esculturas foram encomendadas em cada fachada para reproduzir 338 figuras individuais de parisienses famosos juntamente com leões e outros elementos escultóricos. Entre os escultores contam-se proeminentes académicos, como Ernest-Eugène Hiolle e Henri Chapu, mas o mais famoso foi claramente Auguste Rodin. Rodin produziu a figura do matemático setecentista Jean le Rond d'Alembert, terminada em 1882.
A estátua na parede do jardim do lado sul é de Étienne Marcel, o mais famoso detentor do posto de prévôt des marchands (provoste dos mercadores), cargo que precedeu o de presidente da câmara. Marcel teve um final infeliz, linchado em 1358 por uma multidão enfurecida, depois de tentar afirmar os poderes da cidade de forma um pouco mais enérgica.
A decoração apresenta murais feitos pelos principais pintores da época, incluindo Raphaël Collin, Jean-Paul Laurens, Puvis de Chavannes, Henri Gervex, Aimé Morot e Alfred Roll. A maior parte deles ainda pode ser visto como parte duma visita guiada ao edifício.
Desde a revolução francesa, o edifício tem sido cenário de vários eventos históricos, nomeadamente a proclamação da Terceira República Francesa em 1870 e o famoso discurso de Charles de Gaulle no dia 25 de Agosto de 1944, durante a Libertação de Paris quando saudou a multidão a partir duma janela da frente.
O Hôtel de Ville foi durante muitos anos o feudo de Jacques Chirac, Presidente da França entre 1995 e Maio de 2007, e foi o cenário dum escândalo centrado tanto em empregos ilegais dados a membros do partido de Chirac como num extravagante orçamento para entretenimento.
O actual presidente da câmara, Bertrand Delanoë, um socialista e o primeiro líder da cidade abertamente homossexual, partilha algumas das ambições de Marcel e quase partilhou o seu destino. Foi esfaqueado no edifício em 2002, durante a primeira Nuit Blanche - festival de toda a cidade sem dormir toda a noite - quando as portas do desde há muito inacessível edifício foram abertas ao público. No entanto, Delanoë recuperou e não perdeu o seu entusiasmo pelo acesso, convertendo mais tarde os sumptuosos apartamentos privados do presidente da câmara numa creche para os filhos dos trabalhadores municipais.
A fachada principal está decorada com personalidades destacadas da cidade de Paris, como artistas, políticos, cientistas, filósofos ou empresários. Por ordem alfabética, são os seguintes:[1]
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